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Pesquisador que vendeu dados diz que pode processar Facebook

Em entrevista a site, Aleksandr Kogan diz que não é espião russo e que empresa de inteligência não conseguiria manipular eleições americanas com dados pessoais de usuários do Facebook

Por Redação Link
Atualização:
Facebook teve relação prévia com Kogan antes do escândalo Foto: Reuters

O pesquisador da Universidade de Cambridge, Aleksandr Kogan, afirmou que pode processar o Facebook por difamação, após o escândalo sobre o uso ilícito de dados pessoais de mais de 87 milhões de usuários da rede social pela empresa de inteligência Cambridge Analytica, revelado em março. Em entrevista ao site BuzzFeed News, Kogan disse que o Facebook afirmou ao jornal The New York Times que ele tinha praticado fraude, ao coletar os dados por meio de seu quiz This is your digital life e depois vendê-los à empresa britânica.

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De acordo com o pesquisador, ele pagou US$ 4 para cada usuário que respondeu o questionário do quiz e, em seus termos de uso, estava escrito que os dados seriam usados para fins comerciais. Ainda segundo o pesquisador, quando seu contrato com a Universidade de Cambridge terminar no fim de 2018, ele não deve conseguir outro emprego de pesquisador em universidades e empresas, como consequência do escândalo. Ele aproveitou a entrevista para afirmar que, ao contrário do que dizem, ele não é um espião russo.

Na entrevista, Kogan também revelou que tinha um relacionamento muito próximo com o Facebook antes do escândalo. Ele afirmou que fez diversas visitas à sede da rede social em Menlo Park, no Vale do Silício, para falar com os funcionários sobre suas pesquisas. Ele afirmou ter sido contratado pelo Facebook como consultor por uma semana em 2015 e que colaborou com uma série de pesquisas com Pete Fleming, que hoje é o chefe de pesquisas do Instagram.

Em nota enviada ao BuzzFeed News, o Facebook afirmou que a relação entre Kogan e o Facebook não foi revelada antes, porque "em nenhum momento entre 2013 e 2015 o Facebook esteve ciente da colaboração de Kogan com a Cambridge Analytica."

Impacto. Durante a entrevista, Kogan afirmou que as pessoas acreditam que os dados tenham ajudado a Cambridge Analytica a eleger Trump, mas que isso não seria possível. "As pessoas estão preocupadas somente agora com essa história, porque acham que isso poderia influenciar eleições ou que suas mentes poderiam ser controladas, mas esse não é o risco real", afirmou Kogan, ao site. Segundo pesquisador, as pessoas "acordaram" para as preocupações com privacidade e sobre como seus dados são compartilhados com terceiros sem o devido consentimento.

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