Cambridge Analytica refuta Facebook e diz ter dados de 30 milhões de usuários

Empresa diz ainda não ter mais nenhum dado obtido a partir das pesquisas de Aleksandr Kogan em seus servidores e vai realizar auditoria independente para provar alegação

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Por Redação Link
Atualização:
Escritórioda Cambridge Analytica no centro de Londres é alvo de investigadores. Foto: Daniel Leal/AFP

A consultoria Cambridge Analytica, acusada de usar dados pessoais de usuários do Facebook para influenciar as eleições presidenciais dos EUA em 2016, refutou nesta quarta-feira, 9, números recentemente divulgados pela rede social. 

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Segundo a consultoria, ela obteve dados de "não mais que 30 milhões de dados" a partir da pequisa feita pelo cientista Aleksandr Kogan – de acordo com dados divulgados pelo Facebook, informações de pelo menos 87 milhões de usuários podem ter sido compartilhadas com a empresa. A rede social também divulgou mudanças em seus termos de uso e política de privacidade nesta quarta-feira, quase três semanas após a revelação do escândalo da Cambridge Analytica. 

A Cambridge Analytica, com sede no Reino Unido, disse ainda que nenhum dos dados obtidos por Kogan foi utilizado para influenciar a eleição de Donald Trump, e que destruiu todos os dados dos usuários do Facebook quando a rede social colicitou que tal fosse feito, há dois anos.

Em comunicado enviado à imprensa americana, a Cambridge Analytica disse que "todos os dados que utilizamos foram obtidos de forma legal". A empresa argumentou ainda que está tomando medidas legais contra a GSR, empresa liderada por Kogan para licenciar os dados, por quebra de contrato, e que vai realizar uma auditoria independente para demonstrar que não tem mais dados obtidos pela parceria em seus sistemas.

Atualmente, a Cambridge Analytica está sob investigação do governo inglês, que busca apurar se a empresa cometeu irregularidades. 

Entenda o caso. Reportagens dos jornais The New York Times e The Observer, de Londres, revelaram que a empresa de inteligência Cambridge Analytica colheu informações privadas de mais de 50 milhões de usuários do Facebook, em um esforço para beneficiar a campanha eleitoral do presidente americano, Donald Trump, em 2016.

A empresa britânica de inteligência digital coleta e relaciona dados para ações de marketing digital feitas por companhias e políticos. No caso em questão, ela usou o método para desenvolver ações para influenciar o cenário político americano e favorecer Trump.

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Atingir o objetivo só foi possível graças a uma parceria com outra empresa, a também britânica Global Science Research, liderada por Aleksandr Kogan, pesquisador da Universidade de Cambridge. Ele criou um quiz online, chamado This is your digital life (Esta é sua vida digital), que exigia que as pessoas conectassem sua conta do Facebook para ser acessado. Isso permitiu que o quiz de Kogan obtivesse informações pessoais dos usuários da rede social e de seus amigos.

Os dados obtidos por meio do teste foram vendidos pela Global Science à Cambridge Analytica, numa clara violação aos termos de uso do Facebook. Isso permitiu que a empresa de inteligência cruzasse dados com outras fontes e chegasse a um perfil preciso das pessoas, usado para enviar mensagens direcionadas – incluindo notícias falsas – para influenciar votos.

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