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Novos sócios não são foco da Oi nesse momento, diz presidente

Segundo Schroeder, prioridade é renegociar dívida da empresa, que supera a marca de R$ 65 bilhões

Foto do author Circe Bonatelli
Por Circe Bonatelli (Broadcast) e Claudia Tozzeto
Atualização:
Em carta de demissão, executivo cita desafios e dificuldade nos últimos meses. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

O presidente da Oi, Marco Schroeder, afirmou ontem que buscar um novo sócio não é a prioridade da operadora no momento, mas sim a renegociação de sua dívida de mais de R$ 65 bilhões com os cerca de 67 mil credores nacionais e estrangeiros. “Não acredito que (a conversa para uma venda) vá evoluir dentro da rapidez que a negociação da dívida exige”, afirmou o executivo em entrevista à imprensa durante a Futurecom, maior evento do setor de telecomunicações na América Latina.

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A afirmação contraria o desejo do governo. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) coordena um grupo de trabalho interministerial que busca resolver a recuperação judicial da Oi e defende uma “solução de mercado” para a operadora. “O ideal é que alguém fizesse um investimento na empresa, mas isso é o desejado. A solução é muito delicada”, disse o presidente da Anatel, Juarez Quadros, em entrevista recente ao Estado.

Para o presidente da Oi, além da pressa na recuperação judicial, outro fator que impede a entrada de um novo sócio na Oi é a revisão da Lei Geral de Telecomunicações. Atualmente, um projeto de lei, que propõe uma reforma do marco regulatório do setor, está em discussão na Câmara. “Um investidor interessado em colocar capital na empresa quer ter um cenário mais claro em termos de compromissos”, disse Schroeder. “Um desenho de longo prazo do setor de telecomunicações no Brasil é essencial.”

Ativos. Segundo Schroeder, a venda de ativos no País também não está nos planos da Oi – atualmente, a empresa detém uma rede de 348 mil quilômetros de fibra óptica espalhados em todo o País, que pode interessar a outras operadoras (leia mais ao lado). “Não acredito em venda de ativos aqui dentro do Brasil nesse momento”, disse o executivo.

A operadora, porém, está em busca de investidores e grupos empresariais interessados na compra de ativos no exterior – a Oi detém participação em operadoras móveis que atuam em Timor, Angola, Cabo Verde, Namíbia e São Tomé e Príncipe, que não são consideradas estratégicas. “Pode ser fonte de recursos para ajudar a redesenhar a empresa, mas só vamos vender a preço justo, não por uma questão de rapidez.”

O presidente da Oi acrescentou que a companhia não conta com aportes do governo federal para sair da recuperação judicial. “Nunca consideramos o uso de dinheiro público”, disse Schroeder. Ele também afastou expectativas de uma potencial intervenção da Anatel. A agência pode intervir na empresa, caso considere que a concessionária não esteja cumprindo adequadamente os serviços de telefonia fixa previstos por lei. “Não acredito na necessidade de intervenção”, diz o executivo. “Nossa qualidade operacional está melhorando, estamos fazendo os investimentos e não estamos perdendo clientes.”

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