Facebook vai limitar acesso de terceiros a dados pessoais de usuários, diz Zuckerberg

Presidente executivo confirmou que Aleksandr Kogan e a Cambridge Analytica tiveram acesso a dezenas de milhões de dados de usuários; rede social fará auditoria em aplicativos suspeitos

PUBLICIDADE

Por Redação Link
Atualização:
Mark Zuckerberg é presidente do Facebook Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters

O presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, disse nesta quarta-feira, 21, que a rede social irá investigar todos os aplicativos que tiveram acesso a um grande volume de dados pessoais de usuários. O executivo também anunciou que fará uma auditoria completa em qualquer aplicativo com atividade suspeita e banir “qualquer desenvolvedor que não concorde com a auditoria”. As declarações do executivo foram publicadas em seu perfil oficial no Facebook, três dias após reportagens dos jornais The Observer e The New York Times revelarem um esquema de uso de dados de mais de 50 milhões de usuários da rede social pela empresa de inteligência Cambridge Analytica.

PUBLICIDADE

Zuckerberg também disse que irá restringir a quantidade de informações compartilhadas com terceiros para evitar casos semelhantes. “Vamos reduzir os dados que você dá a um aplicativo quando você assinar -- para apenas seu nome, foto de perfil e endereço de e-mail", afirmou. "Vamos exigir que os programadores não só sejam aprovados, mas também assinem um contrato para pedir a qualquer pessoa que dê acesso à suas publicações ou outros dados privados."

O executivo também disse que, a partir do próximo mês, o Facebook deixará mais claro para os usuários quais dados são usados pelos aplicativos terceirizados. “Vamos mostrar a todos uma ferramenta na parte superior do feed de notícias que terá os aplicativos usados no Facebook e uma forma fácil de revogar as permissões de uso de dados. Já temos uma ferramenta para fazer isso nas Configurações de privacidade e agora vamos colocar esta ferramenta na parte superior do feed de notícias para garantir que todos vejam”, completou.

Culpa. Na publicação, o executivo assumiu que a rede social errou quando não protegeu os dados dos usuários e que isso fez com que a Cambride Analytica tivesse acesso aos dados de “dezenas de milhões de usuários”. Mas que um ano depois da coleta de dados pela empresa inglesa, a rede social mudou a plataforma e começou a limitar os dados que poderiam ser acessados por aplicativos.

“Aplicativos como o de Kogan não poderiam mais pedir por dados de amigos de uma pessoa, exceto se esses amigos também autorizassem o app (depois de 2014", afirmou Zuckerberg. "Nós também exigimos que os desenvolvedores pedissem nossa aprovação antes que eles pedissem qualquer dado sensível das pessoas."

O executivo disse que em 2015 soube pelo The Guardian que a Cambridge Analytica tinha usado dados sem o consentimento dos usuários. O Facebook então baniu o aplicativo da plataforma e exigiu que a empresa confirmasse que eles tinham apagados todos os dados dos usuários. Segundo Zuckerberg, a empresa confirmou a exclusão.

Por fim, o fundador disse que soube por meio das reportagens publicadas nessa semana que a empresa de análise de dados não apagou as informações como tinha dito e, por isso, o Facebook proibiu a companhia de usar seus serviços.  Segundo Zuckerberg, a Cambridge Analytica concordou em sofrer uma auditoria por uma empresa contratada pela rede social.

Publicidade

Zuckerberg disse que entende que o episódio quebrou a confiança “entre o Facebook e as pessoas que partilham os seus dados conosco”. “Embora esse problema específico envolvendo a Cambridge Analytica não possa acontecer com novos aplicativos atualmente, isso não muda o que aconteceu no passado”, afirmou.

Entenda o caso. A empresa de análise de dados Cambridge Analytica colheu informações privadas de mais de 50 milhões de usuários do Facebook, em um esforço para beneficiar a campanha eleitoral do presidente americano, Donald Trump, em 2016, de acordo com reportagens publicadas pelos jornais The New York Times e The Observer, de Londres, no último sábado.

A empresa britânica de inteligência digital coleta e relaciona dados para ações de marketing digital feitas por companhias e políticos. No caso em questão, ela usou o método para desenvolver ações para influenciar o cenário político americano e favorecer Trump.

PUBLICIDADE

Atingir o objetivo só foi possível graças a uma parceria com outra empresa, a também britânica Global Science Research, liderada por Aleksandr Kogan, pesquisador da Universidade de Cambridge. Ele criou um quiz online, chamado This is your digital life (Esta é sua vida digital), que exigia que as pessoas conectassem sua conta do Facebook para ser acessado. Isso permitiu que o quiz de Kogan obtivesse informações pessoais dos usuários da rede social e de seus amigos.

Os dados obtidos por meio do teste foram vendidos pela Global Science à Cambridge Analytica, numa clara violação aos termos de uso do Facebook. Isso permitiu que a empresa de inteligência cruzasse dados com outras fontes e chegasse a um perfil preciso das pessoas, usado para enviar mensagens direcionadas – incluindo notícias falsas – para influenciar votos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.