Tim Cook ameaçou tirar Uber da loja virtual da Apple

Aplicativo de caronas pagas estaria rastreando iPhones, contrariando os termos da App Store

PUBLICIDADE

Por Agências Internacionais
Atualização:
Tim Cook é CEO da Apple desde 2011, quando ocupou o cargo após a morte de Steve Jobs. Foto: Divulgação

A Apple ameaçou remover o aplicativo do Uber de sua loja virtual em 2015, de acordo com reportagem do jornal americano The New York Times do último domingo, 23. De acordo com a fabricante do iPhone, o aplicativo de caronas compartilhadas estaria violando os termos de uso da loja do iOS ao rastrear iPhones mesmo depois que o aplicativo da empresa tivesse sido apagado e o smartphone restaurado.

PUBLICIDADE

De acordo com o jornal, Tim Cook, CEO da Apple, teria solicitado reunião presencial com Travis Kalanick, chefe do Uber, para pedir que a empresa alterasse o funcionamento de seu aplicativo, caso contrário ele seria excluído da App Store. O ultimato se deu porque o Uber estaria escondendo dados sobre o funcionamento de seu aplicativo dos engenheiros da Apple.

O Uber, em comunicado, negou as acusações e afirmou que não rastreia usuários nem sua localização após deletar o aplicativo. A companhia se justificou alegando que somente usa medidas de segurança para evitar que ladrões usem o aplicativo em um celular roubado, cadastrem um cartão de crédito de outra pessoa e façam corridas caras, deletem o aplicativo em seguida.

No entanto, a reportagem aponta que o Uber iniciou a técnica de rastreamento em 2014, após uma onda de fraudes, principalmente na China, onde motoristas usavam iPhones roubados para criar contas falsas e pedir corridas para si mesmos. Como a companhia dava uma bonificação àqueles que aceitavam muitos chamados de clientes, os motoristas aumentavam seus lucros sem ter que dirigir muito.

Para boicotar a fraude, o Uber usou uma ferramenta chamada de “fingerprinting”, capaz de identificar o código dos iPhones cadastrados, mesmo após a restauração. Como a Apple Store proíbe tal ação, a empresa de Kalanick criou uma cerca virtual em torno da sede da Apple para impedir que os engenheiros vissem os códigos de rastreamento. No entanto, quando engenheiros de fora da área olharam o aplicativo do Uber, a ação foi descoberta e Tim Cook convocou o encontro com o CEO da empresa de caronas.

Crise. A reportagem do The New York Times é um perfil de Travis Kalanick feito com base em relatos de 50 pessoas que conviveram com ele. O raio-x do CEO vem em um momento instável para o Uber, que acaba de perder o sexto executivo desde dezembro de 2016. No dia 18, Sherif Marakby, vice presidente do programa global de veículos, saiu da empresa.

A companhia de caronas pagas sofre, também, com as acusações de assédio. Em fevereiro, uma engenheira do Uber denunciou um caso de assédio sexual sofrido dentro do ambiente de trabalho. Após a denúncia, o Uber começou uma investigação interna para investigar casos de assédio.

Publicidade

Em dezembro de 2016, a empresa também sofreu um boicote de consumidores norte-americanos após Travis Kalanick, presidente executivo do Uber, ter aceitado integrar a equipe de conselheiros econômicos do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Após perder 200 mil usuários em poucos dias, Kalanick deixou a posição no governo.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.