Facebook encerra teste de função que tira posts de páginas do feed de notícias

Em seis países, rede social testou recurso em que usuários viam apenas publicações pagas e feitas por amigos

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Por Agências
Atualização:
Novo recurso do Facebook pode ser acessado no menu lateral da rede social, apenas nas versões do aplicativo da empresa para dispositivos móveis Foto: Claudia Tozetto/Estadão

O Facebook disse nesta quinta-feira, 1º de março, que pôs fim a um teste de uma função que dividia o feed de notícias dos usuários em duas partes. Disponível em seis países, a função fazia com que apenas publicações pagas e feitas por amigos aparecessem para os usuários no feed principal; para ter acesso a posts de páginas e veículos de imprensa, era preciso buscar pelo Feed de Exploração, escondido em um menu do aplicativo da rede social. 

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A rede social disse que decidiu encerrar os testes porque as pessoas informaram ao Facebook que não gostaram das mudanças. "Ter dois feeds separados não ajudou com que as pessoas se sentissem mais ligadas a amigos e família", explicou Adam Mosseri, chefe do feed de notícias do Facebook, em um comunicado distribuído à imprensa. 

O tese começou em outubro na Bolívia, Camboja, Guatemala, Sérvia, Eslováquia e Sri Lanka. Segundo Mosseri, a empresa recebeu o feedback de que as linhas do tempo separadas "deixaram mais difícil para as pessoas ter acesso a informações importantes" e que os usuários não foram bem avisados sobre os testes pela rede social. 

Segundo ele, o Facebook vai revisar como testa mudanças, mas não disse como – questionada, a rede social não respondeu aos pedidos de comentários adicionais. "Espero que o Facebook tenha mais interesse no que está acontecendo nos países teste", disse o jornalista eslovaco Filip Struhárik, que criticou os testes, em sua página no Twitter. 

Em outubro, o jornalista que reportou que algumas páginas estavam "vendo quedas dramáticas em alcance orgânico" – alcance orgânico, no jargão do Facebook, é o número total de usuários que uma publicação consegue alcançar sem precisar pagar para chegar a mais pessoas. 

Mudanças. Desde o final de 2016, o Facebook tem sido criticado constantemente pelas estratégias adotadas para conter o fenômeno das notícias falsas, que tomaram a rede social nos últimos anos e influenciaram as eleições americanas que levaram à vitória de Donald Trump.

Em janeiro, o Facebook anunciou uma mudança em seu algoritmo, dando prioridade para publicações de amigos no lugar de páginas e veículos de imprensa como forma de combater as notícias falsas e deixar a rede mais agradável para os usuários. Para muitos especialistas, porém, algumas das medidas podem ter efeito contrário ao desejado, impulsionando ainda mais a circulação de informações inverídicas na rede social.

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A empresa tem sofrido críticas até do ex-presidente americano Barack Obama; na semana passada, ele defendeu que "Google e Facebook precisam passar por uma discussão pública sobre seus modelos de negócios, que reconheça que eles não são só um negócio, mas também um bem público."

Em sua fala, realizada em uma conferência em Boston, Obama descreveu as atividades das duas empresas como um duopólio – juntas, hoje as companhias dominam 84% do mercado global de publicidade digital, exceto a China, de acordo com dados da consultoria Group M. 

Segundo o ex-presidente, as duas empresas estão permitindo que cada pessoa entenda sua realidade de forma alternativa, o que pode ser prejudicial para a sociedade. "Eles não são uma plataforma invísivel, estão modelando nossa cultura e comportamento de inúmeras formas." 

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