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?Oscar dos games? vai além dos prêmios

Game Awards aposta em transmissão online e usa cerimônia para fins comerciais, anunciando novidades que serão vendidas no fim do ano

Por Redação Link
Atualização:

THE NEW YORK TIMES

 

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por Nick Wingfield, do The New York Times

O cinema tem o Oscar. A música tem o Grammy – e as duas premiações têm a TV, que sempre leva as cerimônias de premiação ao vivo para milhões de espectadores. Já a indústria dos games – que faturou mais de US$ 70 bilhões em 2014, superando a indústria fonográfica e as bilheterias de cinema – vai ter sua grande noite transmitida só pela web no dia 3 de dezembro.

Leia também:Confira os indicados favoritos ao Game Awards 2015

Organizado de forma independente, o Game Awards teve mais de 2 milhões de espectadores online em sua estreia em 2014. Agora, o prêmio ganha força em sua segunda edição. Além do apoio de empresas do setor como Sony, Microsoft e EA, o evento terá o patrocínio da operadora norte-americana Verizon.

A apresentação vai acontecer ao vivo no Microsoft Theater, em Los Angeles, nos EUA, e deve reunir mais de 4 mil pessoas – em 2014, foram 3,5 mil. No mundo virtual, porém, é onde o evento vai crescer mais.

A receita é simples: além de premiar os melhores games do ano – com Metal Gear Solid, Mario e Fallout entre os favoritos (veja box ao lado) –, a cerimônia criada pelo jornalista Geoff Keighley tem como destaque vários anúncios para o mundo dos games. Em 2015, a organização promete pelo menos dez grandes novidades. “Algumas pessoas dizem que isso torna o show comercial, enquanto ele deveria ser apenas sobre prêmios”, diz Keighley, 37 anos. “Descobri que, para essa audiência, é preciso ter um pouco de cada coisa.”

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Ao redor da tela de transmissão, há ainda anúncios para que os jogadores comprem jogos com desconto pela internet durante o prêmio. “Reinventamos o modelo de premiações para uma audiência jovem de um jeito que nunca achei ser possível”, diz o criador do Game Awards.

Keighley não é um novato: durante anos, ele foi o produtor e anfitrião do Video Game Awards, premiação exibida pelo canal a cabo norte-americano Spike TV. Em 2012, o prêmio teve o ator Samuel L. Jackson como apresentador. Em 2013, no entanto, a emissora transmitiu só o evento pela internet – e o reprisou dias depois em sua programação. No ano seguinte, Keighley negou proposta de renovação feita pela Spike TV e criou seu próprio prêmio.

Independente. O Game Awards é, também, um tributo à tenacidade de Keighley, que arriscou mais de US$ 1 milhão de sua poupança para financiar a primeira premiação. Além disso, ele reflete a fome da indústria de games por reconhecimento crítico. Mais do que apenas troféus, as empresas esperam algum respaldo para aumentar suas vendas antes do Natal.

A vasta audiência que Keighley conseguiu atrair para o programa também ilustra como a TV tradicional é cada vez menos importante para os gamers.

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Qualquer interessado o suficiente em games para ver uma premiação sobre eles tem provavelmente muito tempo para jogar – mas não para ver TV. E, para muitos deles, ver vídeos no Twitch ou no YouTube (ou gravá-los no Xbox ou no PlayStation) é algo tão natural como assisti-los em um canal pago.

“Os gamers estão consumindo o conteúdo digitalmente”, diz Keighley. “Muitas empresas ainda lutam para entender como jogar com esse público.”

O jornalista percebeu o potencial de uma premiação independente depois que viu executivos da indústria de jogos poderem por isso. “Nós sempre tivemos um complexo de inferioridade”, diz Peter Moore, um dos chefões da EA. “Tivemos que pular em cima da mesa e dizer que somos maiores que as bilheterias de cinema e a indústria fonográfica”, afirma.

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O criador da premiação garante que a indústria não tem influência sobre o Game Awards. Indicações e prêmios são votados por um comitê de jornalistas de 35 publicações de todo o mundo. Em 2014, o troféu de Jogo do Ano foi entregue para Dragon Age: Inquisition, um game de fantasia da EA.

Em 2014, as empresas fizeram sua parte para promover o evento: Sony e Microsoft o destacaram para os usuários de seus consoles. A Valve, dona da maior loja virtual de games para computadores, a Steam, fez o mesmo.

Já as criadoras de jogos aproveitaram para fazer promoções. A desenvolvedora Telltale Games, por exemplo, viu suas vendas crescerem 15 vezes no fim de semana da premiação.

Para Steve Allison, da Telltale, a audiência online foi muito mais engajada com o Game Awards do que o público que assistia à premiação pela TV. “Esse foi um grande exemplo do que pode ser feito nessa nova era de transmissões via streaming”. / TRADUÇÃO DE BRUNO CAPELAS

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