IBM abre código de software para governo chinês

Multinacional americana aceitou condição imposta pela China, que tenta evitar espionagem em sistemas e bancos de dados do governo

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Por Agências
Atualização:

REUTERS

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A norte-americana IBM, uma das principais empresas do setor de informática, liberou para o governo chinês o acesso ao código-fonte de alguns de seus softwares, de acordo com reportagem publicada ontem pelo jornal The Wall Street Journal. A IBM é a primeira empresa de tecnologia a atender as demandas da China, que tenta aumentar o controle sobre as tecnologias estrangeiras usadas no país.

De acordo com as fontes do jornal americano, o acesso ao software da empresa de informática é realizado de maneira controlada. Os funcionários do Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação da China entram em uma sala isolada, onde não é permitida a presença de qualquer outro tipo de dispositivo eletrônico. Eles podem acessar o código durante um tempo pré-determinado, que não permite uma análise profunda da tecnologia. É proibida a retirada do computador que contém o código-fonte da sala em questão.

A IBM confirmou que abriu o código-fonte ao governo chinês, mas destacou que o Ministério da China só pode acessar o conteúdo “em ambientes altamente seguros e controlados, sem nenhum tipo de comunicação externa.”

Com as medidas, a empresa tenta evitar o vazamento do código para outras pessoas ou empresas. O acesso ao código-fonte pode revelar parte fundamental da propriedade intelectual da empresa. Entre os americanos, há o receio de que informações sobre o software sejam compartilhadas com empresas chinesas de tecnologia.

“Procedimentos rigorosos estão em vigor em centros de demonstração de tecnologia para garantir que nenhum código fonte do software seja lançado, copiado ou alterado de forma alguma”, disse a IBM à Reuters.

Além disso, a empresa de tecnologia afirma que os dados de seus clientes estão sendo conservados e que não serão, em momento algum, divulgados para qualquer autoridade do exterior.

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As fontes ouvidas pelo The Wall Street Journal, entretanto, não confirmaram qual é o software que teve o código-fonte aberto para o governo chinês. Ainda não há informações sobre quantos funcionários do governo chinês têm acesso ao sistema. O governo da China não comentou o assunto.

As ações da IBM na bolsa de Nova York caíram 0,42% refletindo as revelações sobre o acordo com o governo chinês.

No passado, já circularam rumores de que a Microsoft teria feito um acordo semelhante com a China em 2010 para permitir acesso ao código-fonte do Windows 7, mas não há confirmação.

PREOCUPAÇÃO CHINESA

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A China começou a considerar sua dependência de tecnologia estrangeira como uma falha na segurança nacional após as denúncias sobre ações de espionagem feitas pelo ex-analista de sistemas da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA), Edward Snowden.

Em junho de 2013, o norte-americano informou que softwares desenvolvidos por empresas de tecnologia americanas possuíam as chamadas backdoors, recurso usado por aplicativos maliciosos para obter acesso remoto a computadores. O objetivo seria de espionar agentes e órgãos de governo de outros países. A partir de então, o governo chinês intensificou a pressão sobre as multinacionais americanas de tecnologia que atuam no mercado chinês. Entre as principais medidas adotadas está a exigência de que desenvolvedoras de software permitam que o governo chinês verifique os programas vendidos no país. /COM REUTERS

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