Brasileira Netshoes abre capital na bolsa de Nova York

Com oferta inicial de ações, empresa brasileira de comércio eletrônico tenta arrecadar US$ 148,5 milhões

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Por Claudia Tozzeto
Atualização:
Márcio Kumruian, fundador da Netshoes, na abertura de capital de sua empresa na bolsa de Nova York Foto: Alexandre Yamada/Netshoes

As ações da empresa brasileira de comércio eletrônico Netshoes, dona dos sites Netshoes e Zattini, estrearam na Bolsa americana ontem em queda acentuada. Os papéis começaram a ser negociados a US$ 18, mas sofreram desvalorização e fecharam o dia valendo US$ 16,10, um recuo de 10,5%.

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O cofundador e presidente executivo da Netshoes, Márcio Kumruian, tocou o sino para a abertura do pregão ao lado de Hagop Chabap, outro cofundador da companhia.

A empresa colocou 8,25 milhões de ações ordinárias à venda em seu IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês), numa tentativa de arrecadar US$ 148,5 milhões. A oferta será encerrada em 18 de abril. Procurada pelo Estado, a Netshoes não se pronunciou sobre o desempenho da operação até o fechamento desta edição.

O primeiro dia na Bolsa não deve ser usado como “termômetro” de sucesso, na opinião do professor da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), Gilberto Sarfati. “Não dá para esperar que as ações da Netshoes sejam badaladas nos Estados Unidos”, diz. “Boa parte da receita da empresa está concentrada no Brasil.”

A escolha da Bolsa de Nova York para abrir capital, porém, foi estratégica, já que os planos da empresa são de ampliar sua presença no exterior. Para Sarfati, a abertura de capital vai ajudar a empresa de comércio eletrônico a acelerar sua expansão internacional, que começou em 2011, com o início da operação no México.

“Poucas empresas brasileiras pensam em internacionalização”, diz Sarfati. “Esse capital novo vai dar o gás que a Netshoes precisa para acelerar esse processo.”

Esporte. Fundada em 2000 por Kumruian e Chabap, a empresa nasceu como varejista de artigos esportivos. Sete anos depois, entretanto, mudou de estratégia e fechou todas as suas lojas físicas para dedicar-se apenas ao e-commerce. Em 2014, a companhia lançou a Zattini, site de comércio voltado para moda e beleza.

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Nos documentos entregues à Securities and Exchange Commission (SEC), órgão regulador do mercado de capitais nos Estados Unidos, a Netshoes informou que alcançou receita líquida de R$ 1,74 bilhão em 2016, alta de 15,2% em relação ao ano anterior. Em 2016, o prejuízo acumulado da empresa foi de R$ 151,9 milhões, 52% superior ao registrado em 2015. “A operação da empresa ainda não é lucrativa, o que também influencia na demanda no IPO”, pondera Sarfati.

No total, os dois sites de comércio eletrônico da companhia – que operam no Brasil, na Argentina e no México – têm 5,6 milhões de usuários ativos.

Inspiração. Além da entrada de capital novo na empresa, o IPO da Netshoes também deverá trazer benefícios para o Brasil. Como a companhia é o primeiro exemplo de uma startup brasileira a abrir seu capital no exterior, isso poderá incentivar outros empreendedores.

“Eles passaram por todo o ciclo de crescimento, do investimento anjo até o IPO”, diz Sarfati. “O Brasil é carente de exemplos de sucesso e esse marco pode ‘abrir a porteira’ para outras startups.”

Abrir o capital estava nos planos da Netshoes pelo menos desde 2013, mas as condições adversas do mercado atrapalharam a empresa. A confirmação do pedido de IPO ocorreu em março.

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