Velocidade do 4G melhora no País, mas sinal ainda é problema

Segundo relatório da consultoria OpenSignal, que mede qualidade de internet móvel, 4G só está disponível em menos de 60% do tempo para os usuários

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Por Bruno Capelas
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A internet móvel brasileira está mais rápida – pelo menos é o que diz um novo estudo da OpenSignal, consultoria que mede a qualidade do sinal de banda larga em smartphones a partir de seu aplicativo homônimo. Em seu mais recente relatório sobre o Brasil, a empresa mostra que todas as operadoras tiveram avanços nas velocidades médias de conexão tanto nas redes 3G como no 4G nos últimos seis meses, na comparação com o relatório anterior, lançado em julho de 2016.

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Para Kevin Fitchard, analista da OpenSignal, as melhorias na rede são resultados diretos dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. “As operadoras fizeram uma série de anúncios às suas redes 4G para os Jogos, como adição de capacidade”, diz Fitchard. Com o evento esportivo agora no passado, “as empresas podem deixar uma distração de lado e seguir melhorando a conexão do País.” Lançado nesta quarta-feira, 18, o relatório da OpenSignal é baseado em 770,3 milhões de testes realizados por cerca de 39 mil usuários entre 1º de setembro e 30 de novembro de 2016. 

É necessário ressaltar que a OpenSignal mudou os parâmetros de alguns de seus testes entre o relatório de julho e o de agora. Entre as mudanças, a consultoria afirma que na nova versão do aplicativo está realizando os testes com mais servidores das operadoras – o que, em tese, garante maior precisão na medição de itens como velocidade da rede e latência (tempo que um dado leva para ir do usuário até o servidor da plataforma que ele está usando e retornar). Com mais servidores, porém, diz a empresa, a tendência é de que os testes terminem com dados melhores de velocidade. 

De julho para cá, a operadora que teve melhor evolução foi a Claro, que lidera no aspecto de velocidade do teste, seja no 3G, no 4G ou na média entre as dois tipos de conectividade. “Mesmo sem poder fazer comparações diretas entre os dois relatórios, é possível indicar que a Claro teve uma ótima melhora na velocidade este ano. Antes, eles estavam 2 Mpbs abaixo da média mundial de 4G. Agora, estão 10 Mpbs acima”, diz Fitchard. 

No 4G, por exemplo, a empresa lidera com 27,45 Mpbs (megabit por segundo) – a segunda colocada, a Vivo, tem velocidade média de 21,29 Mpbs. Oi, com 14,61 Mpbs e TIM, com 12,05 Mpbs, seguem na sequência – a Nextel foi desconsiderada no 4G pois só tem esse tipo de conexão em regiões metropolitanas. Já no 3G, a Claro lidera com 3,91 Mpbs, à frente de TIM (3,46 Mpbs) e Vivo (3,39 Mpbs). 

Inconstante. Se há melhoras na velocidade, o mesmo não se pode dizer sobre a disponibilidade de rede 4G – critério do relatório da OpenSignal que mede a proporção de vezes que um usuário tentou acessar a internet em alta velocidade e conseguiu. Segundo o levantamento, nenhuma das operadoras brasileiras conseguiu entregar sinal de LTE (nome formal do 4G) em mais de 60% das oportunidades – quem liderou nesse aspecto foi a TIM, com 59,21%. 

“A principal coisa que as operadoras brasileiras precisam fazer é melhorar seus serviços para tornar o 4G mais constante. Se você só pode usar a rede por metade do tempo, não é exatamente um serviço tão útil assim”, diz o analista da OpenSignal. Para Fitchard, investir nas redes 4G gera um retorno duplo para as empresas: além de ser mais barato entregar conexão 4G do que suas antecessoras, as pessoas costumam consumir mais pacotes de dados quando têm uma conexão mais rápida à rede. 

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O analista, no entanto, vê com certa preocupação o atraso no fim do uso da faixa de 700 MHz para a TV analógica – depois que o sinal de televisão for migrado para o digital, a faixa de frequência será ocupada pelo 4G. “É uma frequência muito importante: nela, é mais fácil que o sinal atravesse paredes e viaje áreas maiores em zonas rurais. A cobertura também melhora sem necessidade de instalação de novas torres”, diz Fitchard. “Quanto mais cedo os 700 MHz puderem ser utilizados, melhor.”

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