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‘Não quero as pessoas na frente da tela’

Com 175 milhões de usuários em todo o mundo, Pinterest quer que as pessoas tenham ideias para vida ‘offline’

Por Bruno Capelas
Atualização:
Cofundador do Pinterest, Silbermann quer criar sistema de busca por imagens Foto: NILTON FUKUDA/ESTAD?O

Quando era criança, Ben Silbermann gostava de colecionar insetos e cartões de beisebol. Adulto, ele mudou sua missão: quer ajudar as pessoas a organizar suas coleções de ideias, dando sugestões para melhorá-las e transformá-las em realidade. “Vemos o Pinterest como uma ferramenta para desenhar partes do seu dia a dia”, explica Silbermann, cofundador e presidente executivo da plataforma, fundada em 2010.

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Hoje, a empresa tem 175 milhões de usuários em todo o mundo. A maioria deles, segundo Silbermann, são mulheres, entre os 25 e os 40 anos, interessadas em temas como comida, moda e estilo de vida. Tal público deu ao Pinterest a aura de um produto de nicho – algo que o executivo rejeita e busca mudar. 

“As pessoas usam nossa plataforma para escolher o que vão comer e vestir. São preocupações universais, e aos poucos os homens vão entrando na plataforma”, diz o americano, que conversou com o Estado no escritório da empresa no Brasil. 

Inaugurada há pouco mais de dois anos, a sede em São Paulo tem hoje dez funcionários, empenhados em deixar o Pinterest com a cara e os gostos dos brasileiros. A empresa não revela números, mas dados da consultoria comScore dizem que 13 milhões de pessoas usam o sistema no País mensalmente.

Além de conquistar os brasileiros, Silbermann tem outra missão próxima para o Pinterest: fazer com que a busca por imagens seja algo tão fácil quanto a de palavras chave. “Queremos criar um sistema que deixe o usuário mandar uma foto de algo que ele gosta e receba recomendações de coisas parecidas, sem precisar pensar nas palavras exatas para encontrar o que quer”, explica.A seguir, confira os principais trechos da entrevista: 

O sr. descreveu o Pinterest como “catálogo de ideias”, e não como uma rede social. Por quê? 

Vemos o Pinterest como uma ferramenta para desenhar partes do seu dia a dia. O que você vai vestir, o que vai comer ou como vai ser sua casa. É um momento em que o usuário pensa nele mesmo, e não na vida dele com os amigos.

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Como o sr. usa o Pinterest? 

Eu pesquiso receitas, ideias de presentes para minha esposa ou brincadeiras que posso fazer com meus filhos. Muita gente usa para se inspirar em modelitos novos – não é o meu caso. Mais do que apenas juntar referências, damos recomendações: se mostro que gostei de uma receita de frango, o aplicativo me sugere outras. 

Mas há um lado social na plataforma, não? 

Há. Você pode fazer coleções públicas e dividi-las com seus amigos. Mas o melhor jeito de pensar no Pinterest é compará-lo com outras plataformas que você usa para ter ideias. Pense no Google: você precisa achar as palavras exatas para encontrar o conteúdo que quer. No Pinterest, queremos fazer isso com imagens. Minha ambição no futuro é ter um sistema de busca com imagens, na qual o usuário possa tirar uma foto e receber sugestões de coisas parecidas.

Um comentário comum é que o Pinterest é um app para públicos de nicho. Como o sr. vê isso? 

O principal jeito que as pessoas usam o Pinterest é para desenhar seu dia a dia. Todo serviço tem de começar em algum lugar e crescer, mas temos uma solução universal. Nos últimos tempos, percebemos que os casos de uso nos países são parecidos, mas os gostos são diferentes. No Brasil, o principal ingrediente no Pinterest é a couve-flor – em outros países, são feijões verdes. Outra coisa que está muito forte no Brasil é a sombra de tons azuis.

Como está a operação do Pinterest no Brasil? 

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Temos crescido muito. Triplicamos nosso tamanho nos últimos 12 meses. Ter um escritório e uma equipe local ajuda muito. Nós crescemos diferentemente de uma rede social. Uma rede social cresce porque você entra e convida seus amigos. Nós somos mais lentos: você entra, descobre um jeito útil de usar o Pinterest e aí divulga. 

Como vocês ganham dinheiro?

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Com anúncios. Hoje, só temos anúncios em países de língua inglesa – ainda não temos previsão de quando teremos publicidade no Brasil. Queremos focar primeiro em crescer nossa base de usuários no País. Mas anúncios funcionam bem para nós: as marcas fazem propaganda porque querem chamar atenção dos usuários para seus produtos. As pessoas estão no Pinterest porque querem ideias para comprar. 

Em cinco anos, como o sr. saberá que é bem sucedido com o Pinterest? 

A minha principal esperança com o Pinterest é que fiquemos bons em dar sugestões para a vida de nossos usuários. Queremos reduzir o trabalho das pessoas em tentar e arriscar com coisas novas. Afinal, às vezes, é muito difícil para as pessoas sair da rotina. Além disso, eu tenho outra missão: nosso trabalho no Pinterest é dar ideias para que as pessoas possam passar mais tempo offline, investindo nos seus hobbies. Muitas empresas querem manter o usuário na frente da tela. Eu quero o oposto disso. Não adianta nada fazer uma coleção de ideias e passar o dia inteiro olhando para elas. Queremos algo real.

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