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Nintendo Switch impressiona pelo hardware, mas precisa de bons jogos

Novo console da Nintendo pode ser jogado em casa ou levado para qualquer lugar e tem controles que 'se dividem ao meio', mas precisa de catálogo maior para ser competitivo

Por Lou Kesten
Atualização:
Nintendo Switch: console virou um hit da gigante da games. Foto: Timothy Clary/AFP

Quando você está profundamente entretido por um jogo, a última coisa que você pode querer é largá-lo. Durante décadas, fãs de videogames sonharam com a possibilidade de pegar o jogo pelas mãos e levá-lo para ser desfrutado em qualquer qualquer lugar – do metrô para o trabalho ao ônibus para a escola, incluindo aquela diversão durante a hora do almoço. 

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O novo videogame da Nintendo, o Switch, tenta finalmente resolver esse problema com uma ideia bem simples: você pode simplesmente pegar o videogame, tirá-lo de sua base e colocá-lo na mochila. Basicamente, o Switch é como um tablet com controles de videogame, de forma que você não precisa se preocupar em achar uma TV pelo caminho. A maioria dos jogos do Switch não precisa de internet. E caso você consiga voltar para casa, basta apenas colocar o videogame na base para poder voltar a jogar na frente da TV. 

De forma simples, o Switch funciona como um videogame tradicional se você quiser isso, mas oferecer portabilidade quando você precisa. Na última semana, joguei o novo The Legend of Zelda: Breath of the Wild em casa, num parque e até mesmo na sala de espera do mecânico – em todos os lugares, o jogo simplesmente continua de onde eu parei. 

A grande pergunta, porém, é uma só: se o videogame, que chegou ao mercado norte-americano na última sexta-feira por US$ 300, terá jogos suficientes para ser divertido. No lançamento, o Switch terá apenas nove jogos – a maior parte deles, porém, é de séries de jogos de família, como Just Dance ou Skylanders. Para efeitos de comparação, o PlayStation 4 e o Xbox One tinham cerca de 20 títulos em seu lançamento. 

Lançar um novo hardware é algo grande para qualquer empresa de videogames. Para quem está em transição, como a Nintendo, é algo ainda maior. Lançado em 2012, o último console da empresa, o Wii U, fracassou. Além disso, a empresa perdeu para os smartphones sua longa predominância no cenário de jogos portáteis. 

Em 2016, a companhia teve dois grandes sucessos – Pokémon Go e Super Mario Run –, feitos para serem jogados em celulares, feitos por outras fabricantes. Dessa forma, o Switch é uma forma da Nintendo demarcar seu território tanto no mercado de consoles de mesa como de videogames portáteis. 

Controles. Outro destaque do Switch são os controles, conhecidos como Joy-Cons (controles da alegria, em uma tradução literal). Cada um deles tem um botão direcional analógico (usado para dar direções aos personagens), quatro botões, dois gatilhos e um sensor de resposta que pode fazer o controle tremer. Além disso, o controle direito tem um sensor infravermelho, capaz de detectar objetos próximos. 

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A grande graça é como eles podem ser usados. Se você estiver na rua, pode transformar o “tablet” do Switch em um videogame portátil, acoplando os dois Joy Cons de cada lado da tela. Outra possibilidade é deixar o tablet expondo o que acontece na tela, e jogar com um controle em cada mão. Uma terceira forma de usá-los é, com auxílio de uma peça de encaixe (incluída no kit do Switch), unir os dois controles em um só, como um joystick tradicional. 

Para jogar um game tradicional, como o novo Zelda, você vai precisar de todos os botões dos dois Joy Cons. No entanto, a Nintendo quer que você também jogue socialmente, de forma que cada Joy Con pode funcionar como um controle sozinho para jogos de festa – como Just Dance ou Super Bomberman R. Aí, a ideia é simples: se um amigo chegar na sua casa, você simplesmente pode “dividir” o controle formado por dois Joy-Cons ao meio e entregar a ele uma das partes. 

Mesmo tendo o tamanho de uma barra (pequena) de chocolate, os Joy-Cons são surpreendentemente confortáveis. Eu ficaria mais preocupado de perdê-los do que ter qualquer tipo de problema muscular jogando. Além disso, eles se encaixam no tablet e na peça de encaixe de forma muito satisfatória. 

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Quando unido aos Joy-Cons, o tablet tem basicamente o comprimento de um iPad quando seguro na horizontal, mas com mais ou menos 50% a mais de altura. A resolução da tela é de cerca de 720p, em alta definição. O novo Zelda, por exemplo, parece tão bonito aqui como em uma boa TV de alta definição. A bateria do videogame dura seis horas, mas jogos com processamento mais exigente – de novo, como Breath of the Wild, podem cortar esse potencial pela metade. 

Um dos calcanhares de Aquiles do videogame são os seus 32 GB de armazenamento interno. Se a sua intenção é baixar muitos jogos, a melhor estratégia será comprar um cartão de memória. Caso você prefira ter os jogos em formato físico, é bom se preparar: cada jogo vem em um cartucho pequeno, do tamanho de um selo postal. (E eles têm gosto muito ruim: segundo a Nintendo, a ideia é evitar que crianças pequenas lambam, mordam ou coloquem os cartuchinhos na boca). 

Biblioteca. A grande dúvida é saber quantos jogos do Switch você vai querer jogar. No lançamento, um dos destaques é uma coleção de mini-jogos para vários jogadores, chamada de 1-2-Switch. Seria um grande jogo teste gratuito, para ser incluído no kit inicial do Switch, mas a Nintendo vai cobrar US$ 60 por ele. O novo Zelda também custará US$ 60 – mas também terá uma versão para o Wii U, o que significa que quem tem o videogame antigo não vai precisar comprar o novo console por enquanto. 

Eu sou um fã de games, o cara que pode comprar o Switch só para passar 100 horas por Zelda. Jogadores casuais, que gostam de Candy Crush e lembram com saudade dos tempos da infância, no qual jogavam Mario e Sonic, provavelmente vão precisar de mais. Segundo a Nintendo, há 80 jogos em desenvolvimento, incluindo franquias da própria empresa, como Super Mario Odyssey, Mario Kart 8 Deluxe e Splatoon 2 – os três estão previstos para chegar esse ano. 

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Um raro destaque do Wii U, o Virtual Console não estará presente – por enquanto – no Switch. Capaz de rodar jogos históricos da empresa (de videogames como NES, Super Nintendo ou Nintendo 64), o Virtual Console seria uma boa para ajudar a companhia a aumentar sua biblioteca. 

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Em resumo, o Switch tem um hardware bem impressionante, e a facilidade de levar um jogo da sala de casa para o metrô faz nascer em mim uma coceira que eu não sabia que eu tinha. Mas, ao juntar dois mundos, a Nintendo sacrifica partes importantes dos dois. Afinal, o Switch não tem todas as funções que você precisa num tablet – um navegador de internet? Netflix? – nem entrega a quantidade de jogos que você gostaria de ter em casa. 

A falha do Wii U aconteceu, em parte, porque a Nintendo deixou muitos de seus heróis “no banco de reservas”: isto é, os videogames pegaram poeira na casa de muita gente porque não havia jogos bons o suficiente para ligá-lo de novo. O novo Zelda, há muito esperado, é um bom começo para o Switch, mas a Nintendo vai precisar ter algo além disso para voltar ao topo. / TRADUÇÃO DE BRUNO CAPELAS

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