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Google pode passar ileso por possíveis penas da UE, dizem analistas

Apesar do engajamento de Margrethe Vestager, chefe da autoridade regulatória da União Europeia, em fechar o cerco contra gigante, será difícil acabar com posição privilegiada

Por Agências
Atualização:
A chefe da Comissão Europeia, Margrethe Vestager Foto: Reuters

Margrethe Vestager, a chefe da Comissão Europeia, autoridade regulatória antitruste da União Europeia, fez de sua missão no cargo acabar com abusos anticompetitivos das grandes empresas de tecnologia americanas – ela é responsável por multas bilionárias à Apple e à Alphabet, holding que controla o Google. Mas, apesar da disposição da reguladora, pode ser difícil reduzir o poder das gigantes americanas. 

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Hoje, a União Europeia tem três casos de investigações antitruste abertos contra o Google – o principal deles tenta apurar se a empresa usou da posição de dominância que tem no mercado de smartphones com o sistema Android para vender outros produtos, como o serviço de email Gmail, o Google Maps ou a loja de aplicativos Google Play. É bastante provável que a decisão final envolva uma multa bilionária e acordos para impedir que os fabricantes de celulares vendam aparelhos com os programas do Google já instalados. 

No entanto, na visão da indústria, é difícil apostar em um cenário em que isso não aconteça: hoje, muitos dos usuários já estão acostumados aos serviços da empresa, e os incentivos para permanecer a seu lado são grandes. Para Robert Marcus, sócio da empresa de investimentos Quantum Wave Capital, era "virtualmente impossível" que qualquer penalidade da União Europeia mudasse algo "substancial" para o Google. 

Hoje, o Google domina 90% do mercado europeu de buscas, o que mostra que há poucas alternativas para fabricantes ou consumidores que queiram fugir da empresa. Além disso, fabricantes dizem ser relutantes em não incluir aplicativos como Google Maps, mesmo se pudessem fazê-lo livremente. Um executivo de uma marca que faz celulares que não quis se identificar disse que as operadoras europeias disseram à empresa que não venderiam telefones sem o aplicativo de buscas ou a loja de apps Play Store. 

Além disso, as alternativas ao Android são escassas – há o iPhone e meio que ficou por aí. Para piorar, a empresa tem a opção de tentar forçar a barra com sua própria linha de smartphones, a Pixel, caso os novos acordos de licenciamento feitos após uma possível sanção da UE tornem o Android pouco atraente. 

Segundo Tom Moss, ex-funcionário do Google que escreveu partes dos contratos de licenciamento do Android, há dez anos, controles rígidos entre a gigante e as fabricantes eram necessários para garantir qualidade e experiências consistentes. Moss, que hoje trabalha com a Razer, reconhece que a manutenção "dessas práticas parece pesada, injusta e pouco competitiva." Ele complementou: "não é o fim do mundo para o Google" se a UE quiser mexer nos acordos. / TRADUÇÃO DE BRUNO CAPELAS

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