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Lenovo tenta emplacar em smartphones para crescer

Grupo chinês, dono da marca Moto, trocou o comando da operação de smartphones e agora aposta em modelos de preços variados

Por Claudia Tozzeto
Atualização:
Lenovo adquiriu a Motorola em 2013 Foto: Reuters

A fabricante chinesa Lenovo, que lidera o mercado global de computadores com 20% das vendas, deu mais um passo em sua estratégia para explorar o mercado de dispositivos móveis. Ontem, a empresa lançou a quarta geração do Moto G, smartphone que ocupou por mais de um ano o topo da lista de smartphones mais vendidos no Brasil. Desta vez, a empresa anunciou três versões, com preços e públicos-alvo distintos. Trata-se de mais uma prova de que a fabricante quer diversificar suas apostas para ganhar relevância em um segmento no qual está longe de alcançar a liderança.

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A investida da Lenovo em smartphones ganhou força depois da compra da Motorola, em outubro de 2014. Após uma transação de US$ 2,91 bilhões com o Google, a fabricante chinesa pulou para a terceira posição global, mas acabou perdendo espaço para rivais, como a também chinesa Huawei, nos anos seguintes. 

Desde o ano passado, a empresa vem fazendo ajustes na estratégia para retomar o crescimento. Além de integrar a Motorola à sua divisão móvel – chamada de Mobile Business Group (MBG) –, a Lenovo trocou o principal executivo à frente da operação: no lugar de Rick Osterloh, então presidente da Motorola, assumiu em março o francês Aymar de Lencquesaing, executivo que passou por outras divisões da companhia desde 2013. “Sentimos que agora podemos acelerar o nosso crescimento, com a oferta de múltiplos dispositivos”, disse o vice-presidente do MBG, em entrevista exclusiva ao Estado (veja box ao lado).

Parte da estratégia da empresa já está em curso no Brasil, onde smartphones de duas marcas da Lenovo estão à venda. Em dezembro, a empresa lançou os dois primeiros aparelho da linha Vibe no mercado brasileiro, mas continua a comercializar também os modelos da linha Moto, que começarão, a partir de agora, a ser progressivamente substituídos por novas gerações. “Isso nos torna capazes de servir a mais consumidores. É isso que estamos fazendo no Brasil”, diz o executivo.

Preços. Um detalhe, porém, chamada a atenção. Os novos modelos do Moto G chegam com preços significativamente mais altos em relação à primeira versão do aparelho, que estreou nas lojas com preço de R$ 650, em 2013. Segundo a fabricante, a versão padrão do Moto G vai custar R$ 1,3 mil e o Moto G Plus, com algumas melhorias, terá preço de R$ 1,5 mil – a terceira, chamada G Play, ainda não tem valor definido. 

De acordo com fontes ouvidas pelo Estado, a empresa tenta levar a linha Moto para um segmento de smartphones pelos quais o consumidor pode pagar mais. “A Motorola teve um ‘boom’ nas vendas por oferecer boa experiência numa faixa de preço mais baixa”, disse uma das fontes. “Os aparelhos agora parecem estar sendo reposicionados.”

Com as mudanças, a Lenovo deverá apostar na linha Moto para os segmentos de maior valor agregado, enquanto tenta alavancar a marca Vibe entre os que buscam preços mais baixos – e que são menos “sensíveis” à marca.

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“Os celulares básicos ainda representam 35% do mercado e serão substituídos por smartphones em breve”, disse outra fonte, sobre o potencial da aposta. Apesar da migração, as vendas de smartphones no Brasil devem fechar 2016 em queda de ao menos 13%, segundo estimativa da consultoria IDC Brasil.

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