Nova versão do Plano Nacional de Internet das Coisas sai em outubro

Documento vai trazer resultados de pesquisa contratada por R$ 17,5 milhões para mapear oportunidades e áreas prioritárias selecionadas pelo governo

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Por Claudia Tozzeto
Atualização:
Gilberto Kassab, ministro daCiência, Tecnologia, Inovaçãoe Comunicações Foto: Daniel Teixeira/Estadão

O Plano Nacional de Internet das Coisas, anunciado pelo governo em dezembro do ano passado, vai ganhar sua versão final no início de outubro. O documento reúne diretrizes para impulsionar a criação de novas tecnologias de “internet das coisas” -- apelido dado à revolução que vai conectar todos os objetos à nossa volta -- no País entre 2018 e 2022. A apresentação do documento final está programada para acontecer durante a Futurecom, maior feira e congresso de telecomunicações da América Latina, que será realizada em São Paulo entre os dias 2 e 5 de outubro.

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O plano é ambicioso e tenta colocar o Brasil em posição de liderança no segmento. Representantes do grupo de trabalho já foram convidados, por exemplo, para apresentar a experiência brasileira em países como Estados Unidos e China. “Se o governo se manter na liderança e tomar decisões rápidas e eficazes, o Brasil pode sair na frente de outros países”, diz o consultor da McKinsey, Paulo Fernandes. “Apostar em uma agenda focada no desenvolvimento de novas tecnologias pode ser a saída para a crise.”

Mas há um problema: faltam recursos para tirar as diretrizes do papel e transformá-las em realidade devido à crise fiscal. Thales Marçal, coordenador geral da Secretaria de Políticas de Informática (Sepin) do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), sustenta que parte do plano não depende de investimentos. “As questões que dependem de orçamento talvez não sejam priorizadas no curto prazo”, afirmou Marçal, em entrevista ao Estado. “Mas esses investimentos não podem deixar de ser indicados no plano para os próximos anos, no caso de a economia melhorar.”

Novidades. O plano, que teve sua versão preliminar anunciada às pressas em fevereiro, está mais robusto perto do lançamento, graças a uma pesquisa encomendada pelo BNDES no valor de R$ 17,5 milhões. Durante apresentação no primeiro dia do Painel Telebrasil, promovido pela Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil), em Brasília, Distrito Federal, o grupo que trabalha no plano -- que inclui integrantes do BNDES, da consultoria McKinsey e do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) -- detalhou as áreas mais promissoras identificadas ao longo dos últimos nove meses. São quatro: cidades inteligentes, saúde, agronegócio e indústria.

Em cidades inteligentes, o estudo indica que é preciso desenvolver tecnologias que ajudem a melhorar a mobilidade urbana, a segurança pública e a tornar mais eficiente o uso de recursos, como água e energia elétrica. “A internet das coisas vai ajudar as prefeituras a usar seus recursos de forma mais eficiente”, disse Fernandes. “Esta é uma das áreas onde está o maior valor.”

Na área da saúde, o plano destaca que a criação de sistemas de monitoramento de doentes crônicos, por meio do uso de dispositivos vestíveis, também está no alvo. Em agricultura, a ideia é tornar mais eficiente o uso de recursos naturais e maquinários. Já na indústria, o foco das tecnologias criadas no Brasil estará no aumento da capacidade, na manutenção preditiva e na gestão da cadeia de suprimentos.

Além disso, o estudo aponta áreas que têm impacto em todos os segmentos da internet das coisas, como formação de pessoal, privacidade dos dados coletados pelos dispositivos e regulamentação. O grupo também sugere a criação de centros de desenvolvimento de novas tecnologias focados em cada uma das áreas, que terão o papel de agregar os interessados no tema, entre eles pesquisadores, investidores e startups.

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Com as recomendações em mãos, o governo agora define quais serão as áreas que devem ser priorizadas pelo governo. Ainda não há, porém, definição do montante mínimo necessário para transformar o plano em realidade e quais as fontes de recursos viáveis. Além disso, o grupo faz reuniões com outros ministérios para entender de que maneira as novas tecnologias desenvolvidas no âmbito do projeto podem ser integradas a projetos em andamento e que já são prioridades para a administração federal.

*A repórter viajou a Brasília a convite da Telebrasil

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