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No mercado de PCs, Lenovo desiste de computadores básicos

Após perder liderança do mercado brasileiro para a Dell, Lenovo busca reter margem de lucro com máquinas sofisticadas

Por Bruno Capelas e Claudia Tozzeto
Atualização:
ThinkPad durante evento comemorativo de 25 anos da marca, hoje de propriedade da chinesa Lenovo Foto: Lenovo

Se nos smartphones a palavra de ordem para a Lenovo é ampliar a linha – tanto com aparelhos mais acessíveis quanto com modelos premium –, o mesmo não vale para o mercado de computadores. Apesar do início da retomada da economia e da maior demanda por computadores básicos, que respondem por parcela significativa das vendas no País, a chinesa resolveu manter o foco nas linhas mais avançadas.

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Hoje, a Lenovo está em segundo lugar em vendas de PCs no País, atrás da norte-americana Dell, segundo fontes do mercado. “É óbvio que queremos a liderança, mas só se for combinada com lucratividade”, diz Ricardo Bloj, presidente da Lenovo no Brasil. “Para ganhar no volume, precisamos comprometer margens de lucro, o que não é tão interessante”, explica o executivo, que assumiu o cargo em março deste ano – antes, era diretor de operações da Lenovo.

A empresa passou a focar nos PCs com especificações mais robustas em 2016, no auge da crise econômica no Brasil. Na época, com a perda do poder de compra, a empresa direcionou esforços para conquistar consumidores de maior poder aquisitivo. Ela apostou em notebooks conversíveis da linha Yoga e máquinas da linha ThinkPad, voltada para empresas.

Agora, com a lenta melhora da atividade no País, a empresa torce para que o consumidor que esperou um pouco mais para trocar de computador decida investir mais. “As pessoas e as empresas têm de renovar seus modelos, pois muita gente ainda precisa fazer evolução de sistema operacional”, diz Bloj. Criada pela IBM e completando 25 anos neste mês, a marca ThinkPad é peça importante da estratégia. “Os empresários estão mais otimistas e já voltaram a nos consultar.”

Para Pedro Hagge, analista da consultoria IDC Brasil, é difícil a Lenovo retomar o topo do mercado com a estratégia atual. “Quem quer ser líder tem de estar em todos os segmentos”, diz Hagge. Mas isso não impede a empresa de se dar bem. “Vender menos peças, mas estar focado em um nicho premium pode ser tão rentável quanto vender muito, com uma baixa margem de lucro.” 

Base. A impressão que fica, no entanto, é a de que o negócio de PCs da Lenovo serve para “sustentar” a companhia enquanto ela investe para ganhar força no mercado de smartphones. Não é à toa: hoje, segundo dados da IDC, de cada US$ 100 gastos no Brasil com dispositivos conectados, US$ 77 estão no mercado de smartphones.

Além disso, nos últimos anos o setor de PCs tem enfrentado fortes quedas. As vendas no Brasil retornaram, no ano passado, ao patamar de 2004, enquanto o cenário global enfrentou em 2016 seu quinto ano seguido de baixas. O principal motivo é simples: se antes o acesso das pessoas à internet e à informação acontecia no computador, agora está concentrado nos smartphones. “Entre as gerações mais velhas, o computador e o smartphone dividem a atenção dos usuários”, diz Mikako Kitagawa, analista de pesquisas da consultoria Gartner. “Entre os millenials, a computação está completamente centrada nos smartphones.”

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