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Nova versão do Mega Drive é bonitinha, mas ordinária

Com 22 jogos na memória, versão do videogame apela à nostalgia para encontrar o bolso dos jogadores; baixa qualidade de vídeo e seleção medíocre de jogos afetam experiência

Por Bruno Capelas
Atualização:
Fidelidade ao visual do Mega Drive é um dos destaques da reedição Foto: Alex Silva/Estadão

Um dos principais videogames da história, o Mega Drive marcou época nos anos 1990 – além de ser a primeira grande alternativa aos consoles da Nintendo, o aparelho da Sega nos brindou com jogos como Sonic, Mortal Kombat, Streets of Rage, Road Rash e Phantasy Star, só para ficar em alguns (grandes) exemplos. Além disso, foi o primeiro videogame de muitos brasileiros, graças à parceria entre a TecToy e a companhia japonesa. Não à toa, quando a Tectoy anunciou que relançaria o videogame no mercado brasileiro em uma versão “moderna”, os olhos de muita gente brilharam. No entanto, nem tudo que reluz é anel do Sonic. 

Vendida no mercado brasileiro por R$ 500, a nova versão do Mega Drive contempla 22 jogos na memória, um controle e um cabo de vídeo RCA. Aí começa o primeiro problema: ok, é a tecnologia que estava disponível nos anos 1990, mas seria possível trazer um tratamento de vídeo e áudio melhor para os jogos – e não simplesmente embalá-los em uma caixinha bonita. (Foi o que fez a Nintendo, no ano passado, ao relançar o NES, que contém HDMI). Ao tirar da o videogame da caixa (estilosa, vale dizer), a sensação é de uma volta ao passado: exposto no rack ou na estante, perto da TV, a impressão é de que, de fato, os anos 1990 voltaram. (Isso para não falar que muitas TVs mais recentes não têm mais entradas RCA/vídeo componente ou não são compatíveis com as configurações do Mega Drive). 

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Depois de devidamente plugado na tomada, é uma satisfação ligar o botão físico do Mega Drive. A sensação, no entanto, é substituída por um momento de hesitação: afinal, o que são essas pastas “ROM 1” e “ROM 2” que o videogame me pede para escolher, logo na tela inicial? Basicamente, são nelas que estão os 22 jogos. Não é um problema de funcionamento, mas sim de apresentação: deixando de lado os aspectos legais, o lado divertido de comprar uma reedição de um videogame antigo é saber que ele é melhor que um emulador cheio de ROMs piratas, como os que são vendidos no centro de São Paulo a preços módicos.

A seleção de jogos é peculiar: há aqui nomes que fizeram a história da SEGA, como Alex Kidd, Golden Axe e, claro, o ouriço azul Sonic. No entanto, parece pouco: o único Sonic presente é o terceiro jogo, de 1994 – o mais fraco dos três jogos iniciais do personagem. Outros títulos feitos pela própria SEGA, como Ecco the Dolphin ou Streets of Rage, por exemplo, não estão presentes – isso para não falar em títulos de desenvolvedoras externas, como Mortal Kombat ou Road Rash. 

A presença de Sonic 3 é um dos destaques da reedição; ausência de jogos anteriores é ponto fraco Foto: Bruno Capelas/Estadão

No exterior, versões “retrô” do Mega Drive, ainda que sem o cuidado de ter o design original do videogame, costumam trazer boa parte desses títulos, e muitas outras opções. No que tange aos 22 jogos presentes, há boas lembranças. Os dois Golden Axe, bem como Comix Zone, Shinobi III ou Altered Beast, por exemplo, podem garantir boas horas de diversão na frente do videogame. Já outros, como Columns, Flicky ou Crystal’s Pony Tale, parecem estar presentes apenas para fazer número. 

Outro ponto em que a edição deixa a desejar são os controles: enquanto edições retrô do Mega Drive lá fora trazem dois joysticks, a brasileira tem apenas um. É uma pena, pois deixa de lado o famoso “multiplayer de sofá”, uma das experiências mais divertidas de uma época em que não havia jogos online – e era possível derrotar o outro jogador na base não só da habilidade, mas também de cócegas.

Vale a pena? O novo Mega Drive traz uma experiência divertida se você tem alguns cascalhos sobrando no bolso – no fim das contas, ele é bonitinho (especialmente pelo cuidado da TecToy de reprisar ao máximo os detalhes do design original), mas ordinário. Pelo mesmo valor, é possível encontrar na internet Mega Drives lançados nos anos 1990 e fazer uma boa coleção de cartuchos, com os jogos que o usuário preferir. A ideia de voltar ao passado dos videogames é boa (especialmente por oferecer uma alternativa legal a quem conheceu muitos desses jogos via emuladores piratas), mas um pouco mais de carinho no tratamento de vídeos e imagens, no licenciamento e na apresentação dos jogos não faria mal a ninguém. Game over.

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Mega DriveDistribuição: TecToyPreço: R$ 499Já à venda no Brasil

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