Teste mostra virtudes e problemas dos assistentes virtuais

Todas as grandes empresas já apresentaram seus assistentes virtuais, mas eles ainda apresentam graves problemas de execução

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Por Redação Link
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por Brian Chan, do ‘The New York Times’

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Quando perguntei recentemente a Alexa quem iria jogar no Super Bowl, ela respondeu de modo quase monótono: “O ganhador do 49º Super Bowl é o New England Patriots”.

“Ah, mas esse foi o Super Bowl do ano passado. Até eu posso fazer melhor do que isso”, falei.

Naquela hora, estava na verdade sozinho em minha sala de estar. Falava com a assistente virtual do speaker sem fio da Amazon, o Echo, que foi lançado em junho. Conhecida como Alexa, ela foi saudada com empolgação pela elite obcecada por tecnologia do Vale do Silício e se tornou um dos novos membros do clube de assistentes virtuais.

Todos os chamados Cinco Temidos gigantes da tecnologia – Apple, Microsoft, Amazon, Facebook e Google, agora parte da Alphabet – oferecem assistentes virtuais, que lidam com tarefas entediantes como resposta a comandos de voz ou entradas no teclado a partir de vários equipamentos. O mais conhecido é a Siri, da Apple, disponível desde 2011, mas a Microsoft tem a Cortana, o Facebook está testando um chamado M e o Google colocou seu assistente de voz em seus aplicativos.

Essas empresas estarão apresentando os resultados de seus progressos nas próximas semanas por meio de relatórios de ganhos quadrimestrais, por isso, esta é a melhor hora para distribuir os boletins de seus assistentes artificialmente inteligentes. Com isso em mente, montei testes para os assistentes e dei notas para suas habilidades para resolver 16 tarefas de categorias que a maioria dos clientes normalmente gosta: música, produtividade, viagem e transporte, alimentação, diversão e interesses como esportes.

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No final, nenhum dos assistentes ganhou uma nota que deixaria um pai mais severo orgulhoso. Aqui está como eles se saíram, em média, em uma escala até quatro.

– Google (Google): 3,1

– Siri (Apple): 2,9

– Cortana (Microsoft): 2,3

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– Alexa (Amazon): 1,7

A Apple foi a mais forte em tarefas de produtividade como marcações no calendário e e-mail; o Google foi melhor em viagens e tarefas relacionadas ao transporte. Alexa se destacou em música, e o Cortana se mostrou medíocre em todas as áreas. O Facebook foi deixado de lado do sistema de notas porque a empresa me negou acesso ao M, embora eu tenha interagido com ele por duas horas com ajuda de um amigo. Mas falarei mais sobre isso depois.

A Apple afirmou que a Siri “se tornou mais rápida e esperta” e fala mais línguas do que os outros assistentes. A Microsoft explicou que estava “apenas arranhando a superfície” de como o Cortana pode ajudar as pessoas. O Google disse que queria que os smartphones fizessem mais do que o trabalho pesado e que os usuários podem fazer uma série de coisas apenas falando com o assistente. A Amazon não respondeu aos pedidos de comentários.

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No quesito produtividade, a Siri, convocada pela pressão do botão home do iPhone ou ao se dizer “Oi, Siri”, foi a mais capaz de agendar um encontro com um amigo no Havaí, checar o que havia no meu calendário para amanhã e ler em voz alta a maior parte dos meus e-mails recentes. Outros conseguiram completar apenas algumas dessas tarefas – o Google não conseguiu ler meu último e-mail, e a Alexa não teve habilidade para escrever um e-mail ou criar um evento no meu calendário.

Siri também foi bem em tarefas relacionadas à música, mas foi superada pela Alexa. As duas assistentes conseguiram tocar a canção “Hey” do Pixies, do último episódio do podcast “Radiolab” e encontrar a música no modo instrumental. Mas a Alexa, que começa a funcionar simplesmente quando dizemos “Alexa”, pode encontrar uma estação de música específica no Pandora, enquanto a Siri conseguiu apenas abrir o aplicativo.

O Google, que colocou o assistente controlado por voz dentro do aplicativo móvel do Google, conseguiu as notas mais altas ao completar as tarefas relacionadas à viagem e transportes. Respondeu perfeitamente à questão “Como está o trânsito até a Rua Principal, 221?”, me mostrando quanto tempo levaria para ir até lá de carro.

Para tarefas relacionadas à alimentação, o Google e a Apple empataram. Cada um dos assistentes conseguiu encontrar uma lista de restaurantes indianos próximos. Apenas o assistente de voz do Google foi capaz de encomendar comida para entrega, mas com um processo contraintuitivo que exigiu nomear um restaurante específico que entrega comida por meio de um dos aplicativos parceiros do Google. A Siri foi a única a conseguir reservar uma mesa em um restaurante.

No quesito interesses especiais, perguntei para cada assistente duas questões bem óbvias: quem ganhou o jogo de futebol no último domingo e quem vai jogar no Super Bowl?

O Google, o Cortana e a Siri carregaram resultados dos jogos de domingo da NFL. Mas apenas o Google e o Cortana disseram que o Carolina Panthers iria encarar o Denver Broncos no Super Bowl, enquanto a Siri pode dizer apenas que o jogo aconteceria em sete de fevereiro no Estádio Levi’s em Santa Clara, na Califórnia. A Alexa, por outro lado, sabia tanto de esportes quanto eu: não conseguiu responder nenhuma das duas perguntas.

O que me traz ao evasivo assistente M do Facebook. A rede social negou meu pedido para conhecê-lo – o acesso foi garantido apenas para um pequeno número de testadores – então usei a conta do Messenger do Facebook de um amigo privilegiado para conhecer o M. Segundo a empresa, o M é controlado em parte por inteligência artificial e em parte pelos humanos; você fala com o assistente mandando mensagem para o M pelo Messenger, da mesma maneira que mandaria mensagens a amigos.

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No meu tempo limitado com o M, pedi a ele que completasse algumas tarefas banais: ligar para a companhia de água para perguntar sobre minha conta, descobrir que carnes estão em promoção na Whole Foods e pesquisar quando seria a hora mais barata para meu editor voar para Hong Kong (não que eu estivesse tentando me livrar dele).

O M ponderou por alguns minutos antes de responder a cada pergunta, o que me fez suspeitar que uma pessoa resolve a maioria das tarefas. Então, pedi ao M que agendasse uma sessão de fotos em um estúdio de um amigo. Em minutos, o telefone do estúdio tocou e meu amigo atendeu.

“Oi, estou ligando em nome do meu chefe”, disse o M, que soava como uma jovem. “Ele quer saber se vocês podem marcar uma sessão de fotos para amanhã às duas da tarde.”

O M deixou um telefone de contato com o número 650 como código de área, que inclui Menlo Park, na Califórnia, onde ficam os escritórios do Facebook.

“Não entendi o seu nome”, disse o meu amigo do estúdio de fotografia.

“Meu primeiro nome é M”, o assistente não tão virtual respondeu. “Meu último nome é Messenger.”

“É grego?”, perguntou meu amigo do estúdio. O M riu nervosamente.

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Em outras palavras, o M é provavelmente mais capaz do que todos os assistentes virtuais, mas principalmente porque humanos estão do outro lado da linha das marionetes, lidando com tarefas que a inteligência artificial ainda não dá conta. Isso me faz duvidar da possibilidade de que uma grande quantidade de consumidores possa conhece-lo, pelo menos como é hoje, de graça.

O Facebook disse em um comunicado: “O M ainda está muito, muito no começo. Ainda não pensamos em disponibilizá-lo para um número grande de pessoas”.

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