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No Brasil, 73% dos professores usam internet em sala de aula

Pesquisa feita pelo Comitê Gestor da Internet com escolas das áreas urbanas mostra escolas conectadas, mas sem aproveitar potencial pedagógico da tecnologia

Por Bruno Capelas
Atualização:
96% das escolas brasileiras em áreas urbanas estão conectadas à internet Foto:

Aproximadamente três em cada quatro professores do Brasil usam internet em suas aulas. Segundo a pesquisa TIC Educação, realizada pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), ligado ao Comitê Gestor da Internet, 96% das escolas estão conectadas à internet, 73% dos professores do País já utilizaram a rede em alguma de suas aulas. No entanto, apesar da alta conectividade, boa parte dos professores não consegue aproveitar o potencial da tecnologia para o ensino. 

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Realizada entre setembro e dezembro de 2015, e revelada na manhã desta quinta-feira, 29, em São Paulo, a pesquisa ouviu 900 escolas, cerca de 1,6 mil professores e mais de 9 mil alunos em áreas urbanas do território nacional – abrangendo cerca de 80% dos estudantes matriculados no Ensino Fundamental e Ensino Médio de todo o País.

Uma boa notícia é a de que a vasta maioria dos professores e dos estudantes ouvidos pelo estudo do NIC.br estão conectados à internet de alguma forma: na rede pública de ensino, 98% dos professores e 83% dos alunos acessaram a rede pelo menos uma vez nos últimos três meses – nas escolas privadas, esse dado salta para 100% dos professores e 94% dos alunos. 

No entanto, apesar da alta conectividade, poucos ainda utilizam a internet em seu amplo potencial pedagógico: segundo a pesquisa, as principais atividades feitas com apoio da rede são pesquisas escolares (59%), trabalhos em grupo (54%) e exposição simples de aulas (50%). 

Atividades mais interativas, como produção de planilhas e gráficos (22%) ou jogos educativos (31%) ainda são usados por poucos profissionais. "Embora a gente tenha quase duas décadas de fomento da tecnologia como instrumento pedagógico, ainda temos muitos desafios, e eles vão além da disponibilidade da tecnologia", avalia Alexandre Barbosa,gerente do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), ligado ao NIC.br. 

Para Barbosa, essa disparidade entre as atividades está diretamente ligada à capacitação dos professores. “Muitas vezes, o professor está conectado, mas não tem uma preparação pedagógica para realizar atividades complexas com tecnologia junto aos alunos.” Um dado que ajuda a comprovar essa teoria é a de que apenas 39% dos professores do País tiveram alguma disciplina ou orientação, durante seu período de graduação, sobre como usar a tecnologia em sala de aula. Além disso, as cinco principais formas de aprendizagem e atualização dos docentes, como mostrado pela pesquisa, são todos feitos de forma informal (sozinho, com auxílio da internet ou de colegas), tanto na rede pública como na privada. 

Na mão. Outro aspecto que se destaca na pesquisa feita pelo NIC.br é a presença do celular como dispositivo de acesso à internet pelos estudantes e professores – reiterando a importância do aparelho, como já mostrou a pesquisa TIC Domicílios, também realizada pelo núcleo, na qual o celular apareceu pela primeira vez como principal aparelho usado pelos brasileiros para acessar a internet. 

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Segundo a pesquisa, 78% dos alunos (75% nas escolas públicas e 87% nas escolas privadas) acessam a internet em seus celulares – já entre os professores, essa proporção vai para 85% dos profissionais (82% na rede pública, 92% nas instituições particulares). Dado que boa parte dos estudantes têm um celular na mão, uma alternativa seria utilizar o aparelho como principal dispositivo de apoio durante as aulas. Há muitas instituições de ensino que têm redes Wi-Fi: 84% nas escolas públicas e 94% nas escolas privadas.

No entanto, há diversas restrições de uso: apenas 35% das escolas privadas e 22% das escolas públicas disponibilizam redes sem fio para os alunos dentro das escolas. 58% das escolas privadas e 62% das públicas só deixam o Wi-Fi para atividades de gestão e/ou professores. 

“A principal razão para as escolas não compartilharem a senha com os alunos está ligada diretamente à baixa velocidade dos planos de banda larga dos colégios”, explica Barbosa. Segundo a TIC Educação, 48% das escolas conectadas do País têm planos contratados de até 5 Mbit/s – para efeitos de comparação, é a velocidade recomendada pelo Netflix para que um usuário seja capaz de assistir um vídeo em resolução HD. 

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