Uber espionou segredos comerciais de rivais, diz carta de ex-funcionário

Justiça dos EUA avalia penalização pela empresa de caronas ter escondido carta de ex-analista de segurança sobre casos de roubos e fraudes

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Por Reuters
Atualização:
Uber enfrenta nova polêmica em Cingapura, após alugar carros defeituosos para motoristas Foto: Eric Risberg/AP

O aplicativo de carona paga Uber manteve uma equipe de funcionários especializados em espionagem, responsáveis por tentar descobrir segredos comerciais de rivais, como a empresa de carro autônomo do Google, a Waymo, segundo uma carta de um ex-analista de segurança da empresa, Richard Jacobs. A Waymo e o Uber estão no meio de uma disputa na Justiça, em que a Waymo acusa a rival de ter roubado algumas de suas tecnologias de sensores para adotar nos carros sem motoristas desenvolvidos pelo Uber.

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No texto, o ex-funcionário do Uber disse que a equipe de segurança tem funcionários “com a finalidade de adquirir segredos comerciais, códigos e inteligência competitiva", e uma segunda equipe que "frequentemente se envolve em fraude e roubos". Jacobs diz ainda que o Uber roubou segredos comerciais de Waymo, discurso diferente do que disse ao juiz no mês passado.

O texto também descreve as operações em que funcionários da Uber analisaram reuniões com reguladores de transporte e executivos de empresas rivais. Na carta, Jacobs afirma que o ex-diretor executivo da Uber, Travis Kalanick, liderava as operações.

Jacobs também confirmou o envolvimento de Mat Henley, que está em licença médica do Uber; Nick Gicinto, gerente da equipe de segurança; bem como funcionários importantes na operação clandestina de coleta de inteligência para a empresa. O chefe de segurança Joe Sullivan, e o diretor legal Craig Clark também estiveram envolvidos, segundo a carta. Eles foram demitidos no mês passado por seu papel em ocultar violação de dados.

Sullivan disse em um comunicado na sexta-feira que seu time "agiu de forma ética" e um advogado de Clark disse que ele "agiu adequadamente o tempo todo". Matthew Umhofer, Gicinto e outros membros de Uber, disseram que “a carta de Jacobs não é mais do que o assassinato do caráter de pessoas por dinheiro".

Em nota, o Uber não confirmou todas as informações na carta de Jacobs, mas ressalta que a "nossa nova liderança deixou claro que, a partir de agora, vamos competir de forma sincera e justa, com base nas ideias e tecnologia". O posicionamento marca a gestão de Dara Khosrowshahi, que substituiu Kalanick como presidente executivo em agosto e tem criticado o comportamento da empresa sob a antiga gestão.

Processo. Em fevereiro deste ano, a Waymo processou o Uber após alegar que o ex-executivo da empresa, Anthony Levandowski, roubou mais de 14 mil confidenciais antes de deixar a empresa para criar a startup de caminhões autônomo Otto, comprada pelo Uber logo depois.

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Meses depois, a Waymo acusou o Uber de ter recebido uma carta de Richard Jacobs, um dos membros da equipe de segurança da empresa de caronas que foi demitido em abril. A carta foi entregue pelo ex-funcionário a empresa em maio deste ano, mas o Uber só repassou ao juiz em novembro após notificação judicial.

Demitido em abril, Jacobs conseguiu um acordo com do Uber de US$ 7,5 milhões. Ele continua trabalhando para Uber como consultor.

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