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Saiba por que a SoftBank criou um fundo de US$ 100 bi para startups

Fundador da japonesa Softbank e Arábia Saudita lançam fundo para investir US$ 93 bi em tecnologia em 5 anos

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Por Redação
Atualização:
Masayoshi Son, fundador e presidente executivo da japonesa SoftBank Foto: Reuters/Paul Hanna

“Estou há 60 anos na Terra e ainda não realizei nada de que possa me orgulhar”, revelou recentemente Masayoshi Son, fundador e CEO do grupo japonês de telecomunicações SoftBank. Agora o empresário já tem dinheiro suficiente para deixar uma marca no universo: em 20 de maio, o SoftBank e o fundo soberano da Arábia Saudita, juntamente com alguns investidores menores, entre os quais Apple e Sharp, lançaram o maior fundo de investimentos em tecnologia do mundo, com um capital de quase US$ 100 bilhões. Onde Son e equipe aplicarão essa fortuna?

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A visão do empresário não é menos imponente do que seu veículo de investimentos. Dentro de 30 anos, prevê ele, o mundo será povoado por bilhões de robôs, muitos deles mais inteligentes que os seres humanos. É uma perspectiva que explica algumas das aquisições recentes do SoftBank, muitas das quais provavelmente integrarão a carteira do novo fundo de investimentos. A ARM, desenvolvedora britânica de chips, adquirida pela bagatela de US$ 32 bilhões no ano passado, projetará os cérebros dos robôs. A OneWeb, uma startup de satélites, na qual o SoftBank comprou uma participação de 40% por US$ 1 bilhão em dezembro, ficará encarregada de conectá-los. Já a Nvidia, outra desenvolvedora de chips em que o SoftBank comprou uma grande fatia por, segundo fontes do mercado, US$ 4 bilhões, terá a incumbência de fornecer os processadores para os serviços de inteligência artificial.

A equipe responsável por gerir o fundo, que deve chegar a 100 pessoas, já mira uma dezena de outros investimentos. Para completar a carteira, o fundo provavelmente ainda fará por volta de mais 40 negócios, embora nem todos congruentes com visão de Son (estão previstos investimentos em empresas de biotecnologia, por exemplo). Os valores aplicados em cada um desses novos negócios devem variar entre US$ 500 milhões e US$ 3 bilhões, mas não está excluída outra aquisição do porte da ARM. O fundo tem cinco anos para investir seus recursos e permanecerá em atividade por um máximo de 14 anos.

Realizar tantos investimentos num setor tão ágil como o de tecnologia é, por si só, tarefa bastante desafiadora. Um fator de complicação adicional é a provável influência dos sauditas, que prometeram injetar até US$ 45 bilhões no fundo: a Arábia Saudita parece ver a iniciativa como uma forma de levar adiante seu plano de diversificar a economia do país (fontes que conhecem detalhes da configuração do fundo negam, porém, que os sauditas tenham poder de veto nas decisões de investimento). Outro complicador é o fato de Son ter prometido a Donald Trump investir US$ 50 bilhões e criar 50 mil postos de trabalho nos EUA. Potenciais conflitos de interesse também terão de ser administrados: o SoftBank investirá US$ 28 bilhões no fundo, US$ 8,2 bilhões dos quais sob a forma de uma participação na ARM, com o restante da desenvolvedora de chips permanecendo sob o controle da empresa de Son.

Investidores que atuam no setor de tecnologia veem o fundo com um misto de ceticismo e avidez. Muitos avaliam que, com exceção da participação que o SoftBank adquiriu no Alibaba em 1999, quando o gigante de comércio eletrônico chinês estava iniciando suas atividades, falta a Son um histórico de investimentos bem-sucedidos em tecnologia. “É complicado uma pessoa que não tem muita experiência prévia em capital de risco chegar com US$ 100 bilhões no bolso e querer ir às compras”, debocha um executivo que atua num dos mais ilustres fundos de capital de risco do Vale do Silício.

Por outro lado, o fundo de Son, cujos recursos superam todos os investimentos feitos pelos fundos de capital de risco americanos em 2016, pode ajudar esses investidores a resolver a chamada “questão dos unicórnios”: como se desfazer lucrativamente de participações em startups de tecnologia avaliadas em mais de US$ 1 bilhão.

© 2017 THE ECONOMIST NEWSPAPER LIMITED. DIREITOS RESERVADOS. TRADUZIDO POR ALEXANDRE HUBNER, PUBLICADO SOB LICENÇA. O TEXTO ORIGINAL EM INGLÊS ESTÁ EM WWW.ECONOMIST.COM

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