Brasil já sente primeiros efeitos de ataque cibernético em massa

Após relatos na Europa e nos Estados Unidos, empresas e órgãos públicos orientaram funcionários a desligar seus computadores para evitar sequestro de computadores

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Foto do author Matheus Mans
Por Matheus Mans , Claudia Tozzeto , Carolina Ingizza e Clarissa Thomé | RIO
Atualização:
Com os recentesciberataquesqueafetaram o Brasileo mundo nos últimos meses, segurança para os computadores e smartphones passou a ser uma preocupação de muitos. Mas nem sempre os usuários querem e podem pagar por esse tipo de serviço. Por isso, o Estadão separou dicas de 4 empresas que oferecem versões gratuitas de seus antivírus. Confira na galeria! Foto: Reuters

Após relatos de ataques cibernéticos em empresas da Europa ao longo desta sexta-feira, 12, começam a surgir no Brasil os primeiros efeitos em empresas e órgãos governamentais. Segundo apurou o Estado, diversos órgãos do governo federal desligaram seus sistemas, como o Itamaraty, o Ministério do Trabalho e o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário. O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) suspendeu o atendimento nas agências em todo o País a partir das 14h após registrar indícios de ataque. A Petrobras reiniciou a rede corporativa por conta do problema. Além disso, a sede brasileira da Telefônica/Vivo, em São Paulo, o Tribunal de Justiça de São Paulo, o Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo e o Ministério Público do Estado de São Paulo também foram afetados. Ainda não está claro o número de empresas e órgãos afetados em todo o País.

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O Brasil é um dos 74 países afetados pelo ataque de ransomware -- quando um software malicioso é usado para "sequestrar" um computador --, segundo levantamento preliminar feito pela empresa de segurança Kaspersky. No total, já foram registrados mais de 50 mil casos dentre empresas e órgãos públicos e governamentais em todo o mundo. Nas redes afetadas, um aviso aparece na tela dos computadores conectados exigindo que seja paga uma quantia na moeda virtual Bitcoin para que o sistema volte a operar. Trata-se do ataque de ransomware mais rapidamente disseminado já registrado em todo o mundo, segundo especialistas.

Funcionários da Petrobrás receberam um alerta nesta sexta-feira de que deveriam salvar todos os arquivos. "A TIC informa que, devido a um ataque de vírus global, será necessário reiniciar a Rede Interna Corporativa (RIC) da Petrobras. Devido a urgência do serviço, recomendamos que a força de trabalho salve todos os seus arquivos que estiverem em uso. Não desligue a máquina", dizia o comunicado enviado aos servidores. Na Agência Nacional do Petróleo, por precaução, computadores foram mantidos desligados durante a tarde.

De acordo com fontes ouvidas pelo Estado, os funcionários da Telefônica/Vivo -- uma das empresas mais afetadas pelo ciberataque na Espanha -- foram orientados a desligar os computadores e desconectar todos os dispositivos da rede corporativa. No início da tarde, a empresa orientou os funcionários do prédio administrativo a deixarem a empresa, já que apenas um número reduzido de executivos e funcionários formariam um comitê de crise para resolver o problema. A empresa não confirma oficialmente as informações sobre a dispensa de funcionários e afirma continuar operando normalmente.

Por meio de nota, a Telefônica Espanha informou que foi detectado, na manhã desta sexta-feira, um incidente de segurança cibernética que afetou alguns computadores de colaboradores que estão na rede corporativa da empresa. "Imediatamente, foi ativado o protocolo de segurança para tais incidentes com a intenção de que os computadores voltem a funcionar o mais rápido possível", afirmou, no comunicado. A Telefônica/Vivo informou que seus serviços não foram afetados pelo ataque e que dados dos clientes continuam seguros.

Já no Tribunal de Justiça de São Paulo, segundo relatos de fontes, uma tela com o ataque de sequestro de computadores apareceu em alguns computadores exigindo pagamento para liberação dos arquivos da máquina -- o chamado ataque de ransomware. O Tribunal de Justiça de São Paulo informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que pediu para os funcionários desligarem os computadores. O site do Tribunal de Justiça de São Paulo está fora do ar, assim como os sites do Ministério Público de São Paulo e do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo.

Funcionários do Tribunal de Justiça de São Paulo divulgaram tela de seus computadores que pede pagamento para "resgate" dos computadores Foto: TJ-SP

Procurada pelo Estado, a Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp), órgão responsável por prestar serviços de TI para órgãos do governo estadual, não confirmou os ataques. Por meio de nota, a Companhia informou que eles estão "monitorando a situação no que se refere ao ambiente de processamento dos sistemas do Governo do Estado de São Paulo sob nossa responsabilidade".

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Precauções. O Serpro, empresa de TI que presta serviços para o governo federal, informou que não registrou nenhum tipo de ataque à sua rede nesta sexta-feira, mas que já acionou um plano de contingência para evitar problemas.  A Caixa também disse que não registrou problemas em seus sistemas, que estão sendo monitorados pela equipe de tecnologia da informação. O banco informou que os saques a recursos do FGTS ocorrem normalmente. Procurados pelo Estado, os bancos privados Bradesco e Itaú afirmam que não sofreram ataques.

Após identificar indícios de ataque à rede do INSS, os servidores do Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário foram desligados por precaução, segundo a assessoria de imprensa da Previdência Social. Ao Estado, uma fonte disse que o Ministério da Defesa tomou medidas de precaução contra o ataque. Porém, não chegou a desligar seus computadores.

Por enquanto, ainda não foram confirmados ataque a pessoas físicas, mas saiba o que fazer se quiser se proteger de ataques e invasões.

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