PUBLICIDADE

Após meses de testes, Mercado Livre começa a emprestar dinheiro no Brasil

Vendedores serão os primeiros 'alvos' da empresa, que diz já ter emprestado R$ 270 milhões a brasileiros durante os últimos seis meses; testes com compradores já são feitos na Argentina

Por Claudia Tozzeto
Atualização:
Marcos Galperín, empresário, fundador e presidente executivo do Mercado Livre Foto: Mariana Eliano/Estadão

O Mercado Livre anunciou nesta terça-feira, 30, que vai começar a emprestar dinheiro oficialmente a brasileiros que vendem produtos por meio da plataforma de compra e venda, oito meses após iniciar os testes no País. A empresa anunciou que, nos últimos seis meses, já emprestou R$ 270 milhões em crédito para mais de 18 mil pequenas e médias empresas no Brasil, que é a terceira nação a contar com essa nova operação da empresa, após Argentina e México. A partir de agora, pretende expandir a oferta para um número maior de vendedores.

PUBLICIDADE

Na prática, vendedores pré-selecionados pelo Mercado Livre verão a oferta de crédito por meio da plataforma e poderão contratar o valor total disponível ou menos, parcelando o saldo em até 12 vezes. Segundo o Mercado Livre, os empréstimos serão oferecidos com taxas de juros entre 2,25% e 5,5% ao mês, de acordo com o score do vendedor, que é avaliado com base em cerca de 400 variáveis por um algoritmo desenvolvido pela companhia. "A análise é 100% automatizada", disse o diretor do Mercado Pago, Túlio Oliveira, em coletiva de imprensa.

"Hoje, 80% da oferta de crédito para pequenas e médias empresas está concentrada na mão de seis bancos no Brasil", disse o vice-presidente sênior da divisão de crédito do Mercado Livre, Martín de los Santos. "Queremos fechar esse gap." De acordo com os executivos da empresa, o dinheiro disponibilizado para crédito é do próprio Mercado Livre, que vai atuar como correspondente bancário de instituições financeiras parceiras -- no Brasil, a companhia vai atuar em parceria com o Banco Topázio e a financeira Money Plus.

Expansão. Mas o Mercado Livre não está apenas de olho nos vendedores. Santos confirmou durante o evento ao Estado que a companhia já iniciou um pequeno piloto de oferta de crédito para os compradores, isto é, internautas que compram produtos por meio da plataforma do Mercado Livre. O executivo, porém, não explicou qual será a modalidade de crédito para esse público, se por meio de empréstimos ou de um cartão de crédito. "Sabemos que a oportunidade de oferta de crédito para potenciais compradores é muito maior."

Antes disso, porém, a meta é alcançar pelo menos 400 mil vendedores de produtos na Argentina, México e Brasil: este é o número de pessoas que, segundo dados do Mercado Livre, têm na plataforma de compra e venda sua atividade principal. No total, a companhia reúne mais de 9,4 milhões de vendedores em toda a América Latina. "Cerca de 150 mil vendedores que queremos atingir estão no Brasil", diz Santos. "Em pouco tempo, o Brasil já passou a representar mais da metade de nossa carteira de crédito na região."

Segundo dados do Mercado Livre, mais de 60% dos vendedores que tomam crédito por meio do Mercado Crédito utilizam o valor para comprar mais produtos para seu estoque, mas há também que use para pagar funcionários ou usar como capital de giro -- a empresa diz não ter restrições sobre como o dinheiro será usado. "Após a contratação do crédito, o dinheiro cai imediatamente na conta do vendedor", conta Oliveira. "O processo é todo digital e não exigimos nenhum documento adicional para quem contrata o crédito."

Reação. O Mercado Livre está expandindo rapidamente sua oferta de crédito em uma tentativa de frear os avanços de concorrentes sobre o promissor mercado de comércio eletrônico na América Latina. Nesta semana, o gigante Facebook anunciou o início da operaçao de seu marketplace na região, permitindo que qualquer usuário da rede social mais popular do mundo possa comprar ou vender produtos ou serviços por meio do site no País. Além disso, grandes empresas de e-commerce, como B2W, têm encontrado no marketplace -- em que permitem que terceiros vendam através de seu site -- uma nova fonte de receita.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.