Apple renova iPhone, mas traz poucas inovações

Companhia, que enfrenta a desaceleração nas vendas globais de smartphones, aposta em refinamento para atrair mais consumidores

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Por Bruno Capelas e Claudia Tozzeto
Atualização:
Tim Cook, o presidente-executivo da Apple 

Num auditório lotado em São Francisco, na Califórnia, a Apple mostrou pela primeira vez ontem o iPhone 7 e o iPhone 7 Plus, duas novas versões de seu smartphone. As expectativas para o evento eram altas, uma vez que o anúncio poderia significar uma luz para um mercado que começa a se desacelerar em todo o mundo. Porém, ao contrário da grande inovação esperada, a Apple trouxe uma série de novidades menores. Embora os recursos agradem a uma parcela dos consumidores, não devem gerar um grande impulso para a troca imediata de celular, como no passado.

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“A Apple mudou sua estratégia de trazer uma grande inovação, como uma tela maior, a cada nova geração de produtos”, disse o vice-presidente da consultoria Forrester, Frank Gillett, ao Estado. “A empresa aposta que uma variedade de novos recursos terá apelo a mais consumidores.”

Dentre as dez novidades que os executivos da empresa listaram no evento, somente algumas delas devem trazer impacto significativo aos consumidores. O iPhone se tornou resistente à água e à poeira em sua nova versão, tecnologia já disseminada entre os concorrentes, como a Samsung e Lenovo. Outra novidade foi o processador, que promete tornar o smartphone mais rápido e com menor consumo de bateria. A câmera ganhou novo sensor e conjunto de lentes, mas manteve a resolução em 12 megapixels – a mesma desde 2014.

Fone de ouvido. A mudança mais radical não foi a adição de um deles: a Apple eliminou a tradicional entrada para um recurso, mas a extinção de fones de ouvido, o que causou revolta entre os usuários. Quem comprar o iPhone 7 terá de usar apenas fones com fios ou modelos que se conectam via Bluetooth da própria marca. No evento, a empresa anunciou um novo fone de ouvido sem fio, chamado AirPods. “Tivemos coragem de mudar para algo mais moderno”, justificou o vice-presidente de marketing da Apple, Phil Schiller, no evento. “Nossa visão é de que o futuro será sem fio.”

Apesar de não causar o impacto do passado, analistas consideram que a Apple esteja avançando em áreas que são importantes para os consumidores. “A tecnologia de câmera é muito importante para as pessoas e eles anunciaram mudanças contra empresas como Sony e Samsung, que continuam a inovar nessa área”, disse a diretor de tecnologia da consultoria Gartner, Annette Zimmermann.

A Apple é a segunda maior fabricante de smartphones do mundo, com 44 milhões de unidades vendidas no segundo trimestre de 2016, de acordo com dados da Gartner. A empresa tem 12,9% de participação no mercado. No mesmo período de 2015, a Apple era responsável por 14,6% das vendas globais. Entre os motivos para a redução da fatia está a queda nas vendas de iPhones na América do Norte, principal mercado da companhia. O pior resultado, porém, tem sido na China, que já foi apontada como seu mercado mais promissor.

Para alguns analistas, a falta de grandes inovações no iPhone 7 tem motivo: como o smartphone completa dez anos em 2017, talvez a Apple esteja guardando o que tem de melhor para comemorar a data com um grande anúncio. “Um iPhone radicalmente diferente será lançado no próximo ano”, acredita Annette.

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Família. No evento, a Apple também mostrou que está disposta a aprender com as concorrentes se, no final das contas, isso gerar mais vendas. Ao revelar os preços dos novos iPhones – que começam em US$ 649 para o iPhone 7 e em US$ 769, para o 7 Plus – a companhia afirmou que vai manter os dois modelos da geração anterior no mercado. Os produtos chegam às lojas em 16 de setembro, mas não há previsão para chegada ao o Brasil.

Com os dois novos produtos, a linha de smartphones da Apple chega a cinco modelos diferentes. “A Apple sempre teve a estratégia de manter versões anteriores de seus produtos no mercado para o público de entrada”, diz Annette, da Gartner. Isso funcionava bem no passado, quando a companhia costumava deixar apenas um dos modelos da geração antiga à venda depois do lançamento da nova geração.

Além do iPhone 7, a Apple lançou ontem o Apple Watch Series 2, segunda versão de seu relógio inteligente, que segue como promessa de receitas futuras. Com proteção à prova d’água e aplicativos para nadadores, o produto deve agradar atletas amadores. Mas ainda tem um longo caminho para se tornar um sucesso tão grande quanto o iPhone.

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