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Chinês Tony Qiu assume comando da startup brasileira 99

Comprada pela chinesa Didi no início do ano, empresa prepara expansão na América Latina; Peter Fernandez, ex-presidente executivo, vai virar consultor estratégico

Por Bruno Capelas e Claudia Tozzeto
Atualização:
A startup brasileira 99 foi adquirida pela chinesa Didi no início de 2018 por US$ 600 milhões Foto: Sérgio Castro/Estadão

A startup brasileira de transporte por aplicativo 99, comprada em janeiro por US$ 600 milhões pela chinesa Didi, anunciou ontem uma troca em seu comando: o chinês Tony Qiu será o presidente executivo da empresa, substituindo Peter Fernandez. 

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Qiu já passou pelo mercado financeiro e comandou a área de desenvolvimento global da Didi, a partir da China – agora, terá de liderar a expansão da 99. “Vivemos um momento extraordinário para o crescimento futuro”, disse o executivo de 34 anos, em nota distribuída à imprensa. 

Qiu chegou à 99 em janeiro de 2018, junto com o anúncio de aquisição da 99 pela Didi – a transação avaliou a empresa brasileira em US$ 1 bilhão. Presidente executivo desde 2016 e peça-chave na venda da 99 para a chinesa, Peter Fernandez segue como consultor estratégico – segundo apurou o Estado, ele ficará na empresa por pouco tempo, apenas para completar a transição. 

A decisão surpreendeu pela rapidez na troca do comando. Para Felipe Matos, empreendedor e autor do livro 10 Mil Startups, “é natural que os donos queiram assumir o controle após a aquisição”, diz. “O tempo das startups é mais rápido que o de empresas tradicionais”. Já Pedro Waengertner, fundador da aceleradora Ace, vê na rapidez um re flexo da competitividade e agressividade das empresas asiáticas.

A velocidade da mudança, porém, pode gerar “mudanças bruscas de cultura, gerando descontinuidade na gestão”, diz Matos. Hoje, a 99 tem 300 mil motoristas e 14 milhões de passageiros em 500 cidades no Brasil – os dados incluem os serviços de táxi e de carros particulares. A 99 não atua fora do País. 

América Latina. Ontem, a 99 também disse que pretende se expandir para a América Latina – a empresa não explicou como fará isso. “Não deve ser algo difícil, dada a posição que a 99 tem aqui e a expertise da Didi”, diz Waengertner. 

Um primeiro passo já foi dado: ontem a Didi começou a oferecer serviços no México. É a primeira vez que a Didi lança um serviço fora da Ásia com seu nome. Além disso, a expansão põe a empresa em competição com o Uber, de quem comprou operações na China em 2016 por US$ 7 bi. 

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O lançamento mexicano marca a primeira vez que a Didi leva seu próprio serviço de transporte para fora da Ásia – no Brasil, a empresa atua sob o nome da 99, vale lembrar. O serviço da Didi Express foi lançado na capital do Estado do México, um centro urbano a cerca de 60 km a oeste da Cidade do México, acrescentando uma série de novos recursos de segurança para motoristas e ciclistas.

A Didi, que tem um centro de operações no bairro de Juarez, na Cidade do México, disse que espera levar seu serviço de transporte urbano para outras grandes cidades mexicanas ainda este ano.

A empresa chinesa está levando para o México uma série de novos recursos de segurança, incluindo um alerta de emergência no aplicativo que conectará motoristas e passageiros com a polícia e outros contatos de emergência se estiverem em perigo, um sistema de monitoramento de segurança e uma forma de os passageiros compartilharem os itinerário de viagem.

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