Startup Neon Pagamentos fecha parceria com Banco Votorantim

Fintech de Pedro Conrade teve de escolher novo parceiro após liquidação judicial do Banco Neon na semana passada; serviços seguem fora do ar

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Por Mariana Lima
Atualização:
Depois de 17 de setembro, credores deverão solicitar o pagamento diretamente ao Banco Neon Foto: Neon

A Neon Pagamentos, antigo braço do Banco Neon S.A., anunciou que fechou parceria com o Banco Votorantim para que assuma a custódia e liquidação de todos os produtos financeiros da startup a partir desta segunda-feira 7. O novo banco é confirmado pela startup de serviços financeiros (fintech) três dias depois que o Banco Central anunciou a liquidação do Banco Neon, o que ocasionou a suspenção de parte das operações financeiras da Neon Pagamentos, do empreendedor Pedro Conrade. 

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"Decidimos pela solidez do grupo Votorantim e pela estratégia digital do banco que é muito alinhada aos nossos projetos", disse Conrade ao Estado. Conrade não quis dar mais informações sobre que tipo de acordo a startup fechou com o Banco Votorantim, nem se pretendem fazer uma nova joint venture, como aconteceu com o antigo parceiro. "O que posso dizer agora é que é um contrato de longo prazo que prevê novidades em breve", afirmou.

A liquidação extrajudicial do Banco Neon, anunciada na semana passada, ocorreu por conta de irregularidades encontradas pelo BC, tais como deficiência patrimonial e não observância das regras de lavagem de dinheiro. No entanto, conforme o regulador, a Neon Pagamentos, que emprestava o seu nome para o banco, não foi atingida e, com isso, poderá continuar a operar normalmente.

Para o Votorantim, conforme o diretor executivo do banco, Gabriel Ferreira, a parceria está alinhada à estratégia de diversificação da instituição. "Estamos confiantes que a parceria com a Neon, uma das fintechs mais inovadoras na reinvenção da experiência em serviços financeiros, é mais um importante passo em nossa estratégia de diversificação de negócios e transformação digital", avalia o executivo, em nota enviada à imprensa. O Estado procurou a empresa para mais esclarecimentos, mas o Votorantim se negou a dar entrevistas devido ao período de silêncio prévio ao anúncio de seus resultados financeiros no primeiro trimestre de 2018 – o balanço será divulgado nesta quinta-feira, 10. 

Ao contrário do Banco Neon, antigamente chamado de Banco Pottencial, o novo parceiro tem demonstrado, em seus últimos balanços divulgados ao mercado, que está saudável financeiramente. O mais recente resultado financeiro, divulgado em fevereiro deste ano, mostrou que o banco fechou o quarto trimestre do ano passado com um lucro líquido de R$ 156 milhões em caixa.

Entre as novidades apresentadas aos investidores do Votorantim no balanço estava a aplicação em grandes fintechs brasileiras, como oGuiaBolso, além de um aporte de R$ 1 milhão por meio do Fundo BR Startups na QueroQuitar!, fintech de negociação online de dívidas e educação financeira.

Especialistas ouvidos pelo Estado concordam que a escolha pela Votorantim foi uma das melhores opções para o Banco Neon. Guilherme Horn, diretor de inovação da consultoria Accenture, é um dos que partilham da ideia. "O Neon escolheu uma instituição financeira sólida, que tem uma governança bem estruturada e que está passando por uma transformação digital", disse.

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Retorno dos produtos. Apesar do anúncio da parceria, os usuários da Neon ainda não estão conseguindo fazer transações entre bancos, usar cartões de créditos e pagar boletos bancários. Conrade, diz que isso acontece porque o processo de integração entre a plataforma da startup e a do novo banco ainda está sendo feita tecnicamente.

"Não temos uma data exata para o reestabelecimento de todas as atividades", disse Conrade. "Mas nossa equipe está trabalhando nisso 24h por dia". A empresa lançou em seu site uma ferramenta que indica para os clientes quais funções já foram reestabelecidas. 

Segundo o empreendedor, os 5 mil cartões de crédito da startup, que foram cancelados na sexta-feira, não são prioridades no momento. O foco, diz Conrade, é retomar produtos para usuários que contam com dinheiro em caixa para que retomem pagamentos e transferências bancárias, por exemplo, já nos próximos dias.

Os tipos de investimentos disponíveis na plataforma e previstos para serem ampliados até o meio do ano, também terão data revista. Já os usuários que tinham aplicações de CDB pela plataforma devem saber esta semana a data de restituição dos valores pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC).

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Crise. Os clientes da Neon deixaram de usar parte de seus serviços na manhã de sexta-feira, quando o Banco Central anunciou a liquidação extrajudicial do Banco Neon, antigo Pottencial. A intervenção foi justificada pelo comprometimento da situação econômico-financeira e existência de graves violações às normas legais do banco.

A notícia caiu como uma bomba no mercado – ainda mais considerando o fato de que, 24 horas antes, a startup tinha anunciado o recebimento de uma rodada de investimentos série A de R$ 72 milhões, a maior desse tipo já recebida pelo segmento de fintechs no Brasil. / COLABOROU ALINE BRONZATI

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