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Opinião|O plano do Facebook

Realidade aumentada começará a fazer parte de nosso cotidiano e matará os nossos celulares

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Facebook está usando desde a última quinta-feira, 3, inteligência artificial para traduzir textos Foto: REUTERS/Stephen Lam/File Photo

O Facebook tem um aplicativo de câmera. A gente nem se dá conta, mas ele está lá, discretamente embutido em inúmeros apps. Sempre que batemos uma foto de dentro do Facebook ou do Messenger no celular, é este aplicativo que usamos. Embora tão discreta que passa despercebida, a câmera está no centro da estratégia da empresa de Mark Zuckerberg para os próximos cinco anos. É um projeto ambicioso, que aposta no confronto com Google e Apple de frente e pode terminar com inúmeros aparelhos, como a televisão. Ou o próprio smartphone.

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Smartphones já atingiram o ponto de maturidade tecnológica. É o momento em que computadores estavam na virada do século. Quando uma tecnologia está madura, ela perde a capacidade de surpreender. Celulares ficarão mais rápidos, mais leves e finos, uns truquezinhos novos aparecerão. E, no entanto, um lançamento após o outro deixará aquela impressão de que já nos empolgamos mais com as novidades. Pois o Vale do Silício está em busca da nova novidade.

Na conferência F8 que ocorreu esta semana, Zuck anunciou que a câmera do Facebook é uma plataforma. Ela ganhou sofisticados recursos de realidade aumentada. Aponte a câmera para um cenário e ela reconhece onde estão rostos, entende profundidade, sabe a localização precisa daquele ponto no mapa.

A câmera é como um motor sobre o qual programadores podem construir. É uma plataforma. Podem imaginar aplicativos e não precisam desenvolver todos os recursos para compreender o espaço. Esta arquitetura já existe. Assim, o próximo Pokémon Go pode surgir dentro do Facebook, criado por um programador autônomo.

O recurso imediato mais perceptível não passa de uma brincadeira. A capacidade de aplicar batom virtual, um chapéu engraçado, ou tintas com as cores de um clube nas bochechas de quem é fotografado. É o uso mais primitivo de realidade aumentada. Jogos que põem objetos e pistas virtuais no ambiente por certo também aparecerão. E não é difícil imaginar uma visita ao restaurante novo e, sobreposto sobre o menu real, recomendações pelas notas de amigos que já estiveram lá.

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Conforme os celulares com duas câmeras comecem a ficar mais comuns e os aparelhos ganhem rapidez, a capacidade de inserir objetos que não existem no espaço real vai se sofisticar. É coisa para dois ou três anos. Realidade aumentada começará a fazer parte de nossos cotidianos. E é neste ponto que começará a matar nossos celulares.

Sim: a câmera é como um parasita que cresce no hospedeiro para depois matá-lo sem piedade. Porque se toda a tecnologia será desenvolvida em smartphones, o passo seguinte é encontrar sua interface ideal. Não um aparelho na palma da mão, mas outro, na frente dos olhos. Um par de óculos, com cara comum e, no entanto, com lentes que projetam imagens. O substituto do celular, na visão de Mark Zuckerberg, é um par de óculos para o qual damos comandos de voz e que põe imagens na nossa frente.

É uma tecnologia radical e matadora. Quantos aparelhos de nosso cotidiano, pergunta Zuck, precisam realmente existir fisicamente? Para que gastar milhares de reais numa TV sofisticada se um app de US$ 1 pode criar uma tela virtual muito maior e de alta resolução em qualquer parede?

A visão não é só dele. Apple, Google e Microsoft têm investimentos pesados em tecnologias que apontam o mesmo caminho. A diferença é que o Facebook acaba de dar um primeiro passo ousado: a plataforma para que desenvolvedores em todo o mundo comecem a trabalhar. Se no próximo ano ou dois muita coisa diferente surgir dentro da rede social, a aposta terá dado certo e o Facebook sairá na frente para se definir como o centro da nova tecnologia.

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