A dificuldade para me livrar dos serviços do Google

Projeto quer criar técnicas para impedir a empresa de se apoderar de suas informações

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Por Redação Link
Atualização:

Projeto quer criar técnicas para impedir a empresa de se apoderar de suas informações

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Anahouac de Paula Gil

Há algumas semanas eu estava trabalhando no lançamento da minha empresa. Um dos devaneios comuns da equipe foi a ideia de um projeto livre que se chamaria unGoogleMe. O objetivo, como o nome menciona, é criar técnicas para não permitir que o Google se apodere das suas informações. Trocando em miúdos: proteger sua privacidade.

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Faz muito tempo que amigos, familiares e até inimigos me cobram por eu não ter uma conta no Facebook. A verdade é que a rede social sempre me pareceu uma versão mais feia do Orkut. Mas decidi dar uma olhada nela e, para isso, precisei ler os termos de uso do site.

Eles são tão ferinos ou mais do que a licença de todas as demais redes sociais: todos os recursos podem ser usados de graça, mas você autoriza o Facebook a monitorar sua vida e comercializar seus costumes. Nada de diferente do Twitter, Gmail, Orkut e qualquer outro.

Depois de alguns dias pensando sobre o termo unGoogleMe percebi que eu tinha muito mais coisas conectadas ao Gmail do que eu gostaria. De alguma forma havia cedido aos encantos do Google e tinha me deixado dominar completamente.

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Apesar de ter um e-mail próprio, domínio próprio e servidor próprio, terminei me enredando completamente na teia do Google: TAM, Gol, Itaú, Credicard, Endomondo, Mercado Livre, Paypal, Linkedin, Serverloft e Dreamhost são alguns exemplos de serviços básicos para os quais eu usava meu e-mail do Gmail para manter contato. Isso sem falar dos documentos de trabalho no Google Docs e do celular e do tablet que usam Android. Eu, definitivamente, estava tendo minha vida monitorada pelo Google.

Então decidi começar, por conta própria, a minha “desgooglização”. Nos serviços em que eu tinha cadastrado meu endereço de e-mail do Gmail, o substituí pelo meu endereço pessoal ou seja, o do meu domínio próprio). Além disso, importei todas as mensagens e pastas do Gmail para a minha conta pessoal e as excluí.

Mas esse é um procedimento lento e gradativo – um trabalho em desenvolvimento e portanto com sérios problemas até agora desconhecidos e que parecem insolúveis. Por exemplo: como lidar com o Android? Se eu desconectar da conta do Gmail os aparelhos ainda funcionam da mesma maneira? Como instalar os aplicativos? Qual é a verdadeira alternativa ao Google Docs? E a sincronização de contatos como Android? Esses impasses serão resolvidos aos poucos. Mas, a partir de agora, não quero mais vender minha intimidade, minha privacidade e meus hábitos na web para ninguém. Muito menos em troca de um conjunto bonito de aplicativos.

Será que você não está se vendendo por pouco? Eu estava.

*É consultor de tecnologias livres e diretor da empresa Software Público com br

—-Leia mais:• Link no papel – 11/02/2013

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