Computador da Endless chega ao País em julho por R$ 699

Com sistema operacional próprio, Endless Mini será vendido no varejo por R$ 699

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Por Bruno Capelas
Atualização:

Sérgio Castro/Estadão

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A startup norte-americana Endless, fabricante de computadores de baixo custo, está chegando ao Brasil. Com o apoio de nomes como o pioneiro digital Nicholas Negroponte – cientista americano idealizador do projeto “One Laptop per Child” (Um notebook para cada criança, em inglês) –, a empresa lança em julho o Endless Mini, um computador com sistema operacional próprio que pode ser ligado em qualquer TV. Em formato de capacete, o dispositivo será vendido no País por R$ 699 – nos Estados Unidos, ele já é comercializado por US$ 99.

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Além disso, a empresa firmou uma parceria para colocar seu sistema operacional em notebooks da taiwanesa Asus vendidos no Brasil – os primeiros modelos chegam às lojas até o fim de março. “Nossa meta é ter 1 milhão de dispositivos, nossos ou de parceiros, utilizando o sistema da Endless até o final do ano no Brasil”, diz Roberta Antunes, diretora-geral da Endless no País. A meta para a região é agressiva, considerando que, atualmente, há uma base instalada de 500 mil máquinas com sistema da Endless nos três países onde a empresa atua (Estados Unidos, Guatemala e México).

Criada em 2012 pelo empresário norte-americano Matt Dalio, a Endless atua em dois mercados distintos. No segmento de hardware, a empresa aposta em computadores de baixo custo, que podem ser plugados a qualquer TV ou monitor com um cabo RCA ou HDMI. A versão mais básica do produto custa US$ 79 e a mais avançada, US$ 229. Para utilizá-lo, é preciso conectar a máquina ao teclado e mouse, que não acompanham o produto.

No segmento de software, a empresa desenvolveu o Endless OS, um sistema operacional baseado em Linux. Além de ser adotado pelos computadores da marca, a empresa licencia a plataforma para outras marcas – como é o caso da Asus.

O sistema operacional inclui cem aplicativos que funcionam mesmo sem conexão de internet. A coleção inclui editores de texto, vídeo e imagens, jogos e enciclopédias, que utilizam conteúdo da Wikipédia – todos são baseados em software livre. “Sabemos que o nosso público-alvo tem dificuldades em pagar pelo acesso à internet, então desenvolvemos um sistema que tem muito conteúdo para ser utilizado mesmo desconectado”, diz diretora geral da Endless no Brasil, Roberta Antunes. Vídeos da Khan Academy, prestigiada rede de ensino online, já vem armazenados na memória do produto.

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O Endless Mini, que será vendido no Brasil a partir de julho, oferece 32 GB de memória de armazenamento, 2 GB de memória RAM, processador de 1,5 GHz com quatro núcleos, três portas USB e conexão Wi-Fi. Ele também pode se conectar a outros dispositivos por meio de Bluetooth.

Inicialmente, os primeiros modelos do Endless Mini vendidos no Brasil serão importados, mas o plano da empresa é de produzir os aparelhos localmente até o final do ano, na fábrica de uma empresa localizada no interior de São Paulo. A empresa não revela a parceira.

Aposta. Além da operação da Endless no Brasil, Roberta comanda também a equipe global de marketing da startup. A executiva é conhecida no mercado brasileiros, pois é sócia-fundadora e ex-presidente da startup brasileira Hotel Urbano. Ela deixou o comando da empresa em setembro e, pouco depois, se juntou à equipe da startup americana. “A empresa estava consolidada e eu queria novos projetos”, comenta Roberta.

A startup ganhou relevância no mercado internacional pelo apoio de figuras importantes. Além de Negroponte, nomes como o vencedor do Prêmio Nobel da Paz, Muhammad Yunus, e o executivo brasileiro Luiz Kaufmann, compõem o grupo de conselheiros da empresa. O empresário brasileiro Marcelo Sampaio, que já foi diretor comercial da gigante do software Oracle no País, é um dos sócios da empresa. Atualmente, a Endless tem um escritório em Botafogo, bairro da zona sul do Rio de Janeiro, com 16 pessoas. Os primeiros modelos dos computadores da Endless, por sua vez, foram desenvolvidos a partir de testes em comunidades como a Rocinha e o Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.

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Para lucrar, a empresa aposta em duas frentes: a venda de seus computadores e, no futuro, a venda de conteúdo patrocinado dentro de seu sistema operacional. “Uma empresa de alimentos poderá patrocinar o nosso aplicativo de receitas e colocar conteúdo com sua marca nele”, explica Roberta.

Por enquanto, o foco da Endless é crescer em número de usuários. “Só vamos conseguir pagar todas nossas despesas se tivermos mais gente usando Endless”, diz a executiva. Até o final do ano, a empresa espera lançar seus produtos em mais países da América Latina e também na China.

Na contramão. O mercado brasileiro de PCs teve seu pior resultado desde 2005, com queda de 36% no número de PCs vendidos na comparação com 2014, segundo a consultoria IDC. O cenário global também não vai bem: houve queda de 10,4% nas vendas de PCs em 2015, na comparação com o ano anterior.

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Os números, no entanto, parecem não assustar a Endless. “Hoje, há 4 bilhões de pessoas sem computador no mundo. É com esse público que queremos falar”, diz a diretora-geral da empresa no País.

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