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Crianças agora podem ter suas próprias contas do Google no Brasil

Pais poderão controlar uso de dispositivos com Android e serviços do Google por meio do novo aplicativo Family Link; serviço chega cerca de um ano após início dos testes nos EUA

Por Claudia Tozzeto
Atualização:
Aplicativo do Google pode ser baixado gratuitamente, mas só funciona para controlar dispositivos Android usados por crianças Foto: Google

O gigante das buscas Google começa nesta quarta-feira, 28, a permitir que crianças brasileiras tenham suas próprias contas para usar serviços da empresa, como o Gmail, o YouTube e a loja de aplicativos Play Store. As novas contas, porém, só podem ser criadas pelos pais e serão controladas por meio de um aplicativo chamado Family Link. Por meio deles, os responsáveis pela criança poderão controlar o tempo de uso de smartphones com sistema operacional Android, bem como os aplicativos que a criança instala no aparelho.

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“O aplicativo tenta trazer os pais para perto da vida digital dos filhos”, diz Bruno Diniz, engenheiro do Google, que liderou o desenvolvimento do Family Link no Centro de Engenharia do buscador em Belo Horizonte, Minas Gerais. “Ele dá ferramentas para os pais determinarem as regras para as crianças usarem tecnologia.”

Atualmente, de acordo com a pesquisa TIC Kids Online Brasil -- realizada em 2016 pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) vinculado ao Comitê Gestor de Internet (CGI) e divulgada em outubro de 2017 -- oito em cada dez crianças e adolescentes com idade entre 9 e 17 anos usam a internet no Brasil, o que corresponde a 24,3 milhões de pessoas. Desse total, 91% acessam a internet por meio do celular.

O Family Link começou a ser desenvolvido no início de 2017, num trabalho conjunto entre engenheiros do Google em Belo Horizonte e Mountain View (EUA). Os testes começaram nos Estados Unidos e os pais interessados precisavam de um convite para criar as contas dos filhos. Esse período demorou cerca de seis meses e, em setembro do ano passado, o Google liberou a criação de contas para crianças para todos os americanos.

O Google passou a permitir a criação de contas para crianças por meio do Family Link em outros países de língua inglesa, como Austrália e Nova Zelândia, logo em seguida. Agora, além do Brasil, Argentina, Chile e México também terão acesso ao serviço. O Google não revela o número de usuários ativos do serviço no mundo.

Recursos. Para criar a conta para os filhos, os pais precisam baixar o aplicativo Family Link para Android ou iOS. Contudo, no caso das crianças, o aplicativo só funciona com celulares ou tablets com Android, nas versões 7 (Nougat) ou superior. Depois, basta criar a conta para a criança e configurar as regras de uso do dispositivo. Todas as regras são aplicadas no dispositivo da criança em tempo real.

Segundo Diniz, os pais podem determinar, por exemplo, que a criança peça autorização toda vez que quiser instalar um aplicativo. Nesse caso, a autorização pode ser feita no próprio dispositivo ou por meio de uma notificação enviada para o aparelho do responsável. Outra funcionalidade útil é determinar quanto tempo a criança pode usar o celular por dia. Ao final do período estabelecido, o aparelho é bloqueado.

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Um dos recursos que os pais mais gostam, de acordo com o engenheiro, é o que permite saber a localização das crianças. “Trabalhamos muito nesse recurso para que ele fosse o mais preciso possível”, conta Diniz. “Não dá para dizer para os pais apenas que a criança está numa determinada cidade, mas é preciso apontar onde ela está naquele momento.”

O Family Link, porém, não permite que os pais saibam o conteúdo das conversas que as crianças mantêm por meio do dispositivo, seja em aplicativos de mensagem ou e-mail, nem o conteúdo dos sites que elas estão visitando na web. “Temos que respeitar a privacidade das crianças também”, disse Diniz. Caso os pais queiram ter acesso a essas informações, a única forma é trocar a senha do dispositivo dos filhos e acessar manualmente cada um dos serviços.

Publicidade. O interesse do Google em incluir as crianças entre seus usuários não está, pelo menos à princípio, relacionado ao núcleo dos negócios da empresa: a publicidade. Hoje, o Google é a empresa que mais ganha dinheiro com anúncios na internet em todo o mundo e a publicidade representa a maior parte da receita da gigante americana hoje.

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De acordo com Diniz, os diversos serviços do Google foram modificados para não exibir publicidade direcionada para as contas de crianças. Contudo, as crianças ainda assim poderão ver anúncios em alguns serviços -- do Google e de parceiros. Por isso, é importante que os pais leiam os termos de uso dos aplicativos antes de permitir que eles sejam instalados nos celulares ou tablets.

A empresa também diz ter tomado cuidado para que informações das crianças não fiquem expostas na web. “Um arquivo que a criança coloca no Google Drive, por exemplo, não terá a opção de ser compartilhado publicamente, o que impede que ele seja localizado na busca por qualquer pessoa”, afirma Diniz.

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