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Games abrem espaço para personagens transgênero

Jogos como The Sims, com personagens de diversas orientações sexuais, ajudam a criar representatividade

Por Laura Parker
Atualização:

No popular game The Sims, no qual se pode “brincar de Deus”, os jogadores sempre puderam criar personagens masculinos e femininos – e ponto. Isso mudou este ano. 

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Em maio, a EA, responsável pelo game, lançou uma atualização para sua última versão – The Sims 4, de 2013 – que remove todas as barreiras de gênero, liberando as pessoas para criar personagens virtuais com qualquer atributo físico.

Para Blair Durkee, a mudança é significativa. Assim que a atualização foi lançada, a estudante de 28 anos entrou no jogo e começou a desenhar seu primeiro personagem transgênero. Ela nomeou a personagem como Amber, deu-lhe uma voz grave e ombros largos, e deixou-a infértil. “É realmente o único atributo que todas as pessoas trans têm em comum”, diz Blair, que fez a transição para se tornar mulher aos 24. Agora, ela planeja fazer outro personagem trans como interesse amoroso para Amber. 

Essa atitude inclusiva de gênero e sexualidade, antes rara em videogames, está se tornando mais comum à medida que os jogos tratam de assuntos mais diversos e sérios, que vão muito além de ataques de zumbis e alienígenas. O próprio The Sims foi um pioneiro: sua primeira versão, em 2000, foi um dos primeiros games a permitir que personagens do mesmo sexo tivessem relações sexuais. 

O game ajudou Robert Schloss, médico da Marinha americana, a se revelar gay para seus comandantes – na época, os militares viviam sob a política que os proibia de revelar abertamente sua orientação sexual. Ele criou quatro personagens masculinos, que formaram dois casais morando na mesma casa virtual. 

“Quanto mais jogava, mais queria viver aquilo na minha realidade”, diz Schloss, de 41 anos. Em 2007, ele foi dispensado da Marinha com honras e hoje é professor de Radiologia em um hospital de Nova York. 

“Sempre achamos importante oferecer aos nossos jogadores maneiras poderosas de se expressar – seja customizando a idade, a cor da pele ou o gênero dos seus Sims”, explica Rachel Franklin, vice-presidente da Maxis, estúdio da EA por trás de The Sims. Para Blair, a política é significativa: antes de sua transição, ela se sentia confortável ao jogar a primeira versão de The Sims por meio de personagens femininas. 

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“Quando era mais nova, queria sempre ser uma personagem feminina, mesmo antes de saber por quê”, diz a estudante. “Nem imagino como minha vida teria sido diferente se tivesse sido exposta a representações positivas de pessoas trans desde cedo.”

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