PUBLICIDADE

TIM investe em expansão de redes 4G para ‘virar a página’

Cobertura de 4G da segunda maior operadora do País chegou a 2 mil cidades; expansão é início de plano para deixar ‘tempos de Judite’ para trás

Por Bruno Capelas
Atualização:
Hoje, a TIM ocupa o segundo lugar no mercado geral de telefonia móvel no Brasil, com 61 milhões de linhas Foto: TIM

A operadora TIM superou o número de 2 mil cidades brasileiras com cobertura de redes da quarta geração da telefonia móvel (4G). A informação, obtida com exclusividade pelo Estado, será revelada pelos executivos da operadora nesta quarta-feira, 26, durante a conferência de resultados do segundo trimestre. Com a marca, a TIM amplia sua vantagem com relação à concorrência no 4G – segundo dados da consultoria Teleco, as concorrentes Vivo e Claro têm cobertura 4G em 1.477 e 1.133 cidades, respectivamente.

Com a expansão do número de cidades, a operadora quer mostrar para o mercado que vive uma nova fase, longe dos problemas e piadas que marcaram a operadora há alguns anos. “Não tem mais Judite”, diz Leonardo Capdeville, diretor de operações da TIM. A frase faz referência a um vídeo estrelado pelo humorista Fábio Porchat em 2013, que fazia troça da baixa qualidade dos serviços da operadora.

PUBLICIDADE

Apesar de ser líder em cobertura na tecnologia, a operadora ainda fica em segundo lugar em número de usuários. De acordo com dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a TIM tem 20,5 milhões de linhas 4G ativas, o que a coloca atrás da Vivo, que hoje possui 26,6 milhões de usuários.

No início da década, os números pareciam impensáveis para uma operadora que chegou a ser proibida de vender chips em 19 dos 27 Estados do País, por conta da baixa qualidade das redes de voz e dados. Em 2011, as concorrentes Claro e Oi também foram impedidas de comercializar chips em três e cinco Estados, respectivamente. Apenas a Vivo saiu ilesa na ocasião. “Nós chegamos atrasados na cobertura do 3G e tivemos alguns atropelos pelo caminho”, diz Capdeville. “Quando o ciclo do 3G começou a perder força, percebemos que era preciso ir em frente.”

Quase dois anos após começar a investir em 4G, a operadora decidiu usar um de seus principais recursos para avançar mais que as rivais. Em vez de usar apenas a frequência de 2,5 GHz, a operadora passou a usar a frequência de 1,8 GHz -- antes usada para operar as redes 2G, já obsoletas -- para ampliar a rede 4G com maior rapidez e menor investimento. Na prática, ao adotar uma frequência mais baixa, a operadora precisa instalar um número menor de estações rádio-base para cobrir uma determinada área.

“Temos mais espectro nessa frequência do que outras empresas”, diz o executivo. “E ela oferece uma cobertura mais ampla do que a frequência de 2,5 GHz usados hoje no 4G.” Isso permitiu que a empresa ganhasse fôlego para expandir sua rede pelo País. Mais tarde, outras operadoras, como Claro, Vivo e Nextel, também passaram a usar a frequência para operar a telefonia móvel de quarta geração.

A mudança deu resultados: segundo dados da consultoria OpenSignal, que monitora a qualidade das redes de telefonia móvel em todo o mundo, a TIM lidera em disponibilidade do 4G no Brasil. A métrica considera a quantidade de vezes que o usuário consegue se conectar à rede da operadora. No caso da TIM, a taxa de sucesso é de 65%. 

Publicidade

No entanto, no mesmo ranking, revelado pela consultoria no final de junho, a rede da TIM fica na lanterna quando o assunto é velocidade no 4G, com média de 13,47 megabits por segundo (Mbps), enquanto a líder Claro tem 29,21 Mbps. Para um analista que preferiu não se identificar, a empresa precisa trabalhar firme na qualidade do sinal antes que os clientes percebam e migrem de operadora.

Em 2011, Anatel proibiu TIM de vender chips em 19 Estados do Brasil Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Pré-pago. O 4G é a da empresa hoje para se livrar também de outra de suas marcas: a de só ter usuários pré-pagos, que gastam menos com telefonia móvel. Hoje, a TIM ainda é líder nesse segmento com 45 milhões de linhas, o que representa mais de 70% de sua base – a operadora fechou o mês de maio com cerca de 15 milhões de contas no pós-pago.

O número de linhas pré-pagas vem caindo. Desde o início do ano, a operadora perdeu 3,2 milhões de clientes. Os motivos incluem o fim do efeito clube -- quando o usuário usa dois ou mais chips no mesmo celular --, a crise econômica e a popularização de aplicativos de mensagens no WhatsApp. No mesmo período, a empresa ganhou pouco mais de 700 mil assinantes de planos pós-pagos.

“O que a TIM precisa fazer é migrar os seus usuários do pré-pago para gerar mais receita, e isso só se faz com melhoria de experiência do cliente”, diz Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Para Ricardo Distler, diretor executivo da consultoria Accenture Strategy, o esforço de expansão de cobertura ajuda nesse sentido. “Quando o usuário vai para a praia ou para o sítio, ele quer ter sinal”, diz o especialista. “É melhor uma operadora investir no País todo do que focar em ter a melhor rede só em São Paulo, Rio ou Brasília.”

Longo prazo. Para Tude, da Teleco, a TIM precisa pensar no que fazer no longo prazo para se diferenciar das rivais – segundo o analista, a previsão é de que a vantagem “territorial” da empresa no 4G seja extinta nos próximos dois anos. “Áreas como atendimento ou serviços de valor agregado podem ajudar a fidelizar usuários, mas em tecnologia, a briga tem tempo para acabar.”

A principal aposta da empresa, segundo Capdeville, é a ampliação das redes 4G na frequência dos 700 MHz, que é ocupada pelo sinal de TV analógico -- em algumas capitais, como São Paulo e Brasília, o sinal analógico já foi desligado. A faixa dos 700 MHz é considerada estratégica não só por aumentar o espaço do 4G, mas também por permitir uma cobertura de área quase quatro vezes maior que a dos 2,5 GHz com a mesma quantidade de antenas.

Publicidade

“Além disso, a cobertura também melhora dentro de casas e prédios com os 700 MHz”, explica Capdeville. “Com a melhora na cobertura, o usuário se sente mais à vontade para usar mais dados, e isso nos ajuda.”No momento em que a receita com chamadas de voz cai, as operadoras têm se tornado mais dependente da receita com a venda de internet móvel. 

Até agora, os números são bons: em Brasília, por exemplo, uma das poucas capitais onde os 700 MHz já estão liberados para o 4G, houve crescimento de 60% no tráfego de dados da TIM no primeiro mês após a liberação da faixa. Em São Paulo, porém, a expansão da rede deve demorar: segundo a Anatel, a faixa só deve ser liberada para as operadoras em julho de 2018.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.