‘Brechó virtual’, Enjoei aposta em vendedor profissional

Para crescer, startup de comércio eletrônico Enjoei vai lançar nova função para facilitar o trabalho de quem quer se desfazer de itens usados

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Por Matheus Mans
Atualização:
Tulipa Schneider já vendeu 1,2 mil itens no Enjoei Foto: Larissa Gomes/Enjoei

A paulistana Tulipa Schneider, de 34 anos, se desesperou ao olhar seu armário há cerca de um ano e notar que tinha mais de mil peças sem uso. Querendo liberar espaço e ganhar um dinheiro a mais, Tulipa fotografou todas roupas, sapatos e bolsas que encontrou para colocar à venda no e-commerce brasileiro Enjoei, uma espécie de “brechó virtual”. A iniciativa deu certo – a ponto de Tulipa “oferecer” seus serviços a amigos. 

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“Hoje não vendo apenas peças de roupas que encontro em minha casa”, afirma Tulipa. A paulistana já vendeu mais de 1,2 mil produtos no Enjoei, a maioria deles vinda de uma rede de 40 amigos e conhecidos. Cada um deles separa os itens que não quer mais e os repassa a Tulipa, que faz os anúncios no site e envia as peças aos interessados, ganhando comissão sobre as vendas. “Já cheguei a ganhar R$ 10 mil em um mês”. Ela não é a única – e fez o Enjoei lançar uma nova função, o Enjoei Pro, que vai conectar usuários com vendedores profissionais. 

Para vender um item, basta encontrar um vendedor em seu bairro, entregar os produtos e esperar o dinheiro cair na conta. O vendedor fica responsável por fotografar, negociar e enviar a peça ao comprador.

Com 700 mil vendedores cadastrados e 3,5 milhões de clientes, o Enjoei espera aumentar a base de usuários, além de manter o crescimento de 80% nas vendas registrado em 2016.

“Muitos usuários já atuavam como vendedores profissionais, então decidimos criar uma plataforma para isso acontecer de um jeito seguro e prático”, conta Tiê Lima, presidente executivo do Enjoei. A ideia, diz ele, é colocar o Pro no mercado neste semestre, com um vendedor a cada quilômetro. “Estamos terminando de testar o recurso e queremos lançar logo.”

Os vendedores que já usam o Enjoei como complemento de renda também veem o recurso como positivo. Gabriela Ivo, que está desempregada e usa o site como principal fonte de renda, acha que aumentará o número de vendas. “O Enjoei Pro dará maior segurança para quem quer vender produtos de forma consignada”, afirma Gabriela, que já comercializou mais de 400 itens no e-commerce.

Para especialistas, o momento é ideal para o lançamento do novo recurso. “Tem muita gente desempregada no Brasil e este poderia ser um nicho para ganhar dinheiro”, diz Pedro Guasti, presidente da consultoria especializada em e-commerce E-Bit. Segundo a consultoria, o mercado de roupas já é a principal categoria no e-commerce brasileiro, com 13,6% de todos os pedidos feitos no País – e o Enjoei, mesmo vendendo mais do que só o que está encostado no armário, tem nas roupas seu principal negócio, com 90% dos 5 milhões de itens cadastrados.

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Trocas. Antes do lançamento oficial do Enjoei Pro, a empresa tem outra carta na manga: o relançamento do Retroca, plataforma de troca de vestuário infantil que foi comprada pelo Enjoei, em março deste ano, e deve ser lançada com uma nova roupagem em julho, com integração ao site oficial da empresa.

“Será possível trocar itens de vestuário infantil por uma moeda virtual dentro da Enjoei”, diz Lima. “Com isso, usuários poderão usar a moeda ganha e trocar por qualquer outro objeto que esteja à venda no Enjoei.” Apesar de não revelar números sobre a transação, finalizada em março, o Estado apurou que foi feita uma troca de ações entre a Enjoei e a Retroca, que passou a ser controlada entre o brechó virtual. No entanto, executivos do Retroca ainda farão parte do relançamento da plataforma.

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