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A história da arte (pirateada)

Livro clássico de arte é recriado na base da colaboração: o conteúdo é coletivo e a publicação, viabilizada por crowdfunding

Por Tatiana Mello Dias
Atualização:

Livro clássico de arte é recriado na base da colaboração: o conteúdo é coletivo e a publicação, viabilizada por crowdfunding

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A amiga era a artista americana Lynn Harris, radicada em Londres e dona da editora And Publishing. Ela chamou Bia para participar do Piracy Project, projeto que tem o objetivo de criar, em Londres, uma biblioteca de livros de arte pirateados.

Mais do que apenas piratear, o projeto quer discutir métodos criativos de reprodução e a filosofia e a prática por trás da pirataria de livros.

“Piratear da maneira como esse projeto propõe vira um conceito, uma discussão sobre quem é dono de que, sobre apego”, avalia Bia. Só que o livro que a artista escolheu para refazer não é dos mais simples – o clássico do ensino de história da arte tem 688 páginas. “Eu não ia conseguir fazer sozinha nunca.” Acostumada a lidar com produção colaborativa – ela trabalhou até o ano passado no programa Fiz, da MTV, que transmitia vídeos enviados pelos telespectadores –, Bia convidou artistas conhecidos e abriu uma chamada para receber claborações no site IdeaFixa. No chamado, ela explicou o projeto: “funzinear” o clássico de história da arte.

O único critério era que sua reprodutibilidade continuasse possível – valia mandar textos, fotos, arte, vídeo, qualquer coisa, desde que fosse possível executar uma cópia.

Foi tanto material que ela percebeu que, se não editasse um livro, seria um desperdício. Mas aí houve outro problema: e o dinheiro? Se a produção foi feita com base no crowdsourcing, porque não apelar também para uma maneira colaborativa de financiamento?

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Bia conheceu o Movere.me, plataforma de crowdfunding, que abraçou o projeto. Ela pediu R$ 3,5 mil para viabilizar a edição de 100 cópias numeradas do livro. “Achei fantástico descentralizar cotas de patrocínio para a pessoa física. Achei esse um dos mais independentes processos de viabilização possivel.” Deu certo. Ela conseguiu até mais do que o previsto (R$ 3,9 mil foram doados por 43 pessoas).

O livro saiu e, além da edição impressa (que vem com CD encartado para as obras multimídia), há uma versão online “para ver” e outra “para roubar”, em forma de download no MediaFire.

Final feliz. Todo o trabalho foi feito em apenas três meses. No fim do processo, além da recriação, o livro História da Arte Pirata rendeu algo mais para Bia. De tanto depenar o História da Arte, ela mudou de opinião sobre o livro careta de Gombrich. Acabou se apaixonando por ele.

—- Leia mais:Link no papel – 15/08/2011

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