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Ataque cibernético afeta empresas e governos na Ásia

Segundo especialistas, não há sinais de uma nova onda de disseminação do ransomware nesta semana em países que foram afetados na sexta-feira

Por Redação Link
Atualização:
Somente na China, mais de 40 mil organizações foram afetadas pelo ataque cibernético Foto: Nir Elias/Reuters

Órgãos de governo e empresas em todo o mundo começaram esta segunda-feira, 15, avaliando os danos do ataque cibernético em massa que vitimou mais de 200 mil organizações em todo o mundo em mais de 150 países, segundo as últimas informações da agência policial da União Europeia (Europol). Por enquanto, não há sinais de uma nova onda de ataques nos países afetados, mas foi a vez de órgãos de governo e empresas de países asiáticos de enfrentaram o problema, já que o expediente já havia sido encerrado na região na última sexta-feira, quando os ataques se disseminaram no mundo.

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De acordo com o jornal norte-americano The New York Times, mais de 40 mil organizações foram afetadas somente na China, incluindo cerca de 4 mil escolas. Segundo especialistas, o número de casos pode ser ainda maior, já que muitas empresas chinesas utilizam versões piratas dos sistema operacional. Entre os afetados estão as universidades de Tsinghua e Peking e as empresas japonesas de grande porte Hitachi e Nissan. O Beijing News informou que estudantes de várias universidades foram afetados pelo vírus, que bloqueou acesso a apresentações e documentos dos computadores. Nos computadores atingidos, uma janela exigia pagamentos de US$ 300, ou cerca de 2 mil yuans, para liberar os arquivos.

A empresa estatal de petróleo da China, a PetroChina, confirmou que o ataque afetou os sistemas de pagamento online de diversos postos de gasolina de sua rede ao longo do final de semana. No domingo, 80% dos postos já estavam funcionando normalmente.

Na Austrália, o primeiro ministro, Malcolm Turnbull, disse que os ataques no país se limitaram a afetar pequenas empresas. "Não vimos o impacto que o ataque teve, por exemplo, no Reino Unido", afirmou. "Mas é muito importante que as empresas tenham certeza de que instalaram as atualizações liberadas pela Microsoft." Na Coreia do Sul, o governo informou que registrou apenas nove casos de ataque de ransomware e que dezenas de amostras do malware foram coletadas para análise.

Ataque de ransomware -- tipo de ameaça que "sequestra" os arquivos de computadores de usuários e pede um resgate em dinheiro -- mais rápido da história, o Wanna Cry afetou mais de 150 países desde a última sexta-feira, entre eles Rússia, Ucrânia, Brasil, Espanha, Índia e Estados Unidos. Segundo a Europol, o número de usuários domésticos que foram vítimas do ataque pode ser maior. Ainda não se sabe quem está por trás do ataque ou suas motivações, mas há indícios de que a vulnerabilidade do sistema operacional Windows, que foi explorada pelos cibercriminosos, foi obtida por meio de um ataque à agência de espionagem norte-americana (NSA, na sigla em inglês).

Segunda onda. Na Europa, região onde o ataque parece ter começado, não houve informações de novos casos registrados nesta segunda-feira. "Até agora, parece que a situação está estável na Europa, o que é um sucesso", disse o porta-voz da Europol, Jan Op Gen Oorth.No Reino Unido, o serviço nacional de saúde (NHS), teve dificuldades em deixar os computadores e redes de hospitais e clínicas operacionais. Muitas consultas e atendimentos tiveram de ser reagendados na sexta-feira, por conta do ataque.

Segundo a agência de investigação local, que faz parte do time global que investiga o ataque, uma segunda onda pode ainda acontecer e, por isso, é recomendável que os computadores sejam atualizados.

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Reação. A gigante de software Microsoft se posicionou nesta segunda-feira contra a prática de agências de espionagem de governos em coletar e armazenar vulnerabilidades do sistema operacional Windows para usar em ataques.O diretor jurídico da empresa, Brad Smith, fez duras críticas à NSA. Após o crescente número de ataques, a Microsoft liberou uma atualização ainda na sexta-feira para computadores com Windows e, ao longo do final de semana, liberou atualizações de segurança adicionais para versões de seus sistemas operacionais que a empresa não prestava suporte há pelo menos três anos, como Windows XP.

No blog oficial da empresa, Smith afirmou que o ataque é um exemplo de como a coleta de vulnerabilidades por governos é um problema grande "Já vimos vulnerabilidades guardadas pela CIA aparecerem no WikiLeaks e agora essa vulnerabilidade roubada da NSA afetou consumidores em todo o mundo", afirmou o executivo. "Esse ataque mais recente representa algo completamente não intencional, mas uma desconcertante ligação entre duas das maiores ameaças em cibersegurança em todo o mundo atualmente."/Com Associated Press

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