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Primeiro jogo brasileiro do Switch, Rocket Fist é sob medida para o console

Game da Bitten Toast tem jogatina divertida para inspirar amigos a ficarem tardes e tardes no sofá, dividindo os controles coloridos do videogame da Big N

Por Bruno Capelas
Atualização:
Game foilançado para o Switch em 10 de agosto Foto: Bitten Toast

Para muita gente, os anos 1990 foram o auge dos videogames – especialmente se você passou tardes e tardes gastando o polegar no sofá ao lado de um amigo em jogos multiplayer, entre copos de Toddy e sessões de desenhos animados do Pica-Pau. Quando essa geração chegou à idade de produzir seus próprios jogos, uma onda de games com uma pegada “multiplayer de sofá” começou a surgir, especialmente no cenário indie. São jogos como TowerFall Ascension, Castle Crashers, Overcooked e Rocket League – e um grupo ao que o novo Rocket Fist, primeiro game brasileiro a ser lançado para o Nintendo Switch, tem a honra de pertencer. 

A ligação não é à toa: ao chegar ao mercado em março, o Switch mostrou que queria ir além de gráficos e jogos exclusivos para disputar seu espaço no coração dos gamers. Com seus controles que podem “ser divididos” ao meio, o novo console da Nintendo é praticamente um convite para voltar aos velhos tempos do sofá. E Rocket Fist, feito pela Bitten Toast (de Daniel SND) e com trilha de Thiago Adamo, se encaixa bem na proposta. Não é um jogo longo, nem caro, mas que cumpre o que promete e vale o quanto pesa. (Na Nintendo eShop, o jogo custa US$ 10 (cerca de R$ 35). 

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A história por trás do game é bem simples: um robô é tido como defeituoso no meio de uma linha de montagem, e acaba sendo descartado por ter um “vírus”. No meio de um “lixão” (por falta de palavra melhor), ele tem de lutar para sobreviver – e para isso, pode arremessar seu punho nos inimigos, tal como um foguete (daí o nome do jogo). É como um jogo de queimada, só que cyberpunk. Com essa explicação simples, Rocket Fist se abre para dois modos de jogo diferentes – a campanha e as batalhas locais. 

A campanha, feito para ser jogado sozinho, é bom para quem quer aprender a jogar, se envolver com a história e melhorar suas habilidades. São seis níveis diferentes, cada um com cinco ou seis fases e um “chefão” no final. A cada nível, novos inimigos surgem (aranhas que se dividem em duas, robôs-bomba que explodem quando você passa perto deles), aumentando a complexidade da brincadeira. É fácil gastar quatro ou cinco horas tentando zerar o desafio. (Cuidado especialmente com as bombas do setor 4, que podem ser bastante irritantes). 

Até quatro jogadores podem se enfrentar nas arenas de Rocket Fist Foto: Bitten Toast

Mas é nas partidas multiplayer locais que Rocket Fist mostra a que veio: para testar, arregimentei minha irmã e dois “bots” do jogo. Se o problema de ter mais de um controle para dois amigos jogarem juntos é um problema no PlayStation 4 e no Xbox One, aqui não é o caso. 

Se você tiver mais de um Joy-Con, pode ser capaz de animar uma pequena festa de família. Rocket Fist tem dois modos diferentes para vários jogadores. No sobrevivência, vence quem morrer menos. No mata mata, vence quem conseguir matar mais os adversários – em cada um, é possível montar diferentes estratégias para ser bem sucedido. Nos dois casos, as partidas rápidas e a jogabilidade simples, mas envolvente, podem ajudar até mesmo quem não está acostumado a apertar botões num joystick (ou não faz isso desde o Atari) a se divertir de forma rápida. 

Jogo resgata a pegada de 'multiplayer de sofá' dos games dos anos 1980 e 1990 Foto: Bitten Toast

Há pequenos detalhes que fazem o game ainda mais interessante: o visual das fases é simpático, e sua natureza procedural (que dispõe elementos de forma aleatória no mapa, com ajuda de algoritmos) fazem com que o jogador tenha de repensar suas estratégias de vez em quando. Ao contrário de outros games do gênero “sofá”, a inteligência artificial tem um desempenho interessante e pode propor desafios honestos aos “humanos”. Outro destaque é a trilha sonora de Thiago Adamo – com sintetizadores e variedade, ela sai do padrão repetitivo que se pode esperar de um game indie de baixo orçamento. 

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Vale a pena? Vale. Pelo preço, pelo pioneirismo e pela diversão envolvida, Rocket Fist é uma ótima pedida para quem acabou de comprar um Switch. O modo campanha é honesto, e as partidas de sofá podem animar festas ou te fazer gastar horas xingando seu melhor amigo por um “punho foguete” atrevido. É claro que, por um game de seu tamanho, ele pode acabar se tornando repetitivo para alguns depois de uma ou duas dezenas de horas de jogo. É algo compreensível. Mas, especialmente, é ótimo ver um jogo brasileiro saindo logo nos primeiros meses de um videogame da Nintendo – algo que poderia parecer digno de um “barato de cafeína” ou “sonho de criança” para quem esteve nos sofás dos anos 1990. 

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