Call of Duty volta às origens com novo jogo na Segunda Guerra Mundial

Depois de avançar pelo futuro próximo e desagradar fãs, série de jogos de tiro retorna ao conflito que lhe fez famosa; para produtor, jogo é oportunidade de repensar momento atual

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Por Bruno Capelas
Atualização:
Último jogo da franquia feito pela Sledgehammer foi Advanced Warfare, de 2014 Foto: Activision

Ao longo da última década, as palavras “jogo de tiro realista” e “Call of Duty” quase se tornaram sinônimos do mundo dos games. Nos últimos anos, porém, ao investir em títulos que avançavam pelo futuro próximo, a série chegou a fugir de seu propósito inicial e trazer combates futuristas e até um bocado exagerados. Agora, em 2017, é a hora de uma bem vinda volta às origens: nessa sexta-feira, 3, chega às lojas (físicas e digitais) o novo jogo da franquia da Activision, Call of Duty: WWII, inspirado na Segunda Guerra Mundial. 

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“Call of Duty (chamado do dever, em tradução literal) era o lema dos soldados americanos na Segunda Guerra Mundial. Percebemos que precisávamos voltar à essência de como a série nasceu”, diz Mike Mejia, produtor do game, feito pelo estúdio Sledgehammer, em entrevista ao Estado na última Brasil Game Show, feira de games realizada em São Paulo em outubro. 

A decisão de voltar ao passado, diz ele, veio bem antes do atropelo dos últimos jogos – o trailer de lançamento de Infinite Warfare, lançado no ano passado e com apelo bastante futurista, é até hoje um dos vídeos do YouTube com mais interações negativas na história. “Decidimos ir para a Segunda Guerra há três anos. A comunidade ainda estava se divertindo com jogos mais futuristas, e foi bacana para nós perceber que eles queriam um jogo no passado quando esse pedido aconteceu”, diz Mejia. 

Modos de jogo. O produtor diz, no entanto, que Call of Duty: WWII é uma experiência nova, e bastante distante do primeiro Call of Duty, de 2003. “Poderíamos ter feito apenas uma atualização e agradado os fãs, mas precisamos ir em frente”, diz. Para ele, o novo game são, na verdade, três jogos diferentes. 

Um é o modo campanha, no qual o jogador deve reviver as batalhas da Segunda Guerra Mundial com diversos personagens – entre soldados norte-americanos e até mesmo mulheres combatentes pela Resistência Francesa. “Não podemos ir em frente como indústria de games se não incluirmos diferentes perspectivas nos jogos”, diz. Entre os eventos retratados no jogo, estarão batalhas históricas como a Invasão da Normandia e a Libertação de Paris. 

Outro é o modo de batalhas multiplayer, pelo qual Call of Duty já se consagrou há vários anos – há muitos jogadores, por exemplo, que compram o game apenas pela jogatina online. Este ano, a principal novidade é o Quartel, área social no qual até 48 jogadores podem interagir entre si, como se estivessem em um quartel do exército norte-americano na Normandia – é possível conversar com outros jogadores antes das batalhas, desafiar um colega para uma batalha de habilidade em tiro ou fazer pequenos duelos individuais. 

Introduzido recentemente, o modo Zombies (Zumbis) está de volta com missões individuais e também multiplayer. Se nos últimos jogos, porém, ele era algo divertido, agora ele será mais assustador. “Fizemos isso em respeito a quem viveu essa guerra”, explica Mejia. No modo, os nazistas desenvolveram uma tecnologia para criar pelotões de mortos-vivos como sua última salvação nos combates – e caberá ao jogador, na pele dos Aliados, em lutar contra esses inimigos. 

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Modo campanha do jogo acompanhará pelotão de soldados norte-americanos, mas terá capítulos com mulheres da resistência francesa Foto: Activision

Reflexão. Apesar de ser claramente ficcional, o modo terá bastante inspiração histórica – segundo Mejia, todas as partes do jogo foram supervisionadas por um historiador, residente na Sledgehammer durante a produção do jogo. 

Para o produtor, Call of Duty WWII é uma oportunidade de ouro para olhar para o passado e entender o presente – especialmente em tempos de extremismo, manifestações de supremacistas brancos e desunião entre os povos. 

“Acredito que estamos em uma época em que é importante parar e refletir sobre o que está acontecendo. Naquela época, o mundo se mobilizou para lutar contra a opressão”, diz Mejia, que se inspirou em filmes como O Resgate do Soldado Ryan para ajudar a criar Call of Duty WWII. “Vivemos um tempo importante para que filmes e jogos falem desse assunto. Queremos que uma geração de jogadores se sintam interessados em aprender história.” 

Call of Duty: WWIIProdutora: SledgehammerPublisher: ActivisionPlataformas: PS4, Xbox One e PCPreço: R$ 219 (consoles), R$ 200 (PCs)Data de lançamento: 3 de novembro

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