Foxconn suspende compra da Sharp 'no último minuto'

Na manhã desta quinta-feira, 25, taiwanesa divulgou que precisava entender melhor a situação da Sharp; anteriormente, fabricante japonesa havia concordado com proposta da Foxconn

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Por Agências
Atualização:

Reuters

 

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A fabricante de celulares Foxconn pausou as negociações para adquirir a companhia de eletrônicos japonesa Sharp, nesta quinta-feira, 25. Segundo fontes, a empresa colocou a compra em suspenso após descobrir passivos ocultos da Sharp, colocando dúvidas sobre o que poderia ser a maior aquisição da história de um grupo japonês por uma companhia estrangeira.

Cheia de dívidas, a Sharp anunciara anteriormente na manhã da quinta-feira que teria concordado com a oferta da Foxconn, que é hoje a maior fabricante de iPhones do mundo. Em uma declaração a seus investidores, horas após a decisão da Sharp, a taiwanesa Foxconn afirmou que não assinaria o acordo antes de entender os termos de “novas informações” da Sharp, sem maiores esclarecimentos.

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Duas fontes com conhecimento direto do caso disseram que a empresa japonesa contém dívidas que podem valer “centenas de bilhões de ienes” – o equivalente a alguns bilhões de dólares. De acordo com as fontes, o acordo só será fechado se a Sharp explicar o que seriam essas dívidas, que não tiveram seu valor especificado. Procuradas pela Reuters, tanto Foxconn como Sharp recusaram-se a comentar o assunto.

Acordo. Ao anunciar que aceitava a proposta da Foxconn, a Sharp declarou que emitiria cerca de US$ 4,4 bilhões em novas ações, que dariam à taiwanesa uma participação de dois terços da empresa. O conselho administrativo da Sharp aprovou unanimemente a proposta da Foxconn. Ao todo, o investimento da Foxconn na japonesa chegaria a US$ 5,8 bilhões.

A oferta da Foxconn também foi vista com bons olhos pelos principais credores da Sharp – os bancos japoneses Mitsubishi e Mizuho. Segundo fontes, a Sharp, que já foi uma das principais fabricantes de eletrônicos do planeta, tem uma dívida de 600 bilhões de ienes (cerca de US$ 5 bilhões).

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Caso seja aprovado, o acordo ampliaria a condição da Foxconn como a maioria fornecedora da Apple, e permitiria à Sharp produzir telas de OLED em 2018, quando é esperado que a Apple introduza uma nova geração de displays para o iPhone.

Além disso, a compra também permitiria à Foxconn lançar sua linha própria de aparelhos, uma vez que a marca Sharp tem bom recall no mercado com produtos como TVs. Outra vantagem é que, com o controle da Sharp, a Foxconn poderia ajudar a Apple a eliminar a Samsung – principal rival da empresa de Tim Cook no ramo de smartphones – de sua lista de fornecedores.

Proteção. A suspensão, aos 45 minutos do segundo tempo, pausa um acordo que poderia ter marcado a conclusão de cinco anos de cortejos da Foxconn e de seu fundador, o bilionário Terry Gou, para abrir o mercado japonês de tecnologia, pouco afeito a estrangeiros.

Além da Foxconn, o INCJ, um fundo de investimentos estatal japonês, tinha o interesse em adquirir a Sharp – os planos do fundo eram de fundi-lo com a Japan Display, uma das principais fabricantes de telas do mundo hoje, unindo as duas empresas com o melhor da tecnologia nipônica. / REUTERS

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