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?Internet das coisas? terá política nacional

Diretrizes para investimentos em áreas de prioridade serão apresentadas até dezembro

Por Thiago Sawada
Atualização:

Edilson Rodrigues/Agência Senado

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Até o final deste ano, o Ministério das Comunicações vai apresentar uma proposta que servirá como base para a criação do Plano Nacional de Comunicação entre Máquinas (M2M) e Internet das Coisas (IoT). O documento vai estabelecer diretrizes para estimular as empresas a investirem em projetos relacionados à “internet das coisas” em todo o Brasil.

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A internet das coisas – apelido dado à revolução tecnológica que vai conectar todos os dispositivos à nossa volta – entrou na pauta do governo brasileiro em outubro do ano passado. Desde então, fabricantes de equipamentos, empresas de telecomunicações, universidades, representantes do governo e da sociedade se reuniram três vezes para debater o potencial da tecnologia e os desafios locais para novos investimentos na área, considerada estratégica.

“A comunicação máquina a máquina tem potencial para beneficiar principalmente os países em desenvolvimento”, diz o secretário de telecomunicações do MiniCom, Maximiliano Martinhão. Segundo ele, a internet das coisas pode ajudar o Brasil a se tornar mais eficiente em diversos setores: com a conexão de máquinas à internet na indústria, a gestão pode acontecer em tempo real; na saúde, hospitais poderiam liberar e ocupar leitos com maior rapidez, de acordo com a evolução do estado dos pacientes.

Em julho, o grupo de estudo que trabalha com o governo definiu sete áreas prioritárias para investimentos: agricultura, cidades inteligentes, educação, energia, logística, saúde e produtividade industrial. Agora, o grupo se debruça sobre outros aspectos, como a regulação das empresas, a tributação de produtos e serviços, os requisitos de segurança dos dados e a capacitação de pessoas para trabalhar em projetos.

“É preciso ter uma regulação que proteja o consumidor, mas ela não pode inibir a criação de novas empresas”, diz a líder para a indústria de telecomunicações da consultoria Deloitte no Brasil, Marcia Ogawa. Segundo ela, embora a política seja importante para o País, as empresas não devem esperar para fazer investimentos, sob o risco de perder o bonde, já que o mercado está em rápida aceleração.

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Potencial. Segundo a consultoria IDC, o mercado global de internet das coisas deve alcançar US$ 1,7 trilhão em negócios até 2020. Outra consultoria global, a Gartner, aponta que, em cinco anos, mais de 20 bilhões de objetos – da geladeira da sua casa aos contêineres que transportam produtos pelo mundo – estarão conectados à rede.

O Brasil, segundo o MiniCom, já é o quarto maior mercado do mundo em conexões móveis entre máquinas. De acordo com dados de agosto da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), 2,5 milhões de dispositivos que transmitem dados para sistemas, sem intervenção humana, estão em operação no País. A previsão do governo é de que este número ultrapasse 1 bilhão até 2020.

Em relação aos projetos em andamento, o Brasil ainda dá seus primeiros passos. A maioria dos investimentos por aqui incluem o monitoramento de dados por meio de sensores, como de GPS ou de umidade, que enviam informações para um sistema gerenciado por pessoas. Em países desenvolvidos, onde as aplicações são mais maduras, os sistemas de gestão recebem dados dos sensores e tomam decisões baseados em um conjunto de algoritmos pré-programados.

A alta carga tributária é um dos principais entraves para os projetos. Apenas o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) responde por cerca de 40% dos custos dos terminais de comunicação. “Queremos fazer parcerias com os Estados para reduzir o ICMS para desenvolver o setor”, diz Martinhão.

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Até o momento, o único subsídio a dispositivos de comunicação entre máquinas no País foi o desconto de 80% da taxa do Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (Fistel). Ela é recolhida anualmente pela Anatel sobre qualquer aparelho de comunicação em operação.

Entraves técnicos. O Plano Nacional de Internet das Coisas também quer garantir a interoperabilidade dos sistemas, isto é, a capacidade de dispositivos fabricados por diferentes empresas se comunicarem.

Outro aspecto contemplado é a segurança das transmissões. De acordo com o professor de ciências da computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Antonio Loureiro, a maior parte dos dispositivos conectados – objetos equipados com sensores capazes de enviar informações – são vulneráveis, já que sua capacidade de processamento é limitada. “Isso impede o desenvolvimento de soluções de segurança sofisticadas”, diz o professor.

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Enquanto a internet das coisas envolver aplicações com menor risco às pessoas, a segurança não será tão importante. Num futuro não tão distante, porém, ela será decisiva.

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