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A arte do acordo vale mais que a ciência dos dados?

O braço de capital de risco do Google criou uma nova fórmula para fechar negócios que coloca a intuição em segundo plano

Por Redação Link
Atualização:

O braço de capital de risco do Google criou uma nova fórmula para fechar negócios que coloca a intuição em segundo plano

 

Claire Cain Miller The New York Times

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SÃO PAULO – Anteriormente, o jogo com capital de risco funcionava da seguinte maneira: Um sujeito falava com um amigo que conhecia outro sujeito. Marcava-se uma reunião, tomava-se vinho, sugeria-se um plano de negócios. Qualquer um. E como seria?

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É evidente que não é assim que o Google, a apoteose da nossa economia impulsionada por dados, pretende abordar as empresas de risco que têm intenção de investir no próximo Google. Ao contrário dos capitalistas de risco de alguns tempos atrás, o braço emergente de capital de risco da companhia está preocupado não com a arte do acordo, mas com a ciência do negócio. Em primeiro lugar, os dados são corrigidos e analisados. Só então o dinheiro começa a entrar.

A Google Ventures, que atua na área de investimentos, representa uma nova fórmula de negócios com capital de risco, mas, segundo os céticos, nunca assimilará a química – ou talvez a mágica – do Vale do Silício.

Fundada em 2009, a Google Ventures, como todos os fundos de investimento, não revela seus retornos. Mas seus parceiros podem contar numa mão o número de seus 170 investimentos que fracassaram. Seus sucessos incluem empresas que abriram o capital, como a HomeAway de aluguel de casas para férias, e a Silver Spring Networks de software de rede inteligente.

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São poucos os que negam que a análise dos dados está se tornando cada vez mais importante. Mas alguns insistem que os velhos elementos intangíveis, como instinto e sorte, ainda são extremamente importantes. “A parte referente à intuição é o fator fundamental. E mesmo com tudo isto, um pouco de sorte ajuda bastante”, diz Matt McIlwain, diretor-gerente do Madrona Venture Group, que investiu em empresas como Amazon.com.

A Google Ventures foi a primeira grande companhia a se basear de modo consistente em dados. Desde então, fundos famosos como Sequoia Capital seguiram o seu exemplo.

Muitos investidores concordam que alguma coisa precisa mudar. No setor de tecnologia, em que os engenheiros acreditam que é possível solucionar qualquer problema por meio de dados, a solução parecia óbvia.

“Se você não consegue medi-la e quantificá-la, como poderá esperar encontrar uma solução?” diz Bill Maris, parceiro gerente da Google Ventures. “Temos acesso aos maiores conjuntos de dados do mundo que se possa imaginar, nossa infraestrutura de nuvem é a maior de todas. Seria loucura fazer investimentos temerários”.

Segredo. A Google Ventures administra US$ 1,5 bilhão – uma ninharia no universo do Google, que faturou US$ 50 bilhões no ano passado. Ela emprega sete pessoas que reúnem os dados, os analisam e apresentam os resultados aos investidores.

O Google não quis revelar o seu segredo – os algoritmos que ele usa para analisar os dados. Mas aprendeu algumas lições.

Um empreendedor que começou uma companhia de sucesso, muito provavelmente voltará a fazê-lo, concluiu a Google Ventures, e as startups sediadas em centros de tecnologia como a San Francisco Bay Area muito provavelmente serão bem-sucedidas.

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Mas, segundo Graham Spencer, um parceiro da Google Ventures, o segredo está em compreender quais são os elementos mais importantes, em vez de insistir em regras.

Os algoritmos do Google mostraram que, por exemplo, embora a localização seja importante, o sucesso passado é muito mais. Entretanto, investir somente em empreendedores experimentados implicaria em não reconhecer o valor de um Mark Zuckerberg.

“Acho que não há um único fator que determine o sucesso do empreendedor”, diz Spencer. Por isso, ele afirma que a intuição e a química são fundamentais, e podem até ser mais importantes do que os dados.

/ TRADUÇÃO ANNA CAPOVILLA 

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