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Na Campus Party; mulheres buscam espaço no setor de tecnologia

Garotas que participam do evento reclamam que os homens são machistas quanto à participação de mulheres nos games, startups e outras empresas do setor de tecnologia

Por Agências
Atualização:

EFE

 

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Entre milhares de computadores e 8 mil loucos por tecnologia, dezenas de mulheres buscam estabelecer um espaço feminino na nona edição da Campus Party, evento de tecnologia e cultura digital que acontece até o próximo domingo em São Paulo. A maior parte dos presentes, concentrados em aproveitar uma velocidade de 40 gigabits por segundo de internet para jogar, fazer downloads e assistir à série de palestras e debates do evento, garante que não estão preocupados com questões de igualdade entre os sexos.

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Mas é difícil encontrar um grupo de “campuseiros”, como são chamados os participantes da Campus Party, no qual haja mais de duas mulheres sem companhia, seja de amigos ou de namorados. Gabriela Macedo, de 17 anos, é uma das jovens que participa do evento pela primeira vez, acompanhada do namorado. “Tecnologia, jogos e o universo ‘geek’ ainda estão muito dominados pelos homens”, disse a “campuseira”, para depois revelar que chegou a ser assediada em algumas ocasiões em que tentou jogar online.

“Os homens ‘nerds’, especialmente, se sentem incomodados com as mulheres. Em geral, como passam mais tempo no mundo virtual, ficam à vontade para fazer o que quiserem”, afirmou Gabriela.

Ana Marinato, estudante de 27 anos que trabalha com desenvolvimento de software, foi ao evento pela segunda vez, mas também destaca o predomínio masculino no território da cultura “geek”. “Os homens se deparam com mulheres que estão interessadas na tecnologia como se fosse algo pouco comum. É um espaço que estamos começando a conquistar e, como sempre, há aqueles com vontade de reprimir isso. Não podíamos trabalhar, votar e, até agora, não podíamos jogar”, afirmou Ana.

Já Caroline Souza, estudante de Letras, de 21 anos, que também foi à Campus Party pela segunda vez, disse que sempre foi desestimulada a se interessar por videogames. “Meus irmãos mais velhos não me deixavam jogar. A dominação machista ocorre quando dizem que jogar videogame é coisa de homem. Acredito que é por medo de perder espaço. Somos nós quem temos que encontrar uma maneira de entrar nesse universo”, destacou.

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Startups. As mulheres também dizem se sentir “oprimidas” por ser uma minoria em um mundo masculino na área de incubadoras de startups, local que reúne empresas de inovação em busca de financiamento.

Esse é o caso de Renata Aquino, representante da Simple Guest, uma plataforma que utiliza a plataforma Airbnb como um serviço de colaboração para gestão, anúncio e aluguel de imóveis. “O machismo sempre foi um problema para as mulheres que trabalham com a inovação e a tecnologia. O ambiente continua sendo muito machista. Frequentemente, quando me reúno com o diretor de uma empresa, as pessoas sempre se dirigem ao homem em vez de mim”, criticou. Para combater esse preconceito, Renata afirma que trabalha em segredo para tentar atrair mais mulheres para o mercado de inovação por meio de reuniões.

Letícia Loureiro, representante da plataforma colaborativa de moda Beyoy, afirma que o universo tecnológico ainda é muito machista. “Nas redes sociais, sobretudo, é possível ver bastante disso. Nós, as mulheres, somos rebaixadas, não nos levam a sério”, comentou.

A 9ª edição da Campus Party teve início na terça-feira e se encerra no domingo. A organização espera a presença de 120 mil visitantes.

/EFE

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