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Com 29 milhões de usuários; Brasil impulsiona crescimento do Instagram

App de compartilhamento de fotos tem o desafio de manter o ritmo da expansão ao mesmo tempo em que se esforça para tornar a operação rentável

Por Claudia Tozzeto
Atualização:

Estadão

 Foto: Estadão

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O Instagram acaba de superar a marca de 29 milhões de usuários ativos por mês no Brasil, o que consolida o País no posto de segundo maior mercado para o aplicativo de compartilhamento de fotos e vídeos em todo o mundo. É a primeira vez que a rede social revela o número de brasileiros que usam o serviço. Os Estados Unidos ainda reúnem a maior parte da comunidade, com 100 milhões de pessoas que acessam o Instagram, via aplicativo ou navegador, pelo menos uma vez por mês.

Leia também:“O desafio é manter o ritmo”, diz chefe de operações do Instagram

Os dados mostram que os brasileiros representam 7,25% dos mais de 400 milhões de pessoas que usam o Instagram em todo o mundo – marca alcançada pelo serviço em setembro. É o potencial de audiência do País, porém, que faz os executivos do Instagram não tirarem os olhos daqui. O Brasil, junto com Japão e Indonésia, é um dos locais onde mais pessoas baixaram o app para o smartphone nos últimos meses.

“Para nós não se trata apenas de um número, mas de cobertura. Quanto mais brasileiros compartilham suas paixões por meio de fotos e vídeos, mais pessoas da comunidade podem encontrar uma janela para espiar o que realmente está acontecendo de importante no Brasil”, disse Marne Levine, chefe global de operações do Instagram, em entrevista ao Estado.

De acordo com pesquisa realizada pelo Instagram em setembro, com 1 mil usuários brasileiros com idade entre 18 e 35 anos, 61% afirmou que acessa o Instagram pelo menos uma vez por dia. O estudo também revelou que as pessoas daqui se interessam em seguir usuários que postam fotos relacionadas à música, viagens, natureza, celebridades, moda e gastronomia.

O Brasil está no DNA do Instagram desde que o serviço surgiu, em outubro de 2010 (veja box abaixo). Ele foi criado pelo norte-americano Kevin Systrom, hoje CEO do Instagram, e pelo paulista Mike Krieger, ambos estudantes da Universidade de Stanford, localizada no Vale do Silício, na Califórnia. O app de fotos, que levou apenas dois meses para passar da ideia à publicação na loja de aplicativos do iPhone, atraiu mais de 100 mil usuários somente na primeira semana.

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O crescimento do Instagram se manteve constante nesses cinco anos. Passado o “boom” inicial, a empresa ganhou novo fôlego após a aquisição do Facebook por US$ 1 bilhão, anunciada em abril de 2012. Apesar da mudança para uma sede maior, o Instagram continuou a funcionar de forma independente. “Depois da aquisição, eles deixaram de se preocupar com dinheiro, mas passaram a ter que pensar em como manter o serviço relevante”, diz Erna Alfred Liousas, analista do mercado de redes sociais da consultoria norte-americana Forrester.

Em setembro de 2013, o app alcançou a marca de 100 milhões de usuários, número que dobrou após pouco mais de um ano. A Copa do Mundo no Brasil teve papel importante para o desempenho. “Durante a competição, uma em cada dez pessoas que usa o Instagram seguiu o perfil de um jogador ou de uma seleção de futebol”, diz Marne. A maior evento esportivo do mundo fez Neymar se tornar um dos perfis mais populares do mundo: ele tinha 5 milhões de seguidores e terminou a competição com 10 milhões – hoje, 34,4 milhões de pessoas seguem o jogador.

Fidelidade. O Instagram foi uma das primeiras redes sociais desenvolvidas para funcionar primeiro no smartphone. Ao contrário de outras redes sociais, como Facebook e Twitter, ela também nasceu com um propósito único: compartilhar fotos – mais tarde, a rede passou a suportar também o envio de vídeos. “O foco do Instagram é o que permitiu que a comunidade de usuários se mantivesse tão próxima e fiel”, diz Erna.

O designer Danny Zappa, 29 anos, é um dos brasileiros que se mantém fiéis ao Instagram, apesar de outros aplicativos, como o Snapchat, se popularizarem nos últimos anos. “Baixei no dia que chegou na App Store e passei a tirar fotos que eu achava inspiradoras”, afirma. Segundo Zappa, todas as imagens são fotografadas com seu próprio smartphone e melhoradas em aplicativos. “Gosto de mostrar cores e padrões de cidades para onde eu viajo.”

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Depois de acumular cerca de 7 mil seguidores até 2012, Zappa caiu na lista de usuários recomendados do Instagram. Em um ano, ele chegou a 200 mil seguidores. “Várias marcas começaram a me procurar para produzir fotos para divulgar produtos no meu próprio perfil e para os perfis delas no Instagram”, conta. Em 2014, ele abandonou o emprego para viver só dos trabalhos na rede.

Embora tenha bem menos seguidores, a engenheira Beth Viveiros, 38 anos, também gosta de usar o aplicativo diariamente para compartilhar fotos pessoais. Mas o uso da rede social se intensificou, de fato, quando ela saiu do emprego no ano passado e decidiu abrir uma pequena padaria, a Beth Bakery. “É mais fácil tirar fotos com o smartphone”, diz Beth. “Passei a publicar imagens dos pães e das mãos sujas de massa.”

O uso do aplicativo de fotos, porém, vai além do negócio. Ela costuma usar o serviço para acompanhar o trabalho de padeiros ao redor do mundo. Um dia desses, Beth descobriu que um de seus ídolos, o padeiro britânico Richard Bertinet, começou a seguir o perfil de sua padaria no Instagram. “Quase morri do coração.”

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Para Beth, o app permite que ela interaja com gente como Bertinet, além de outros colegas de profissão. “O Instagram tem uma boa comunidade de padeiros e confeiteiros que não só curtem fotos uns dos outros, mas apoiam, tiram dúvidas e celebram o bom trabalho.”

Para quem não é tão entusiasta do serviço assim, o Instagram tem investido em novos apps independentes. Até agora, ele já lançou o Hyperlapse, o Layout e o Boomerang – este último para fazer vídeos de 1 segundo em looping. A estratégia é um sinal claro da empresa para tentar manter os usuários engajados. “Uma das maneiras de inspirar é dar ferramentas criativas às pessoas”, explica Marne.

Negócios. Nem só de boas histórias contadas por seus usuários vive uma rede social. É preciso pensar em como usar a audiência para ganhar dinheiro, algo que o Instagram começou a fazer neste último ano, após a chegada de Marne. Há oito meses no cargo, ela tem a missão de ajudar o app a faturar com publicidade. “As empresas usam o Instagram desde sempre, mas nós recebemos o feedback de que eles gostariam de fazer mais”, diz a executiva.

Em abril, os primeiros anúncios fizeram sua estreia. Cinco meses depois, a rede passou a aceitar publicidade de qualquer empresa. “O Instagram usa o mesmo sistema de direcionamento de público-alvo desenvolvido pelo Facebook. Isso vai ajudar a empresa a monetizar a audiência”, explica Erna, da Forrester.

O Instagram não informa quantas empresas já anunciaram no serviço, nemo quanto já faturou desde abril, mas indica que a recepção dos usuários foi boa. “Estamos ainda nos primeiros dias de nossos esforços para fazer do Instagram um negócio”, diz Marne.

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