Fundo de Warren Buffett investe US$ 1 bi na Apple

Conhecido por preferir negócios tradicionais, como Coca-Cola e Amex, megainvestidor rompe sua suposta ‘aversão’ a empresas de tecnologia

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Por Josh Funk
Atualização:
Risco. ParaBuffett, é mais fácil preverrumo de empresas de consumo do que de tecnologia Foto: Reuters

Os investidores já podem começar a questionar a longa aversão de Warren Buffett por ações de empresas de tecnologia. Ontem, o fundo de investimentos comandado por Buffett, o Berkshire Hathaway, informou ter comprado, em 31 de março, 9,8 milhões de ações da Apple – o equivalente a US$ 1,07 bilhão. O mercado reagiu com surpresa: Buffett sempre evitou o mundo da tecnologia porque, segundo ele, é difícil descobrir quais empresas vão se dar bem no longo prazo. 

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O investimento na Apple ocorre em momento em que as ações da empresa estão sob considerável pressão. A Apple sofreu uma desvalorização de bilhões desde que reportou, em abril, a primeira queda na história na venda de iPhones em um trimestre, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Após caírem 15% no mês passado, as ações da Apple subiram 3% no pregão de ontem.

Também se comentou recentemente que Buffett estudava participar de uma oferta para comprar o Yahoo. No entanto, o investidor disse apenas que entraria apenas como potencial parceiro de investimentos do fundador da Quicken Loans, Dan Gilbert. 

Monótono. Warren Buffett é conhecido por investir em empresas consideradas “monótonas”, mas das quais conhece bem o funcionamento, como a seguradora Geico, a financeira Wells Fargo, a Coca-Cola, a American Express e a empresa de doces See’s Candy. Ele evita investimentos em áreas das quais não conhece muito. 

Quando lhe perguntam sobre investimentos na área tecnológica, Buffett costuma justificar sua posição cautelosa citando os ramos de doces e refrigerantes. Ele diz achar difícil prever quais empresas de tecnologia serão valiosas no futuro porque o setor muda muito rapidamente, mas tem certeza de que barrinhas Snickers e Coca-Cola ainda serão populares daqui a décadas. 

“Todos os negócios realmente extraordinários são os mais difíceis de valorizar”, afirmou o investidor ao canal CNBC no ano passado. “É muito mais fácil para mim calcular quanto vale a Coca-Cola do que avaliar o Google, Facebook ou qualquer outra empresa do gênero.” 

A Berkshire revelou o novo investimento na Apple num documento enviado à autoridade responsável pela bolsa de valores nos EUA (SEC, na sigla em inglês) em que detalhava algumas mudanças em seu portfólio de US$ 129 bilhões. Mas o documento não revela quem fez o investimento na Apple. Além de Buffett, a Berkshire tem outros dois gerentes de investimentos, Todd Combs e Ted Weschler, cada um deles operando com cerca de US$ 9 bilhões. 

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Buffett diz que seus investimentos são geralmente os maiores do portfólio. Investimentos de menos de US$ 1 bilhão ficam com Ted Weschler ou Todd Combs. Nesta segunda, o investimento na Apple era avaliado em cerca de US$ 900 milhões, por causa da queda das ações em abril. 

A Berkshire também acrescentou a seu portfólio 198.853 ações da IBM no trimestre, totalizando 81,2 milhões. Buffett insiste em ficar na IBM mesmo com as ações da companhia sendo vendidas por menos que os US$ 170 que ele pagou pela maioria dos papéis que possui. Ao comprar as ações da IBM, em 2011, disse que via a empresa de serviços, com clientes mais fiéis, do que como uma empresa de tecnologia disputando consumidores com preços baratos. Hoje, a IBM está focada em software e serviços de tecnologia. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ

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