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Apple tenta depender menos de fornecedores

Decisão de parar de licenciar chips da britânica Imagination Technologies mostra que a companhia aumentou o controle sobre produção de iPhones

Por Agências
Atualização:
Edição especial de 10 anos do iPhone é muito aguardada pelo mundo da tecnologia 

A decisão da Apple de parar de licenciar chips da britânica Imagination Technologies, anunciada nesta semana, mostra que a companhia está determinada a aumentar o controle sobre as principais tecnologias usadas em seus produtos, como o iPhone. Trata-se de uma tentativa de preservar margens de lucro e se preparar para o futuro.

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Segundo analistas consultados pela agência de notícias Reuters, a estratégia já permitiu que a Apple reduzisse sua dependência de fornecedores críticos, como a britânica ARM, agora de propriedade da japonesa SoftBank. No início, a Apple dependia da ARM para projetar os chips usados no iPhone, mas atualmente a empresa somente licencia a arquitetura básica da ARM e desenvolve o projeto dos processadores sozinha.

Quando a Apple comprou a fabricante de fones de ouvido Beats Electronics por US$ 3 bilhões, em 2014, ela também abandonou os componentes usados para transmissão de dados em seus produtos e adotou uma tecnologia própria. “A Apple claramente livrou-se de fornecedores convencionais e usou um chip para substituir cinco”, diz o vice-presidente da consultoria TechInsights, Jim Morrison.

Em fevereiro, o diretor financeiro da Apple, Luca Maestri, justificou o movimento na conferência de resultados da empresa. “Hoje, nós desenvolvemos internamente muito mais tecnologias fundamentais de nossos produtos do que costumávamos fazer anteriormente”, disse. “Pense no trabalho que fazemos com processadores ou sensores. Isso nos dá mais controle sobre prazos, custos e também qualidade.”

Muitos fornecedores de eletrônicos dependem de fornecedores externos para desenvolver processadores. O motivo principal é o custo de fabricação desses produtos, que são extremamente caros. Isso gerou um mercado gigante para empresas como ARM, Qualcomm e NVidia. Elas desenvolveram tecnologias para processar informações e para permitir a comunicação entre dispositivos.

Atualmente, porém, a Apple se tornou tão grande que faz sentido investir em seus próprios designs de chips ou em licenciar pequenas partes para criar seus produtos. Trazer o desenvolvimento dessas tecnologias para dentro de casa ajuda a reduzir a complexidade do processo de fabricação. Isso permite à companhia acelerar o desenvolvimento de seus produtos, ao mesmo tempo em que reduz o custo de produção.

O movimento é crítico para tecnologias como realidade virtual e aumentada. O presidente da Apple, Tim Cook, indicou que a Apple planeja integrar esses recursos em seus produtos, o que faz de chips dedicados ao processamento gráfico – como os desenvolvidos pela Imagination Technologies – muito importantes. A estimativa é de que a empresa pagava à Imagination US$ 75 milhões ao ano.

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Tela. A economia em componentes também está se tornando fundamental, à medida que a fabricante integra ao iPhone telas mais avançadas. Segundo fontes, a próxima versão do iPhone, que será lançada em setembro de 2017, deve ter tela curva. Essa tecnologia, sozinha, pode aumentar o custo de fabricação do aparelho em US$ 50.

Segundo a consultoria FBN Securities, o preço médio do iPhone aumentou apenas 1% no último trimestre, enquanto os custos de produção do setor cresceram pelo menos 8% no mesmo período, o que tem reduzido as margens de lucro da fabricante do iPhone.

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