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Uber analisa três propostas de compra de ações da companhia

Grupo japonês Softbank está entre os interessados em se tornar investidor do aplicativo de carona paga, que ainda vive crise com falta de uma liderança clara após saída de Travis Kalanick

Por Redação Link
Atualização:
Aplicativo do serviço de carona paga Uber Foto: Bruno Capelas/Estadão

O conselho de administração do aplicativo de carona paga Uber está analisando três propostas de grupos de investidores interessados em comprar ações do serviço. De acordo com o jornal The New York Times, na semana passada o conselho votou em uma reunião privada que seguiria adiante em relação ao interesse do grupo japonês SoftBank. Além disso, a empresa está considerando um investimento de um consórcio liderado por Shervin Pishevar, um dos primeiros investidores da empresa, e uma terceira proposta do Dragoneer Investment Group.

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Como o Uber ainda não abriu capital na Bolsa de Valores, todas as ofertas consideram comprar ações de alguns dos acionistas atuais da empresa, de acordo com as fontes do jornal, ao contrário de a empresa emitir novas ações. Após o aceite do conselho em considerar a compra das ações, os três grupos devem iniciar o processo de due diligence -- que envolve a análise completa de informações financeiras da empresa, bem como acesso a detalhes da estratégia e planos para o futuro.

A oferta dos três grupos ocorre em meio à crise do Uber, que depois de enfrentar uma série de escândalos (confira a galeria de fotos abaixo), ficou sem presidente executivo e, atualmente, tem enfrentado uma disputa interna entre o conselho e investidores. Desde a saída de Travis Kalanick, que renunciou ao cargo de presidente executivo em junho em meio à pressão dos investidores, a disputa sobre quem vai controlar o futuro da empresa tem se acirrado. A entrada de novos -- e grandes -- investidores pode influenciar fortemente nessa guerra interna pelo poder sobre a estratégia do aplicativo.

A discussão ganhou força na semana passada, quando o fundo de investimentos Benchmark, um dos primeiros a fazer aportes no Uber, decidiu processar a empresa e o ex-presidente executivo Travis Kalanick, acusando-o de cometer delitos para se manter no poder. Hoje, a Benchmark tem uma participação de US$ 8,4 bilhões no Uber, e após o processo, a empresa foi convidada a vender suas ações por um grupo de investidores liderado por Shervin Pishevar, para "não atrapalhar a retomada do Uber". 

O Uber é a startup mais valorizada do mundo, com valor de mercado estimado em US$ 68,5 bilhões. A empresa, atualmente, já levantou mais de US$ 10 bilhões em rodadas de investimento desde sua fundação. Segundo o jornal, a empresa possui uma reserva de US$ 5 bilhões. Contudo, as três ofertas que estão sendo feitas consideram um valor menor de mercado da empresa, o que tem preocupado os atuais acionistas do Uber: a redução do valor de mercado da empresa, neste momento de crise, pode se tornar um problema. Tanto o Uber como os três grupos não comentaram as propostas, quando procurados pela reportagem do jornal.

Caso o Uber aceite a proposta da SoftBank, a empresa pode se tornar parte de uma aliança global de aplicativos de transportes – hoje, o grupo japonês tem aportes em companhias rivais do Uber em diversos lugares do mundo, como Lyft (EUA), Ola (Índia), 99 (Brasil) e Grab (Indonésia), além do chinês Didi Chuxing, que comprou os ativos do Uber na China no ano passado, e fez o rival se retirar do mercado.

À primeira vista, a consolidação do mercado pode parecer esquisita – por que o Uber se uniria a seus concorrentes? Para o escritor Brad Stone, do recém-lançado As Upstarts, que conta a história da empresa, a explicação é simples. "Hoje, aplicativos perdem muito dinheiro lutando pela preferência do consumidor e dos motoristas, com descontos e bônus. Isso acontece na Índia, nos EUA, no Brasil, e na China", diz Stone, em entrevista ao Estado. "A consolidação pode ser ruim para os usuários, virando monopólio, mas para as empresas, pode significar uma grande economia de recursos." 

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