‘Queremos resolver os problemas de forma colaborativa’, diz diretor do WhatsApp

Para Matt Steinfeld, é preciso esclarecer às autoridades judiciais sobre como o serviço de mensagens funciona

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Por Claudia Tozzeto
Atualização:
WhatsApp entrou com recurso para reverter a determinação de bloqueio do serviço por 72 horas Foto: Reuters

Na tarde desta segunda-feira, 2, o serviço de mensagens WhatsApp teve o seu funcionamento interrompido em todo o País após uma decisão judicial. Em entrevista ao Estado, o diretor de comunicação global do aplicativo, Matt Steinfeld, disse qual a percepção da empresa sobre o ocorrido, como pretende se posicionar e quais serão os próximos passos da empresa.

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O WhatsApp diz que não tem as informações que a Justiça pede. O sr. pode explicar por quê?

Recentemente, o WhatsApp anunciou a criptografia de ponta a ponta por padrão em todas as mensagens. Isso significa que, quando uma pessoa envia uma mensagem usando o WhatsApp, somente ela e o destinatário podem ler essa mensagem. Quando essa mensagem é enviada, ela é embaralhada em um código de letras e números. Assim, mesmo que seja interceptada, ninguém consegue entendê-la. Ninguém pode ter acesso ao conteúdo daquela mensagem e isso inclui o WhatsApp. Nós não temos como decodificar a mensagem, assim como qualquer hacker.

Vocês armazenam metadados sobre os usuários?

Nós tipicamente não coletamos muitos dados sobre os usuários. Quando você se cadastra no WhatsApp, você informa o número do seu telefone e nós temos essa informação. Quando falamos em metadados, nós não armazenamos essas informações em nossos servidores.

Vocês estão cientes de que o Marco Civil da Internet exige a guarda de metadados?

Nós sempre procuramos manter o serviço o mais simples possível e o fato de não armazenarmos essas informações nos permite oferecer um aplicativo mais rápido e confiável. É a forma como oferecemos o serviço em todo o mundo.

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De que maneira o WhatsApp tem colaborado com a Justiça brasileira para evitar bloqueios?

Um grupo de pessoas do WhatsApp está no Brasil nesta semana para se reunir com oficiais, autoridades e promotores de Justiça para adotar uma política mais aberta de comunicação com as autoridades. Queremos ajudar a esclarecer mal entendidos ou dúvidas sobre o serviço. Nossa esperança é que uma comunicação mais clara permita que possamos trabalhar juntos para resolver os problemas de forma colaborativa.

Vocês recorreram da decisão?

Sim, nós recorremos. Não estou certo de quando teremos uma resposta da Justiça, mas nós entramos com um recurso ontem, e a ordem de bloqueio é de 72 horas. Nós esperamos reverter essa decisão antes disso.

O WhatsApp já enfrentou situação similar em outros países?

Alguns recursos foram bloqueados por um período de tempo, mas o Brasil é muito importante para nós, com mais de 100 milhões de usuários. Nós realmente queremos que isso não se repita.

Qual a estratégia da companhia para prevenir novos bloqueios em breve?

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Estamos nos encontrando com oficiais, advogados e promotores no Brasil para responder suas perguntas, entender suas preocupações. Podemos fazer um trabalho melhor para educar as pessoas a respeito de como o serviço funciona e o que somos capazes de fazer para atender as ordens judiciais.

Vocês já pensaram em parar de oferecer o serviço no Brasil?

Não. Nossa esperança é de continuar crescendo e que o Brasil continue a ser um dos maiores mercados.

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