Dias após deixar a vice-presidência de operações globais da chinesa Xiaomi, o executivo brasileiro Hugo Barra já tem um novo emprego. Na manhã de ontem, ele foi anunciado pelo fundador e presidente executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, como o novo vice-presidente de realidade virtual (VR) da rede social.
“Hugo vai se juntar ao Facebook para liderar nosso time de realidade virtual, incluindo a equipe responsável pelo Oculus”, disse Zuckerberg, em um texto publicado em seu perfil no Facebook. O texto é acompanhado de uma caricatura de Zuckerberg e Barra sentados lado a lado. “Ele está na China agora, então estamos juntos aqui na realidade virtual”, brincou o executivo.
Barra respondeu à postagem dizendo que está “empolgado em voltar ao Vale do Silício”. Antes da Xiaomi, o brasileiro trabalhou no Google como vice-presidente de gerenciamento de produto do sistema operacional Android.
Entre suas missões no Facebook, Barra tentará popularizar o Oculus Rift, óculos de realidade virtual da empresa que ainda não deslanchou em vendas, um ano após seu lançamento. Além disso, Hugo poderá ajudar o Facebook a entender o mercado chinês, um dos poucos países do mundo no qual a rede social de Mark Zuckerberg não está presente.
Segundo o texto de Zuckerberg, Barra também será o responsável por desenvolver aplicações em realidade aumentada (AR), tecnologia que hoje é estudada pela Microsoft com o Hololens, mas não pelo Facebook. “Hugo e eu compartilhamos a crença de que as realidades virtual e aumentada serão a próxima grande plataforma de computação. Hugo vai ajudar a construir esse futuro”, disse Zuckerberg.
Saída. No início da semana, Barra publicou um texto no Facebook dizendo que estava deixando a Xiaomi para atuar em um novo projeto no Vale do Silício. “Os últimos anos vivendo em um ambiente tão singular tiveram um peso grande na minha vida e começaram a afetar minha saúde”, disse Barra em mensagem no Facebook. O executivo vai deixar sua posição na Xiaomi em fevereiro.
A Xiaomi chegou a ser brevemente a empresa iniciante de tecnologia mais valiosa do mundo, mas a companhia acabou sofrendo com a desaceleração nas vendas de smartphones.
No Brasil, a Xiaomi teve presença relâmpago: chegou com estardalhaço em junho de 2015, mas parece ter abandonado suas operações menos de dois anos depois. As redes sociais da empresa não publicam nada desde agosto de 2016. A reportagem do Estado procurou o serviço de assistência técnica da Xiaomi durante o dia de ontem, via telefone, e não foi atendida.
Em sites de comércio eletrônico, a vasta maioria dos produtos da empresa encontra-se esgotada. Procurada, a companhia não respondeu às solicitações até o fechamento desta edição. “Oficialmente, a empresa não deixou o País, mas a informação que temos é que eles encerraram as operações”, disse uma fonte.
Para fontes do mercado, a empresa errou na estratégia no Brasil, ao vender seus smartphones apenas pela internet. “O consumidor brasileiro gosta de pegar o celular na mão antes de comprar”, disse um analista, que preferiu não se identificar.