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‘Brexit’ afeta planos de startups no Reino Unido

Alemanha pode ganhar força como base para expansão de negócios pela Europa

Por Eric Auchard
Atualização:
Para cofundador do aplicativo Sweatcoin, empreendedores vão se ajustar rapidamente às mudanças na UE Foto: Reuters

As startups de tecnologia do Reino Unido registraram um ano recorde em relação à criação de novas empresas, novos financiamentos e aquisições por empresas globais de tecnologia antes de os eleitores decidirem deixar a União Europeia. Agora, empresas de prestígio ameaçam se retirar ou deixar para depois seus planos de entrada no mercado britânico, funcionários estrangeiros têm sua posição como imigrantes posta em xeque e investidores podem cortar financiamentos vitais para as jovens empresas de tecnologia.

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Analistas de mercado preveem uma drástica desaceleração dos gastos nos setores de publicidade e tecnologia. Há uma ameaça, de longo prazo, de uma grande parte desses orçamentos se deslocarem para o continente. “Nada mudou, mas tudo mudou”, disse Taavet Hinrikus, estoniano que é cofundador e presidente executivo da startup Transferwise, que tem sede em Londres.

A capital do Reino Unido tornou-se um ímã para empreendedores em busca de negócios na União Europeia e base de lançamento para companhias que pretendem competir com gigantes da internet. No primeiro trimestre, as empresas britânicas receberam US$ 1,3 bilhão em financiamentos, enquanto o restante da Europa atraiu US$ 2,2 bilhões, segundo a empresa de pesquisa CBInsights.

“Os dois principais benefícios de fazer parte da União Europeia são o acesso a talentos, por causa da livre movimentação de mão de obra, e o fato de que, se sua empresa está regulamentada no Reino Unido, também pode atuar n a União Europeia”, disse Hinrikus. Com o resultado do referendo, ele cogita reduzir os investimentos em Londres ou transferir a sede da empresa para outro país.

Frustração. A Number26, startup com sede em Berlim que oferece serviços bancários por meio de dispositivos móveis, agora reavalia sua entrada no mercado britânico. “Provavelmente vamos analisar primeiro outros mercados”, disse o cofundador e diretor executivo, Valentin Stalf. “O mercado britânico se tornou uma proposta muito mais cara.”

Separada da União Europeia, a cidade de Londres pode perder algumas vantagens importantes: sua condição de centro financeiro mundial, o talento europeu e a uniformidade dos regulamentos que permitem às empresas com sede na capital atender ao mercado europeu.

Funcionários estrangeiros podem deixar a cidade em meio à incerteza quanto às futuras leis de imigração, provocando escassez de trabalhadores nos setores varejista, hoteleiro, de saúde e serviços financeiros, diz Laura Koetzle, analista da Forrester Research.

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Berlim, a maior concorrente de Londres em tecnologia, provavelmente se tornará lugar mais atrativo como base europeia, disseram vários empreendedores à Reuters. Frankfurt, Amsterdã e Dublin poderão receber mais investimentos.

O voto exige que a Grã-Bretanha informe com prazo prévio de dois anos os planos para sair da Europa, o que cria um período de incerteza. “A decisão enfraquece a Grã-Bretanha”, disse Stalf.

Apesar das perspectivas negativas, há empreendedores que ainda se mantêm otimistas. É o caso de Oleg Fomenco, fundador da Sweatcoin, que oferece um aplicativo que paga as pessoas que praticam atividades físicas. Para ele, os empreendedores se adaptam. “O país virou do avesso. Mas, se alguém sabe como sair disso, somos nós.”

/TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

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