Celular usado deve seguir atrativo em longo prazo

Para especialistas, melhora na economia não reduzirá interesse por compra e venda de aparelhos seminovos

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Por Bruno Capelas
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A equação para o mercado de usados parece simples: se há crise, há oportunidades de negócio interessantes – e vice-versa. Como por enquanto ainda não há sinais de melhora na economia brasileira e o câmbio continua instável, quem aposta na compra e revenda de aparelhos usados ainda acredita que o cenário no longo prazo pode se manter favorável.

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Para Guille Freire, presidente-executivo da Trocafone, o período de crise é benéfico para chamar a atenção para o mercado de smartphones usados, que tende a ter comportamento semelhante ao de carros seminovos. Segundo o francês Amaury Bertaud, que criou a Recomércio em 2014 para popularizar por aqui um costume que já é comum na Europa, o potencial do mercado brasileiro é enorme. “No Brasil, há mais celulares e linhas móveis do que pessoas – e isso continuará crescendo. O que falta é formalizar essa atividade de compra e revenda.”

A mudança de mentalidade em relação ao consumo é outro fator que deve auxiliar esse setor a se manter vivo após a crise. “Não faz mais sentido acumular coisas. Os sótãos e porões do futuro vão ficar vazios”, acredita Renato Meirelles, presidente do instituto de pesquisas Data Popular. “É uma questão de cultura: as próximas gerações terão uma lógica ambiental e econômica muito diferente da nossa.”

Há, no entanto, quem acredite que este é um mercado com prazo de validade. “O celular é um item muito pessoal – mais do que um computador ou um carro. É como maquiagem, por exemplo: você não vê alguém revendendo um batom”, diz Reinaldo Sakis, gerente de pesquisa da IDC Brasil. “Na crise, eu aceitaria comprar um aparelho usado, mas com a melhora da economia isso deve mudar.” Além disso, a evolução da tecnologia para novos dispositivos é outro fator que poderá afetar esse mercado nos próximos anos. “Uma jaqueta com um sensor será revendida em qual lugar: numa loja de eletrônicos ou num brechó?”, diz Sakis.

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