Didi Chuxing compra operação do Uber na China

Acordo, que encerra disputa entre as duas gigantes dos serviços de carona, avalia empresa chinesa em US$ 35 bilhões

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Por Agências
Atualização:
 Foto: AP

Depois de uma batalha de dois anos, o aplicativo de carona paga Uber anunciou ontem que vai vender sua operação na China para a rival local Didi Chuxing, num acordo que vai dar à companhia norte-americana um quinto das ações da empresa chinesa. Com a aquisição, a Didi Chuxing passou a ser avaliada em US$ 35 bilhões, de acordo com uma fonte próxima às negociações.

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A informação foi confirmada pelas duas empresas na manhã de ontem. Por meio do site do Uber, o presidente executivo Travis Kalanick afirmou que aquisição transforma o Uber no maior acionista do Didi Chuxing. Como parte do acordo, a Didi vai fazer um investimento de US$ 1 bilhão na operação global do Uber. Kalanick passará a fazer parte do conselho de administração da empresa chinesa – o presidente executivo da Didi, Cheng Wei, também será membro do conselho do Uber.

De acordo com a Didi, o Uber continuará a operar de maneira independente na China. “Cooperar com o Uber dará uma vitalidade maior a toda a indústria móvel de transporte e permitirá um período de alto nível de desenvolvimento”, afirmou a companhia chinesa, em nota.

O mercado chinês tem sido desafiador para o Uber, que vem gastando bilhões de dólares em uma guerra de preços com a Didi Chuxing. As duas empresas investiram alto para atrair motoristas e para oferecer descontos aos passageiros. Ambas as companhias também tem alcançado sucesso em suas mais recentes rodadas de investimento: a Didi é avaliada em US$ 25 bilhões e a operação chinesa do Uber foi recentemente avaliada em US$ 7 bilhões.

Em um comunicado aos funcionários do Uber na China, Kalanick defendeu que a aquisição busca a sustentabilidade do negócio. “Servir as cidades chinesas de forma sustentável só é possível com lucratividade”, disse o executivo. “Essa fusão pavimenta o caminho para nosso time e o time da Didi trabalhem juntos com uma missão enorme, além de liberar capital para iniciativas focadas no futuro das cidades – de carros sem motorista ao futuro do abastecimento e logística.”

De acordo com o Uber, o serviço atualmente opera em mais de 60 cidades na China e é usado para fazer 150 milhões de viagens ao mês. Por outro lado, a Didi afirma ter 87% de participação no mercado de carona paga na China.

Ambição. Segundo analistas, o fato de a Didi Chuxing ter adquirido a operação chinesa do Uber sinaliza que a empresa está pronta para dar um passo além da China. “Isso claramente mostra as ambições globais da Didi”, diz Ji, do fundo All-Stars. “Existe a possibilidade de as duas empresas trabalharem juntas em outros mercados pelo mundo.”

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Em um comunicado, a Didi Chuxing afirmou que está trabalhando para expandir suas operações internacionais. Parte do esforço inclui a entrada em Hong Kong, Taiwan, Macau, Japão, Coreia do Sul, Rússia e países da Europa.

O aplicativo de carona chinês Didi Chuxing foi criado no ano passado, a partir da fusão de duas empresas que já atuavam no setor. Ambas eram financiadas por gigantes da internet na China, o Alibaba e a Tencent.

Após sua criação, a empresa chegou a anunciar um investimento de US$ 100 milhões no aplicativo Lyft, rival norte-americano do Uber. A empresa também fez alianças com o serviço de carona indiano Ola e com a startup asiárica Grab, num esforço para se tornar competitiva em relação ao Uber. Entre as empresas que recentemente fizeram investimentos na Didi Chuxing está a Apple, que colocou US$ 1 bilhão na operação, em um raro anúncio.

Mercado chinês. O acordo é mais um sinal de que as empresas globais de internet e tecnologia estão enfrentando dificuldades para se estabelecer no mercado chinês, onde empreendedores locais têm criado negócios gigantes. Entre os motivos, estão benefícios oferecidos pelo governo à empresas locais.

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Na semana passada, o governo chinês lançou uma regulamentação para aplicativos de carona no país, o que retirou boa parte da incerteza enfrentada por empresas como Didi Chuxing e Uber. Ainda não está claro se o acordo entre as duas empresas precisará de aprovação do Ministério do Comércio chinês, que regula o mercado.

“Considerando-se o tamanho atual da Didi Chuxing e sua dominação no mercado, qualquer incremento pode atrair a atenção do Ministério do Comércio”, disse o sócio do escritório Norton Rose Fulbright, Marc Waha. “Ainda não está claro se o acordo será analisado do ponto de vista de dominância do mercado.”

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